Em novo relatório
gratuito, casa de análises revela os chamados fundos "pseudoativos"
A Capital Research, primeira casa de análises 100%
gratuita do Brasil, lançou recentemente um relatório
que analisa fundos com gestão ativa, ou seja, fundos em que o gestor
responsável possui mandato discricionário e que têm como principal objetivo
superar um benckmark; na busca por identificar fundos pseudoativos (closet
indexers) que, segundo a casa, cobram como se fossem ativos, mas na
verdade não são.
Segundo o especialista em Fundos de Investimento da
Capital Research, Rafael Amaral, que assina o relatório, a conclusão foi
alarmante: “os fundos são considerados a porta de entrada para o mundo dos
investimentos, já que muitos investidores aceitam pagar uma taxa para delegar
ao gestor do fundo a responsabilidade de escolher em quais ativos ele irá
investir. No entanto, existem fundos ruins que se aproveitam desse desejo de
comodidade do investidor para cobrar taxas abusivas e entregar retornos ruins”.
No relatório, Amaral analisou 274 fundos e
classificou cada um deles seguindo dois indicadores. O primeiro foi o tracking
error (TE): “o tracking error mensura o desvio padrão
anualizado entre o retorno do fundo e o seu benchmark, ou seja, basicamente ele olha
quanto o retorno do fundo desvia em relação ao retorno do índice de referência
do fundo. Um tracking error baixo indica que o portfólio segue de
perto a performance de seu benchmark, enquanto um alto indica o
inverso”, explica Amaral. O segundo indicador utilizado pelo especialista foi o
R2, que segundo Amaral, “representa a porcentagem de desempenho do
fundo, que pode ser explicada pela mudança de desempenho do índice de
referência. Em outras palavras, o R² mostra quanto a variação do Ibovespa, por
exemplo, explica a performance do fundo que se compara a ele, ou seja, quanto
maior for o R2, maior a correlação entre o desempenho do fundo e o
seu benchmark.”
Conclusões da análise
A partir do R² e TE, o analista de investimentos da
Capital Research identificou uma quantidade relevante de fundos que entregavam
baixa performance. “Uma combinação do TE menor do que 5 e com o R2 maior
que 0.95 nos dá uma boa indicação de possíveis fundos pseudoativos. E
descobrimos que 44 fundos analisados, ou seja, mais de 15%, se enquadravam
nesses critérios, isto é, cobram taxas de fundos ativos, mas entregam uma
performance abaixo ou muito semelhante ao benchmark”, alerta Amaral.
Uma vez identificados os fundos pseudoativos, o
analista classificou os fundos de acordo com suas respectivas taxas de
administração e resultados comparados ao Ibovespa, considerando o período entre
junho de 2016 e junho de 2020. Para Rafael, nessa segunda análise, o que ficou
evidente foi a importância de saber fazer escolhas conscientes e assertivas.
“Os fundos com baixa performance são justamente aqueles que concentram a maior
parte dos cotistas e do dinheiro. Ao todo, temos mais de 3,2 milhões de
investidores e R$ 4,3 bilhões investidos em fundos que prometem - e cobram -
por uma gestão ativa, com a promessa de entregar uma performance melhor do que
o Ibovespa o que, na prática, não ocorre. Por isso, é importante saber escolher
muito bem os ativos nos quais você investe, afinal, existe muito produto
financeiro ruim sendo oferecido por aí", conclui Rafael Amaral, em seu
relatório.
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