Há 15 anos, o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência foi oficialmente decretado. Mas esta batalha começou muito antes, temos uma exclusão histórica das pessoas com deficiência, que ficaram a margem da sociedade por um longo período, muitas famílias os privaram do convívio social na tentativa de protegê-los ou até mesmo por se envergonharem das diferenças, do que os outros pensariam. Muito mais do que isso, por não terem informação, educação e inclusão desde pequenos sobre o tema, então achavam que era o melhor a fazer. Veja bem, não existem culpados, existe desinformação e despreparo. Porém, sabemos que essas atitudes reforçaram o distanciamento e, talvez por isso, até hoje existem pessoas que não entendem o porquê deste público ser incluso em todos os espaços.
Mas, se compararmos os dias atuais com o ano em
que a data se tornou oficial, podemos identificar grandes avanços e conquistas
de direitos para as pessoas com deficiência, como por exemplo, a discussão e
posteriormente instituição da Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146, de 6
de julho de 2015) que trata amplamente dos direitos da pessoa com deficiência.
No entanto, ainda precisa de uma divulgação massiva, pois ainda hoje existe uma
grande confusão, já que essa lei não se trata de um resumo das legislações
sobre o tema, mas sim de um complemento a outras legislações vigentes embora
algumas resoluções ainda se fazem necessárias, este foi um marco muito
importante nessa luta.
As ações afirmativas, como o artigo 93 da Lei nº
8.213/91 conhecida como Lei de Cotas, contribui para encontrarmos pessoas com
deficiência no mercado de trabalho. Com o passar dos anos e o aumento da
fiscalização, cada vez mais as pessoas com deficiência vão encontrando mais
oportunidades de trabalho, o que garante a convivência, contribui
significativamente para a conscientização da sociedade e para que as pessoas
com deficiência demonstrem suas capacidades e sua competência.
Nesse setor, os desafios na inclusão ainda são
grandes tendo em vista que as pessoas precisam ser avaliadas por suas
competências, pelo que elas conseguem fazer independente de sua deficiência.
Nossa proposta é que possamos aproveitar este dia
para refletir sobre esse processo e pensar no porquê das pessoas com
deficiência não participam ativamente de qualquer ambiente, profissão ou
escola? Por que ela ou sua família precisam ter escolhas restritas? Por que as
escolas devem ser especiais? Por que as vagas de trabalho devem ser exclusivas?
Por que só algumas áreas de lazer devem ser acessíveis? Será que só as pessoas
com deficiência usam rampas? Por que não podem escolher as roupas que gostam?
Por que elas só podem ter acesso a algumas informações? Só as pessoas que usam
cadeiras de rodas precisam de espaços mais amplos?
Após essa breve reflexão, precisamos mudar o
olhar e pensar em espaços inclusivos, realizando um planejamento arquitetônico,
comunicacional e atitudinal que contemplem todas as pessoas independentes de
suas características e assim poderemos dizer que temos a verdadeira inclusão da
pessoa com deficiência na sociedade. Enquanto isso não acontece as ações
afirmativas são fundamentais, elas não existem para privilegiar ninguém, muito
pelo contrário, essas ações surgem para diminuir o distanciamento entre todos,
equiparando e corrigindo prejuízos históricos que a exclusão social permitiu
acontecer por diversos anos. Por fim, ressaltamos a importância de espaços
acessíveis para que todos tenham o mesmo direito de escolha considerando toda a
complexidade do ser humano, seus gostos pessoais, conhecimentos e competências.
E por falar com competências, o lado profissional
é um assunto muito interessante, afinal, as pessoas, independentemente de sua
condição física ou mental, deveriam ser selecionadas e contratadas por sua
bagagem, sua experiência pessoal e profissional. Muitas empresas já têm suas
vagas de trabalho para todos, pessoas com e sem deficiência, afinal se uma
pessoa com deficiência tem os pré-requisitos técnicos para a vaga, por que não
se candidatar e participar do processo seletivo?
Sabemos que este é ainda um caminho longo e lento
a ser percorrido, mas se cada um de nós mudarmos o nosso olhar para esta
questão e conseguirmos mostrar isso para pelo menos mais uma pessoa, faremos a
nossa parte para um dia termos em vigor, de forma mais naturalm a verdadeira
inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.
Cristiane Lico Pieroni -
Analista de RH e responsável pelo Projeto Mackenzie de Inclusão do Instituto
Presbiteriano Mackenzie
Tiara Rabaglio Peres - Coordenadora Interina e Consultora Interna de Gestão por
Competências do Instituto Presbiteriano Mackenzie.
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