Alguns países já apresentaram demonstrações de
retorno às aulas presenciais. Contudo, a decisão do retorno leva em
consideração diversas questões, muito além do contexto educacional, incluindo
até mesmo o encargo por uma nova onda de contágio do Covid-19. Em todo o mundo
(e também no Brasil), a crise sanitária é latente. Vários são os esforços de
algumas autoridades políticas, educacionais e de saúde para buscar meios de
enfrentamento ao novo vírus.
O retorno às aulas presenciais, portanto, deverá
observar, além dos bons exemplos externos, especialmente as normas dos
respectivos sistemas de ensino, ou seja, estados e municípios deverão decidir
as regras para o cumprimento da jornada escolar, que deverão ser seguidos em
âmbito público e privado, além de protocolos sanitários rigorosos. Esse retorno
deve estar em consonância com o processo de distanciamento social, em harmonia
com as orientações da OMS e do Ministério da Saúde.
No âmbito educacional, o parecer aprovado pelo
Conselho Nacional de Educação não estabelece datas para a volta às aulas
presenciais, mas recomenda que o retorno aconteça de maneira gradual, além de
nada alterar ao que rege a Medida Provisória que exige cumprimento das 800
horas, ainda que haja discussões em âmbito federal, principalmente em relação ao
ensino infantil. E, para isso, o MEC possibilitou ampliar os horários habituais
de aulas, realizar atividades no contraturno, ter sábados letivos, usar de
períodos de recesso e/ou férias na tentativa de esgotar todos os esforços para
cumprir a carga horária.
Desde o início do isolamento, muitas ações têm sido
conduzidas para que alunos não se prejudiquem academicamente. Os professores
têm usado de aulas síncronas a mensagens por aplicativo para engajá-los. E se
há ainda algum mais resistente, padecerá em saber: essa atividade não se finda
com a volta presencial. O período de retorno permanece incerto, mas há um
consenso - a volta será feita de forma escalonada em um modelo híbrido, com
aulas presenciais e remotas de forma simultânea. No novo modelo, as aulas
presenciais deverão ser feitas em dias alternados, com escalas.
O modelo híbrido entre aulas presenciais e remotas
encontra (desde sempre) obstáculos de execução, mais evidentes entre os alunos
mais novos e também com relação à realidade de exclusão digital que muitos se
encontram. Ainda, surge como possibilidade eficaz, estabelecer a volta às aulas
presenciais por faixa etária – os alunos mais velhos voltariam às escolas
antes, e as crianças menores que, quando contraem o novo coronavírus, costumam
ser assintomáticas, sendo um risco maior de disseminação do vírus, regressariam
mais tarde.
O retorno envolve um rígido protocolo de saúde e
higiene com a desinfecção de escolas, aferição de temperatura, uso de máscaras,
lavagem de mãos e instalação de torneiras. Além disso, os professores do grupo
de risco devem manter-se afastados em um primeiro momento; há que se ter maior
espaçamento entre as carteiras dos estudantes; os espaços ao ar livre devem ser
aproveitados para as atividades pedagógicas; horários de entrada, saída e
recreio devem ser diferentes e espaçados para evitar aglomeração; entre outras
tantas providências. Fato é que, dada a complexidade das medidas a serem
adotadas, é muito importante que os envolvidos se atentem a esses pontos e
comecem, desde já, a planejar o retorno às aulas, de modo a conferir
tranquilidade e segurança à comunidade escolar.
Milena Kendrick Fiuza -
gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino
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