Pesquisar no Blog

terça-feira, 16 de junho de 2020

A vida imita a arte: o que Anne de Green Gables e Pollyanna podem nos ensinar sobre resiliência e gestão das emoções?



O cinema, a literatura, o teatro e mesmo músicas são grandes fontes de histórias que podem servir de inspiração ou mesmo nos ajudar na nossa motivação pessoal. Algumas dessas histórias chamam a nossa atenção por serem biografias ou eventos reais que revelam momentos de crise e superação pessoal tão emocionantes que é quase inevitável tirarmos alguma lição de vida delas.

Porém, também é possível fazer algumas boas ponderações sobre obras ficcionais, que de tão instigantes e, por vezes, semelhantes à realidade, bem que poderiam mesmo ser relatos da vida real.

Hoje quero falar de duas histórias que não são reais, mas que captaram a minha atenção e me fizeram pensar no poder da resiliência e na importância de se gerenciar as emoções. Dois romances escritos no início do século XX que são fonte de grande sabedoria, embora muitas vezes sejam consideradas conteúdo infanto juvenil. Trata-se da história de Pollyanna (livro de Eleonor Poter) e Anne de Green Gables (romance escrito por Lucy Maud Montgomery).

Eu tive a feliz oportunidade de conhecer Pollyanna quando eu era adolescente. E tenho que dizer que essa criança órfã e com uma vida muito conturbada mexeu com minhas emoções na época e também me fez utilizar o “jogo do contente” algumas vezes. Filha de missionários pobres, mas muito afetivos, Pollyanna perde seu pai aos 11 anos de idade (ela já não tinha mais sua mãe também), tendo que ir morar com a austera tia, que não conhecia, numa cidade e casa novas. Cheia de expectativas boas sobre sua nova fase de vida, a menina vive grandes confrontos e choques de realidade, principalmente por conta da personalidade difícil de sua tia. Contudo, Pollyanna tem uma resiliência impressionante, dando a volta por cima e pensando sempre em possibilidades para mudar os desagrados da vida. Aplica constantemente o “jogo do contente”, aprendido com seu pai (um homem de muita fé) e que consiste em tentar encontrar algo de bom em tudo que acontece na vida, mesmo nos infortúnios. Desse modo, tentando encontrar soluções para seus problemas e tentando ficar contente (o que eu traduziria por não ficar abalada e numa postura derrotista), Pollyanna adquire muito amigos, muda a vida de pessoas e encontra apoio quando vive uma grande desventura. O “jogo do contente” salvou Pollyanna inúmeras vezes, e pode salvar você também.

Vamos deixar Pollyanna de lado por alguns instantes e falar então de Anne de Green Gables, ou Anne de cabelos ruivos. Essa outra personagem, também órfã de pai e mãe, passa por uma experiência talvez um pouco mais severa que a personagem descrita anteriormente. Diferentemente de Pollyanna, Anne não chega a conhecer e conviver com os pais verdadeiros que morrem quando ela ainda era um bebê de poucos meses. Por isso, Anne precisou viver pulando da casa em casa, de orfanato em orfanato, vivendo de favores ingratos e trabalhando muito para poder continuar tendo um teto e comida para viver. Sofreu bullings significativos por ter cabelos vermelhos como o fogo e toda essa história de vida a tornou insegura de si mesma, de sua beleza e de suas qualidades pessoais. No entanto, o ponto de aproximação com Pollyanna é a capacidade de Anne de encontrar a beleza onde ela não existe, ou onde ninguém mais valoriza.

Tanto Anne quanto Pollyanna, crianças com sofrimentos que não deveriam ter vivido, são arquétipos daquilo que pode acontecer na existência humana. Suas trajetórias nos mostram que na vida, alguma tantas vezes sofremos adversidades. No entanto, o que percebo através destas heroínas é que viver é a arte de gerenciar os pensamentos e as emoções.

Olhar para as circunstâncias e tentar encontrar o “the brightside” das coisas, ou o lado positivo (mesmo que seja apenas uma grande lição aprendida), ou simplesmente olhar as bençãos diárias e exercer a gratidão, tem efeito muito benéficos para o nosso cérebro. Estudos de grandes universidades americanas e em outros países já nos revelam os resultados positivos do exercício da fé e da esperança para nossa mente.

Para se ter resiliência, antes de tudo, é preciso ter fé e esperança. Uma pessoa que vence desafios, como Pollyanna e Anne de Green Gables, é alguém dotado da capacidade de ressignificar a existência, procurando dar um novo sentido, uma nova solução ou apenas tirando – com alegria verdadeira – algum aprendizado por algo vivido. A resiliência é fundamental para a superação dos obstáculos da vida. E ser capaz de superar adversidades é uma qualidade inerente de pessoas emocionalmente inteligentes e administradoras de si.

Sendo assim, que tal começar a jogar o “jogo do contente” (com mais maturidade que Pollyanna é claro)? Ou, simplesmente, ver o belo e o positivo nas coisas que te cercam, assim como Anne, ao invés de banalizar seu lindo jardim, sua grama verdinha ou a lua que dá espetáculos mensais de beleza? Se você quiser ver diferença real em sua vida e em sua emoções, acredito que pode começar por aí. Conte comigo sempre!





Silvia Queiroz - Psicóloga Clínica, Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, Mestre em Teologia, Coach e Analista DISC pela SLAC, Escritora, Palestrante e Membro Toastmasters Internacional. www.silviaqueiroz.com.br 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados