Brasil é colocado em perspectiva no evento
FOUR SUMMIT, que discute problemas do país e possíveis melhorias
por
Marcelo Brandão
Questões
fundamentais para a compreensão e evolução do país foram debatidas por Jorge
Caldeira, escritor e doutor em Ciência Política, e Sergio Fausto,
superintendente da fundação FHC, no painel “Contexto Brasil: do Passado ao
Futuro”, durante o primeiro dia do FOUR SUMMIT, que acontece em São
Paulo nos dias 7 e 8 de junho.
Segundo
Fausto, vivemos uma crise secular que não se explica por ideologia. “Os
problemas brasileiros não estão relacionados com uma questão ideológica. Temos
que entender que o Brasil se isolou, novamente, e não se encaixa numa economia
globalizada”, avaliou.
Para
o superintendente da fundação FHC, as lideranças deveriam pensar em crescimento
por meio de uma “economia limpa e geradora de valor”, por exemplo. “A Era do
Petróleo está acabando. Grandes montadoras já estão se unindo na busca por
automóveis elétricos em grande escala. Toda economia do futuro será montada nos
conceitos e modo de pensar em baixo carbono”, apontou.
Para
os especialistas, o potencial do Brasil nesse novo mundo é gigantesco. No
entanto, seguimos amarrados a interesses de classes e políticas elitistas que
não contribuem para a real evolução do país no longo prazo.
“É
como se a elite brasileira, política e empresarial, colocasse uma venda nos olhos
e não se ajustassem aos ventos do novo mundo”, frisou Sergio Fausto. “Esse
atraso vai nos custar caro no futuro”, reforçou.
Desigualdade
contra crescimento
Para
Jorge Caldeira, a desigualdade ainda é “um traço” da sociedade brasileira, que
faz com que o Brasil não concilie diferenças e crescimento. Segundo Fausto, o
Estado brasileiro consome boa parte do PIB, e isso só aprofunda essa
desigualdade. “Ele é inoperante e disfuncional na distribuição de renda e
estamos no limite”, avalia o historiador.
Fausto
vê esse cenário dramático ligado a desigualdades estaduais profundas. “Não se
deve fazer o que se faz hoje no Rio de Janeiro, mas, devemos sim, fazer o que
se está fazendo no Espírito Santo, por exemplo”, lembrou.
Sobre
projeções, todos os especialistas reforçaram o valor da “economia de baixo
carbono” como um potencial enorme para o futuro do Brasil. Nesse contexto,
Fausto provoca: “Nossos catadores de materiais recicláveis estão prontos para o
futuro, já o burocrata brasileiro não”.
Soluções
para problemas nacionais
Examinar
as principais áreas estratégicas do Brasil na busca por ideias e soluções
inovadoras e escaláveis, que possam contribuir para a transformação do país.
Este é o mote principal do primeiro FOUR SUMMIT. Realizado pelo
Instituto Four, responsável pelo ProLíder, o maior programa de formação de
lideranças jovens do Brasil, o fórum reúne em dois dias 70 palestrantes
nacionais e internacionais, dos mais variados setores.
Na
abertura, Wellington Vitorino, à frente do instituto e do ProLíder, exaltou a
importância e a necessidade de eventos como esse para o país. “O Brasil precisa
ter uma voz muita mais ativa e relevante em questões fundamentais como
educação, inovação e política. Este é nosso objetivo aqui: discutir o Brasil de
dentro do próprio país com pessoas relevantes”.
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