Um projeto arquitetônico torna-se único por seus
detalhes. Um revestimento diferenciado na parede ou uma criação inovadora na
estrutura são capazes de transformar o design e levar aos clientes algo
personalizado e atrativo.
Segundo a arquiteta Estela Netto, os detalhes de
um projeto se destinarão exclusivamente àquele cliente específico, seja do
ponto de vista funcional ou mesmo estético. “Tudo pode ser destaque na
arquitetura. Paisagismo, um revestimento de parede, uma parte da marcenaria,
alguma cor ou textura específicos. Algo que seja projetado com o conceito de
exclusividade”, afirma.
Nesta loja que vende produtos alimentícios
mineiro, projeto assinado por Estela Netto, a marcenaria tem molduras em
dourado que remete ao ouro de Minas. Um detalhe que fez toda a diferença. Foto:
Daniel Mansur
Para a profissional, o que vai fazer a diferença no projeto, em
relação aos detalhes, é ouvir o cliente, que lhe indicará os seus desejos e, a
partir disso, é possível inserir detalhes que serão personalizados. “Muitas
vezes o cliente não dirá ao arquiteto uma informação importante a respeito do
seu dia a dia, ou da sua personalidade, mas cabe a ele compreender os seus
desejos e propor algo exclusivo para ele, que retrate quem ele é e suas
preferências”, pontua.
De acordo com o arquiteto Afonso Walace, diretor da Dávila
Arquitetura, os detalhes estão dentro de um todo, pois é a somatória deles que
vai gerar o resultado do projeto, seja bom ou mau. “Eles fazem parte de um
conjunto que deve ser harmonioso e se justificar. Há detalhes que podem não ser
visíveis ao público, mas que terão um impacto na percepção que ele terá da
edificação ou do ambiente. Bons detalhes que poderiam causar um ótimo efeito na
fachada ou no interior da edificação podem se perder ou até trazer um efeito
negativo se mal executados”, relata.
Afonso afirma que os detalhes, retirados do seu
contexto, não fazem sentido e não se justificam por si sós. “ Os detalhes que
somam, que fazem a qualidade da arquitetura em geral estão entre os visíveis e
os invisíveis. Muitas vezes é o cuidado com o que ‘não é visto’ que diferencia
uma arquitetura de outra. Como a arquitetura minimalista, por exemplo, que tem
como objetivo o máximo de expressão utilizando o mínimo de recursos. Quando se
erra nestes detalhes, isto em qualquer estilo ou vertente arquitetônica, mas
ainda mais na arquitetura minimalista, isto fica muito evidente para o
observador, comprometendo o julgamento dele sobre a obra”, explica.
Segundo o arquiteto, a Dávila Arquitetura procura
ser sintética nos detalhes, fazendo com que a própria volumetria da edificação
gere detalhes interessantes na arquitetura, ressaltando que o detalhe está nos
olhos de quem vê e cada observador analisa à sua própria maneira.
Um exemplo recente de projeto da Dávila
arquitetura que se faz rico em detalhes é o Concordia Corporate. Além de ser a
torre mais alta de Minas Gerais e uma das mais altas do país, os detalhes são o
que mais destacam na edificação. A torre corporativa cada andar de pavimento
tipo com uma planta diferenciada, que ocorre paulatinamente, de pavimento para
pavimento, revelando um detalhe bastante diferenciado. “Graças a esta
diferenciação entre cada pavimento, cada uma de suas fachadas apresenta um
‘gap’ a princípio inclinado e mais largo, na parte baixa da torre e mais
estreito e vertical na parte alta. Este gap cria um desenho sutil na fachada
que rompe o conceito de monólito do Concordia, inclusive movimentando os planos
das fachadas em torno de seu eixo. É um ótimo exemplo de como uma solução
engenhosa de projeto cria um detalhe instigante na fachada que não tem nada a
ver com rebuscamento, mas com cuidado, com inteligência. Além disso, este
detalhe que pode parecer apenas um capricho visual está longe disso: o gap
gerado na fachada resolve a questão de ventilação e tomada de ar para as
empresas que ocupam o edifício”, explana Afonso.
A fachada do Concordia tem um desenho sutil na
fachada que rompe o conceito de monólito, inclusive movimentando os planos das
fachadas em torno de seu eixo. Um detalhe complexo que chama atenção de quem
circula pela cidade.
Foto: André Nazareth
Outro empreendimento da Dávila, ainda em fase de
projeto para breve lançamento, é um edifício residencial de alto padrão
construído pela Patrimar, no bairro de Lourdes. Neste edifício, os arquitetos
criaram uma movimentação de varandas que mantém os apartamentos com a mesma área,
mas com pavimentos diferenciados entre si. Esta movimentação produz um efeito
plástico enquanto a diferenciação entre os apartamentos confere uma certa
exclusividade para cada um deles. O detalhe define a arquitetura e é definido
por ela. “O importante é que alcançar o detalhe ideal, que se justifique sob
todos os aspectos e pontos de vista, não implica necessariamente em um aumento
de custos, tendo mais a ver com a disposição e persistência do arquiteto na
elaboração de algo diferenciado e na movimentação do empreendedor em construir
algo desta natureza”, encerra Afonso Walace.
Fonte: MÃO DUPLA COMUNICAÇÃO
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