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domingo, 9 de junho de 2019

A riqueza dos detalhes


 Os detalhes dão à arquitetura mais personalidade, proporcionando ao projeto personificação e exclusividade, tanto do ponto de vista funcional quanto estético

Um projeto arquitetônico torna-se único por seus detalhes. Um revestimento diferenciado na parede ou uma criação inovadora na estrutura são capazes de transformar o design e levar aos clientes algo personalizado e atrativo.
Segundo a arquiteta Estela Netto, os detalhes de um projeto se destinarão exclusivamente àquele cliente específico, seja do ponto de vista funcional ou mesmo estético. “Tudo pode ser destaque na arquitetura. Paisagismo, um revestimento de parede, uma parte da marcenaria, alguma cor ou textura específicos. Algo que seja projetado com o conceito de exclusividade”, afirma.

Nesta loja que vende produtos alimentícios mineiro, projeto assinado por Estela Netto, a marcenaria tem molduras em dourado que remete ao ouro de Minas. Um detalhe que fez toda a diferença. Foto: Daniel Mansur

Para a profissional, o que vai fazer a diferença no projeto, em relação aos detalhes, é ouvir o cliente, que lhe indicará os seus desejos e, a partir disso, é possível inserir detalhes que serão personalizados. “Muitas vezes o cliente não dirá ao arquiteto uma informação importante a respeito do seu dia a dia, ou da sua personalidade, mas cabe a ele compreender os seus desejos e propor algo exclusivo para ele, que retrate quem ele é e suas preferências”, pontua.

De acordo com o arquiteto Afonso Walace, diretor da Dávila Arquitetura, os detalhes estão dentro de um todo, pois é a somatória deles que vai gerar o resultado do projeto, seja bom ou mau. “Eles fazem parte de um conjunto que deve ser harmonioso e se justificar. Há detalhes que podem não ser visíveis ao público, mas que terão um impacto na percepção que ele terá da edificação ou do ambiente. Bons detalhes que poderiam causar um ótimo efeito na fachada ou no interior da edificação podem se perder ou até trazer um efeito negativo se mal executados”, relata.

Afonso afirma que os detalhes, retirados do seu contexto, não fazem sentido e não se justificam por si sós. “ Os detalhes que somam, que fazem a qualidade da arquitetura em geral estão entre os visíveis e os invisíveis. Muitas vezes é o cuidado com o que ‘não é visto’ que diferencia uma arquitetura de outra. Como a arquitetura minimalista, por exemplo, que tem como objetivo o máximo de expressão utilizando o mínimo de recursos. Quando se erra nestes detalhes, isto em qualquer estilo ou vertente arquitetônica, mas ainda mais na arquitetura minimalista, isto fica muito evidente para o observador, comprometendo o julgamento dele sobre a obra”, explica.
Segundo o arquiteto, a Dávila Arquitetura procura ser sintética nos detalhes, fazendo com que a própria volumetria da edificação gere detalhes interessantes na arquitetura, ressaltando que o detalhe está nos olhos de quem vê e cada observador analisa à sua própria maneira.
Um exemplo recente de projeto da Dávila arquitetura que se faz rico em detalhes é o Concordia Corporate. Além de ser a torre mais alta de Minas Gerais e uma das mais altas do país, os detalhes são o que mais destacam na edificação. A torre corporativa cada andar de pavimento tipo com uma planta diferenciada, que ocorre paulatinamente, de pavimento para pavimento, revelando um detalhe bastante diferenciado. “Graças a esta diferenciação entre cada pavimento, cada uma de suas fachadas apresenta um ‘gap’ a princípio inclinado e mais largo, na parte baixa da torre e mais estreito e vertical na parte alta. Este gap cria um desenho sutil na fachada que rompe o conceito de monólito do Concordia, inclusive movimentando os planos das fachadas em torno de seu eixo. É um ótimo exemplo de como uma solução engenhosa de projeto cria um detalhe instigante na fachada que não tem nada a ver com rebuscamento, mas com cuidado, com inteligência. Além disso, este detalhe que pode parecer apenas um capricho visual está longe disso: o gap gerado na fachada resolve a questão de ventilação e tomada de ar para as empresas que ocupam o edifício”, explana Afonso.
A fachada do Concordia tem um desenho sutil na fachada que rompe o conceito de monólito, inclusive movimentando os planos das fachadas em torno de seu eixo. Um detalhe complexo que chama atenção de quem circula pela cidade. 
Foto: André Nazareth
Outro empreendimento da Dávila, ainda em fase de projeto para breve lançamento, é um edifício residencial de alto padrão construído pela Patrimar, no bairro de Lourdes. Neste edifício, os arquitetos criaram uma movimentação de varandas que mantém os apartamentos com a mesma área, mas com pavimentos diferenciados entre si. Esta movimentação produz um efeito plástico enquanto a diferenciação entre os apartamentos confere uma certa exclusividade para cada um deles. O detalhe define a arquitetura e é definido por ela. “O importante é que alcançar o detalhe ideal, que se justifique sob todos os aspectos e pontos de vista, não implica necessariamente em um aumento de custos, tendo mais a ver com a disposição e persistência do arquiteto na elaboração de algo diferenciado e na movimentação do empreendedor em construir algo desta natureza”, encerra Afonso Walace.

Fonte: MÃO DUPLA COMUNICAÇÃO


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