Especialista do Hospital
Samaritano Botafogo explica como ser útil ao presenciar uma ocorrência dessa
natureza no trânsito
De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes de trânsito são a nona maior
causa de mortes do planeta. O Brasil aparece em quinto lugar entre os países
recordistas em óbitos decorrentes desses eventos, que atingem entre 50 e 60 mil pessoas por ano, além de deixar
permanentemente inválidas outras 630 mil. Mas o que fazer ao se deparar
com um acidente automobilístico? Segundo Cesar Villela, coordenador da
Emergência do Hospital Samaritano Botafogo, tomando algumas precauções simples,
é possível ajudar as vítimas e protegê-las de situações que possam representar
risco de piora no seu quadro clínico.
De
acordo com o especialista, a primeira medida a ser tomada é acionar um resgate
especializado – como é o caso do serviço de
atendimento móvel do Corpo de Bombeiros/SAMU – o mais rápido possível. Outra questão importante é tomar precauções para não se tornar uma nova vítima ou comprometer a
segurança de outras pessoas. “Verifique se o local onde ocorreu o acidente
é seguro para transitar, pois é possível que, na tentativa de prestar o
socorro, ocorram atropelamentos, principalmente em rodovias e estradas de alta
velocidade. Se possível, utilize um triângulo de sinalização (equipamento
obrigatório nos automóveis), a fim de deixar claro aos demais motoristas que há
carros parados na pista e evitar um novo acidente.
Tais situações costumam atrair grande número de curiosos, então estabelecer uma
zona de proteção ao redor da vítima é o ideal”, alerta.
Enquanto
aguarda o resgate, mexer na vítima é sempre uma questão delicada, pois pode
agravar alguma lesão que, muitas vezes, não está aparente – como, por exemplo,
as da coluna cervical ou da bacia. Mas, às vezes, torna-se prioritário movê-la
do local do acidente para protegê-la de uma situação de risco, como a exposição
ao fogo. “Toda vez em que não houver opção e a vítima tiver que ser removida,
não se deve puxá-la ou arrastá-la, principalmente pela cabeça, pelo pescoço,
por membros com deformidade ou por locais do corpo em que ela, quando
consciente, indica que sente dor mais intensa. O ideal é que duas ou mais
pessoas façam um movimento único e em bloco, garantindo que a cabeça e o
pescoço estejam estabilizados. No caso de vítimas inconscientes, isso é
fundamental. Além de proceder com muita cautela e paciência, é muito importante
que a pessoa que se propõe a ajudar não tente realizar algum procedimento para
o qual não tem treinamento ou conhecimento básico”, observa Villela.
Caso o
acidentado diga que está com sede, o médico orienta que oferecer qualquer
líquido por via oral, incluindo água, poderá causar problemas. “Isso pode
provocar vômitos e, caso a vítima tenha queda nos níveis de consciência, há o
risco de esse conteúdo seguir para o pulmão. Outra razão é que, caso haja
necessidade de uma futura cirurgia, estar com o estômago mais vazio é
fundamental. Explique isso para a vítima claramente, indicando que a negativa é
para o bem dela. Caso seja possível, molhe os lábios da pessoa para
proporcionar a ela uma sensação momentânea de alívio enquanto o socorro não
chega”, diz.
Aproveitar a espera pelo resgate para checar algumas informações com a
vítima também pode ser útil. “Pergunte a ela se toma algum remédio, se tem
alguma doença ou alergia e qual foi o horário da sua última refeição. Tais
informações devem ser passadas à equipe de socorro”, explica. O médico reforça
que é necessário manter a calma e transmitir isso à vítima. “Ficar ao lado
dela, demonstrar solidariedade, confiança e garantir a sua segurança são
importantes. Devem-se falar palavras de
apoio e jamais assustar a vítima com comentários inapropriados. Segurar a mão
da pessoa e reforçar que estará ao lado dela até o resgate chegar é um gesto
simples, mas muito positivo”, completa.
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