Pessoas acima de 50 anos fazem
parte do grupo de risco para Fibrose Pulmonar Idiopática, doença crônica e
grave que causa enrijecimento progressivo dos pulmões
O avanço da medicina, a descoberta de novas
formas de tratamento para doenças, melhores hábitos e condições de vida são
alguns dos motivos pelos quais o envelhecimento populacional está acontecendo.
Estima-se que até 2030, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos seja maior
do que a de crianças com até 14 anos[i]. De
acordo com o IBGE, a nossa população idosa triplicará em 40 anos: são
projetados 66,5 milhões de idososi em 2050. Esse movimento teve
início na Europa, durante a Revolução Industrial e, no Brasil, começou somente
no século XX, devido à rápida urbanização do país[ii].
Uma das consequências desse processo é a mudança no perfil de doenças. Em um
país com população jovem, as mais comuns são as de origem infecciosa, e quando
há um aumento da população idosa, as doenças crônicas se tornam a maior
preocupação da saúde públicaii. Geralmente, as enfermidades que acometem
a terceira idade são crônicas, isto é, com sintomas que permanecem por vários
anos, sendo necessário acompanhamento médico constante, seguido por exames
periódicos e tratamento contínuo[iii].
É o caso da Fibrose
Pulmonar Idiopática, ou FPI, uma condição pulmonar grave, que atinge a
população idosa[iv] e age de maneira
progressiva, provocando o enrijecimento dos pulmões. Considerada rara, a sua
prevalência é de cerca de 14 a 43 pessoas a cada 100 mil no mundoiv
e, no Brasil, os dados estimados são de 13 a 18 mil pessoas[v].
A doença apresenta sintomas bastante comuns, como tosse seca, falta de ar ou
cansaço[vi] que são agravados mediante esforços e
a prática de atividades físicas. Por isso, é comum que a doença confundida com
outras condições mais frequentes, como insuficiência cardíaca e DPOC (Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica) – quadro de bronquite crônica combinada com
enfisema pulmonar.
Esses indícios da FPI
também são facilmente confundidos com sinais de envelhecimento e, até mesmo,
doenças cardiovasculares, o que faz com que o paciente não busque cuidado ou
invista tempo no tratamento inadequado, enquanto a FPI avança rapidamente. “Por
ser uma doença com diagnóstico difícil, o tratamento pode demorar a ser
realizado. Com isso, o pulmão pode ir perdendo sua capacidade, dificultando a
respiração e comprometendo as atividades do dia a dia”, explica o Dr.
Carlos Carvalho, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo.
Ainda sem cura, a Fibrose
Pulmonar Idiopática apresenta uma taxa de sobrevida que pode ser pior do que
muitos tipos de câncer. “A partir de 2016, foram lançados no Brasil
medicamentos que podem diminuir o avanço da doença. O primeiro a chegar ao país
foi o nintedanibe, medicamento que retarda a progressão da Fibrose Pulmonar
Idiopática”, ressalta o médico.
A causa da FPI ainda é
desconhecida, mas existem alguns fatores de risco que podem contribuir para o
desenvolvimento da enfermidade. Entre eles, estão o tabagismo, a exposição a
diversos poluentes, o refluxo gastroesofágico, infecção viral crônica, fatores
genéticos, entre outrosvi. Com tratamento contínuo e acompanhamento
médico, é possível que os pacientes possam conviver melhor com a doença.
Nintedanibe pode reduzir o seu avanço em até 50% e diminuir as crises de piora
súbita que a fibrose pulmonar idiopática pode causar[vii].
Em alguns casos, como tratamento complementar, também podem ser indicadas a
reabilitação pulmonar e suplementação com oxigênio.
Nem sempre as famílias dão
a devida atenção a esse quadro, porque consideram que a falta de ar e menor
disposição sejam características naturais na vida dos idosos. No entanto, o
envelhecimento não deve representar uma limitação da qualidade de vida, como explica
o Dr. Carvalho: “quando os sintomas se tornam frequentes, podem ser indícios
de Fibrose Pulmonar Idiopática e, nesse caso, é recomendado que o paciente e
sua família procurem o pneumologista. Nesse sentido, o suporte de cuidadores e
familiares tem um papel central na saúde e no cuidado dos idosos”.
Boehringer
Ingelheim
[i]
IBGE. Brasil: Uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI.
[Internet]. 2016. [acesso em 17 nov 2016]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97884.pdf
[ii]
Nasri, Fabio. "O envelhecimento populacional no Brasil." Einstein
6.Supl 1 (2008): S4-S6. https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/46617649/envelhecimento_popu.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1505152609&Signature=8vt4AwxsMzM9qu6H4iM1ycC3BrU%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DDemografi_a_e_epidemiologia_do_envelheci.pdf
[iii]
Veras, Renato. "Em busca de uma assistência adequada à saúde do idoso:
revisão da literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de
previsibilidade de agravos." Cad Saúde Pública 19.3 (2003): 705-15.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v19n3/15874.pdf
[iv]
Raghu G, Weycker D, Edelsberg J, Bradford WZ, Oster G. Incidence and
prevalence of idiopathicpulmonaryfibrosis. Am J Respir Crit Care Med 174 (7),
810 - 816 (2006)
[v] Baddini-Martinez J, Pereira
CA. Quantos pacientes
com fibrose pulmonar idiopática existem no Brasil? J Bras
Pneumol. 2015;41(6):560-561
[vi] Raghu G, et al,
ATS/ERS/JRS/ALAT Committee on Idiopathic Pulmonary Fibrosis
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
[vii] Richeldi L, du Bois RM, Raghu G, Azuma A, Brown KK,
Costabel U, et al. Efficacy and safety of nintedanib in idiopathic pulmonary
fibrosis. N Eng J Med. 2014;370(22):2071–82.
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