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domingo, 8 de janeiro de 2017

A magia do verão e a proliferação do Aedes aegypti



O início da música “Uma Noite e Meia”, da cantora Marina Lima, trata da chegada do verão como um momento de magia. Mas a verdade é que esse também é um período de preocupação, principalmente em relação às doenças e epidemias que se propagam.

Entre os meses de janeiro e maio as temperaturas médias elevadas, aliadas ao aumento no nível de chuvas, criam o ambiente perfeito para a proliferação de mosquitos. Entre eles, o Aedes aegypti, conhecido por ser o vetor de transmissão de doenças como a dengue.

Ao longo das últimas décadas, a proliferação da dengue, e mais recentemente da Zika e Chikungunya, tem preocupado as autoridades de saúde pública de tal forma que as pesquisas relacionadas ao modo de vida do mosquito transmissor têm aumentado vertiginosamente. Existem ainda muitas perguntas a serem respondidas, porém grande parte das descobertas até o momento indica que fatores relacionados à degradação ambiental podem estar diretamente ligados ao aumento expressivo no número de casos dessas doenças.

A redução da cobertura vegetal e o descarte inadequado de resíduos nas grandes cidades são fatores que têm grande contribuição para que os mosquitos migrem das florestas para as cidades e encontrem condições favoráveis para a proliferação. Além disso, o acúmulo de água em resíduos descartados incorretamente e a presença reduzida de predadores naturais do mosquito são algumas hipóteses para o aumento preocupante na incidência de doenças como a dengue.           

Assim, embora as medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti sejam um assunto de amplo conhecimento da população (principalmente devido à grande divulgação na mídia), o número de casos da doença aumenta a cada ano. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2016 foram registrados mais de um milhão em todo o país, com 563 óbitos.

Com base nestes números, precisamos analisar se, de fato, as políticas públicas para o combate à doença funcionam. Se não houver uma mudança comportamental dos cidadãos, sensibilização dos nossos governantes para investimentos massivos em saneamento básico e sustentabilidade nos métodos de combate ao mosquito, os métodos atuais não funcionarão. Aliás, são ações defasadas, paliativas e de curto prazo.

Com o objetivo de reduzir em 90% a existência do Aedes aegypti – mosquito vetor da zika, dengue, febre amarela e chikungunya – a empresa Forrest Innovations, em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), trabalha em um projeto-piloto para controle do mosquito em Maringá, no noroeste do Paraná, e em Paranaguá, no litoral do estado. O Controle Natural de Vetores (CNV) é baseado na criação de machos estéreis a serem soltos na natureza.

É uma tentativa importante, porém não pode ser a única ação de combate. Precisamos da sensibilização da população local para evitar que diferentes recipientes armazenem água e favoreçam a proliferação do mosquito. Criar medidas para evitar o contágio passa a ser uma ação compartilhada entre poder público e a sociedade, com uma visão holística de mundo e ações locais que contribuirão para um futuro melhor e, quem sabe, sem dengue.




Professores André Pelanda, Augusto da Silveira, Rodrigo Berté e Rodrigo Silva da área ambiental do Centro Universitário Internacional Uninter



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