O início
da música “Uma Noite e Meia”, da cantora Marina Lima, trata da chegada do verão
como um momento de magia. Mas a verdade é que esse também é um período de
preocupação, principalmente em relação às doenças e epidemias que se propagam.
Entre os
meses de janeiro e maio as temperaturas médias elevadas, aliadas ao aumento no
nível de chuvas, criam o ambiente perfeito para a proliferação de mosquitos.
Entre eles, o Aedes
aegypti, conhecido por ser o vetor de transmissão de doenças como a
dengue.
Ao longo
das últimas décadas, a proliferação da dengue, e mais recentemente da Zika e
Chikungunya, tem preocupado as autoridades de saúde pública de tal forma que as
pesquisas relacionadas ao modo de vida do mosquito transmissor têm aumentado
vertiginosamente. Existem ainda muitas perguntas a serem respondidas, porém
grande parte das descobertas até o momento indica que fatores relacionados à
degradação ambiental podem estar diretamente ligados ao aumento expressivo no
número de casos dessas doenças.
A
redução da cobertura vegetal e o descarte inadequado de resíduos nas grandes
cidades são fatores que têm grande contribuição para que os mosquitos migrem
das florestas para as cidades e encontrem condições favoráveis para a
proliferação. Além disso, o acúmulo de água em resíduos descartados
incorretamente e a presença reduzida de predadores naturais do mosquito são
algumas hipóteses para o aumento preocupante na incidência de doenças como a dengue.
Assim,
embora as medidas de combate ao mosquito Aedes
aegypti sejam um assunto de amplo conhecimento da população
(principalmente devido à grande divulgação na mídia), o número de casos da
doença aumenta a cada ano. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2016 foram
registrados mais de um milhão em todo o país, com 563 óbitos.
Com base
nestes números, precisamos analisar se, de fato, as políticas públicas para o
combate à doença funcionam. Se não houver uma mudança comportamental dos
cidadãos, sensibilização dos nossos governantes para investimentos massivos em
saneamento básico e sustentabilidade nos métodos de combate ao mosquito, os
métodos atuais não funcionarão. Aliás, são ações defasadas, paliativas e de
curto prazo.
Com o
objetivo de reduzir em 90% a existência do Aedes aegypti – mosquito vetor da zika, dengue,
febre amarela e chikungunya – a empresa Forrest Innovations, em parceria com o
Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), trabalha em um projeto-piloto para
controle do mosquito em Maringá, no noroeste do Paraná, e em Paranaguá, no
litoral do estado. O Controle Natural de Vetores (CNV) é baseado na criação de
machos estéreis a serem soltos na natureza.
É uma
tentativa importante, porém não pode ser a única ação de combate. Precisamos da
sensibilização da população local para evitar que diferentes recipientes
armazenem água e favoreçam a proliferação do mosquito. Criar medidas para
evitar o contágio passa a ser uma ação compartilhada entre poder público e a
sociedade, com uma visão holística de mundo e ações locais que contribuirão
para um futuro melhor e, quem sabe, sem dengue.
Professores André Pelanda, Augusto da
Silveira, Rodrigo Berté e Rodrigo Silva da área ambiental do Centro
Universitário Internacional Uninter
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