De
09 a 15 de março, acontecem em várias cidades do Brasil, atividades que
compõe a “2ª Semana Nacional de Educação Financeira”, a qual é uma importante
iniciativa do Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF) para promover o
tema no país.
A
educação financeira nunca foi tão divulgada pela imprensa e comentada nas
mídias sociais. E o motivo é óbvio! As pessoas tem dívidas, muitas por sinal, e
isso leva a situações de conflitos sociais, que ultrapassam a simples questão
de se ter um débito civil a pagar.
Buscamos
construir no Brasil uma sociedade justa e com o número mínimo de conflitos.
Eles existem e sempre existirão, mas podemos reduzir uma parte de contendas se
atacarmos as causas, e não apenas as consequências. Parte desses conflitos
envolve, invariavelmente, a relação das pessoas com o dinheiro, suas percepções
e o endividamento muito elevado do povo brasileiro.
Como
promotor de justiça e após quinze anos no Ministério Público, presenciei
inúmeros divórcios, agressões entre vizinhos, parentes e amigos, envolvimentos
com o crime, que surgiram por conta de divergências envolvendo dinheiro,
expectativas irrealizáveis e, em especial, o endividamento.
Não
é incomum que as pessoas que militam no fórum, às vezes comentem que os motivos
dos conflitos interpessoais de dois mil anos atrás são, em resumo, os mesmos
motivos que hoje incrementam, de alguma forma, a violência no Brasil. O
dinheiro sempre aparece, de forma sutil ou bem ostensiva, num grande número de
confusões.
O
consumidor endividado é alvo fácil para uma série de pessoas mal intencionadas
e, em muitos casos, para sair provisoriamente de um sufoco financeiro, se metem
e uma situação muito pior do que a que originou a dívida, como por exemplo, recorrer
a agiotas. Precisamos sim, educar financeiramente a população, com o objetivo
de prevenir essas situações negativas e ajudar a construir os sonhos de cada
um. As pessoas não querem só viver pagando dívidas. Elas querem ser felizes e
alcançar sonhos. Nesse sentido, saber lidar com responsabilidade financeira é
fundamental.
Por
fim, a iniciativa da “2ª Semana de Educação Financeira” é válida e deve ser
aplaudida pelo mérito de seus organizadores, bem como adotada como “política
pública” pela União, Estados e Municípios, como uma ação de interesse público
primário da sociedade. Dessa forma, evita-se que interesses particulares se
apropriem dos verdadeiros objetivos e que o conhecimento da educação financeira
seja massificado, em especial, para as pessoas de baixa renda, que são as
maiores vítimas do elevado endividamento social que presenciamos no Brasil
hoje.
Lélio Braga Calhau
- Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas
Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e
Cidadania pela UFG-RJ e Coordenador do site e do Podcast "Educação
Financeira para Todos". www.educacaofinanceiraparatodos.com
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