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quarta-feira, 11 de março de 2015

Dia Mundial do Rim: entenda o que é a doença renal crônica




DRC afeta 10% da população mundial e é a principal causa de transplantes de rim
Celebrado neste ano em 12 de março, o Dia Mundial do Rim marca a realização de ações globais com o objetivo de divulgar informações relacionadas à prevenção das doenças renais. O foco da campanha de 2015 é alertar a população sobre a importância da adoção de hábitos que garantem a saúde dos rins.
Segundo a médica nefrologista e presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Carmen Tzanno, levar uma vida saudável é uma das formas mais eficientes de prevenir a doença renal crônica (DRC), caracterizada pela perda progressiva e irreversível das funções renais.
“A DRC é a causa mais comum de transplante de rim, já que o órgão vai tendo seu funcionamento prejudicado. Ele perde progressivamente a capacidade de filtrar as toxinas do corpo, até que não haja outra opção além da diálise ou o transplante”, salienta Carmen.
Problema global
A nefrologista explica que a DRC afeta cerca de 10% de toda a população mundial, mas esse número aumenta muito conforme o envelhecimento. Em pacientes que estão entre os 65 e 74 anos a incidência chega a ser de um em cada cinco homens e uma em cada quatro mulheres. Indo além, constata-se a estatística de que metade da população idosa acima de 75 anos possui DRC em algum estágio.
Dados como estes confirmam a importância de campanhas de conscientização sobre a adoção de hábitos saudáveis. Com a idade, é natural que nossa função renal seja prejudicada, por isso é vital ter um estilo de vida que afaste problemas como obesidade, diabetes e principalmente hipertensão arterial, a principal causa de DRC. 
Qualidade de tratamento
O avanço da doença renal crônica faz com que o paciente passe a depender de diálise, tratamento que substitui as funções de filtragem do órgão. Com o envelhecimento da população brasileira é natural que cada vez mais pacientes procurem clínicas especializadas.
Atualmente, os pacientes renais possuem duas opções básicas enquanto esperam por um transplante – a hemodiálise e a diálise peritoneal. Na primeira e mais conhecida, uma máquina faz esse trabalho em sessões de filtragem do sangue, que podem durar até quatro horas, repetidas três vezes por semana. Por conta disso, é comum que as terapias às quais são sujeitos os pacientes renais crônicos sejam associadas à perda de liberdade e qualidade de vida.
Na diálise peritoneal, por sua vez, é utilizada uma membrana do próprio corpo para filtrar toxinas. Após uma pequena cirurgia ambulatorial para a introdução de um cateter no abdômen, chamado de acesso, o tratamento começa com uma solução de diálise peritoneal. Esse líquido flui para dentro e para fora da cavidade peritoneal através do cateter, retirando as toxinas. A solução que contém os resíduos é drenada do peritônio e, após algumas horas, substituída por uma solução limpa.
O presidente da Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (Fenapar), Renato de Jesus Padilha, explica que dessa forma os ganhos de liberdade são enormes. “Após um processo de treinamento na unidade de diálise, o paciente pode assumir seu próprio tratamento, fazendo a substituição do fluído peritoneal em sua própria residência. Assim ele pode até mesmo viajar.”
Dificuldade de acesso
O presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), Hélio Vida Cassi, conta que existem entraves jurídicos que podem comprometer o acesso de um número cada vez maior de pacientes renais a tratamentos de qualidade. O valor pago pelo governo pela sessão da hemodiálise está há dois anos sem reajuste.
“No último, em março de 2014, o valor foi fixado em R$ 179,03. Já naquela época havia a necessidade de uma recomposição emergencial de reembolso por sessão que chegasse a pelo menos R$ 232. O mesmo se aplica à diálise peritoneal, já que houve um reajuste nos procedimentos envolvidos, como a implementação de cateter, mas não no tratamento em si”, afirma.
Ele explica que os custos das clínicas sobem muito mais do que esse repasse do governo. Um exemplo é o gasto com honorários de médicos e outros funcionários. “Se compararmos o aumento do salário mínimo e da hemodiálise no período entre 1999 e 2014 vemos que o salário aumentou 432%, contra um acumulado de apenas 91% do procedimento”, diz Cassi.
A mesma discrepância aparece no comparativo entre o aumento do número de clínicas e o de pacientes. No período entre 2000 e 2014 o montante de pacientes renais subiu 134%. O de clínicas disponíveis para atender a essa população, por sua vez, apenas 41,98%.
Melhores condições
Em março de 2014 o Ministério da Saúde publicou a portaria nº 389/14, propondo que as clínicas prestadoras do SUS façam o atendimento ambulatorial pré-diálise com uma equipe multiprofissional, formada por médico nefrologista, psicólogo, assistente social e nutricionista. Outra meta fixada é que em dois anos pelo menos 25% dos pacientes renais sejam tratados com diálise peritoneal.
Para o presidente da ABCDT, as propostas de tratamento integral são muito positivas para a população, mas insustentáveis financeiramente nos parâmetros atuais. “Seria um avanço enorme em relação à prevenção e ao tratamento das doenças renais no Brasil, sem dúvida. Mas é fundamental que o Ministério perceba que as condições às quais as clínicas são submetidas inviabilizam totalmente que a portaria nº389/14 seja colocada em prática”, finaliza.

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