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quarta-feira, 5 de abril de 2023

Abril Azul: seletividade alimentar em crianças e adultos com TEA

Especialistas explicam os riscos e apontam estratégias para driblar a seletividade alimentar


Desde 2007, o dia 2 de abril é conhecido como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, e o mês é voltado para a causa, sendo conhecido como “Abril Azul”, para divulgar informações e reduzir a discriminação e o preconceito contra os autistas.  

Um dos pontos importantes da saúde desse grupo é que muitos indivíduos com autismo têm aversões e sensibilidades alimentares. Muitos também têm problemas comportamentais que tornam a hora das refeições particularmente desafiadora.  

Pesquisadores descobriram que crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são cinco vezes mais propensas a ter desafios na hora das refeições, como acessos de raiva, extrema seletividade alimentar e comportamentos alimentares ritualísticos. A nutrição inadequada também é mais comum entre crianças com autismo. Em particular, uma baixa ingestão geral de cálcio e proteína. O cálcio é crucial para a construção de ossos fortes. Proteína adequada é importante para o crescimento, desenvolvimento mental e saúde. Algumas considerações dietéticas comuns associadas ao autismo são: 

·       A sensibilidade a cheiros, imagens e sons na hora das refeições pode afetar a alimentação;

·       Desconforto intestinal, incluindo constipação, diarreia e estômago inchado;

·       Hipersensibilidade alimentar (quando o corpo reage mal a certos alimentos);

·       Comer uma dieta limitada - um pequeno número de alimentos semelhantes em cor e sabor;

·       Ter uma forte preferência por certas texturas (como alimentos crocantes ou macios), alimentos cortados de uma certa maneira (por exemplo, torradas cortadas em quadrados, mas não em triângulos);

·       Não querer que diferentes alimentos toquem em um prato, pois tendem a preferir coisas previsíveis, pois isso pode ajudar a reduzir a ansiedade.

 

Há evidências crescentes de que as intervenções de nutrição e estilo de vida podem ser muito favoráveis ​​para indivíduos com autismo. Dicas que podem ser seguidas para melhorar o hábito alimentar. Os especialistas tiram dúvidas e fazem indicações, confira: 

·       Problemas gastrointestinais no TEA podem dificultar a relação com alimentos? 

Os problemas gastrointestinais causam dor e desconforto ao se alimentar, levando a estresse e causando alterações comportamentais importantes no autista. Ao se sentir desconfortável ao comer, o indivíduo com TEA passa a apresentar um padrão alimentar seletivo, restritivo e deficiente. 

 

Para Thomáz Baêsso, médico cirurgião atuante em nutrologia do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), com atuação em emagrecimento, hipertrofia e saúde sexual, alguns dos problemas gastrointestinais, como intolerâncias alimentares a glúten, lactose, caseína, dificultam a relação de qualquer indivíduo com a alimentação, porém ao se tratar de portadores de TEA, que já tem uma relação alimentar complexa, as intolerâncias podem dificultar ainda mais a boa nutrição dessa população.

 

Sofia Pereira, médica atuante em endocrinologia do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais), diz que sabe-se que os distúrbios gastrointestinais estão entre as condições médicas mais comuns associadas ao autismo. De acordo com ela, é comum que apareçam constipações (prisões de ventre), diarréias e refluxos gastrointestinais, entre outras condições. Alguns estudos mostram que a microbiota intestinal de um autista é diferente, pois há uma alteração do equilíbrio caracterizada pela perda de massa bacteriana benéfica. 

 

Outros problemas podem ser causados pelo déficit alimentar, Thomáz comenta que os autistas costumam desenvolver transtornos alimentares como a neofobia alimentar, que nada mais é do que a recusa alimentar por alimentos não familiares, o que pode levar a problemas nutricionais com o passar dos anos.

 

Sofia, aponta que uma alimentação adequada na infância, desde o nascimento e durante os primeiros anos de vida é fundamental para garantir o crescimento e o desenvolvimento normal da criança. “Quando se menciona crescimento da criança, geralmente se associa ao crescimento ósseo que se reflete na estatura, mas cada um dos sistemas orgânicos também está em desenvolvimento, incluindo o sistema nervoso central”, diz ela. Por isso, é muito importante que os pais busquem ajuda profissional, pois alguns autistas não verbais podem ter dificuldade para demonstrar o que estão sentindo e isso pode dificultar o diagnóstico. É importante ficar atento se a criança sente dor abdominal ou mudou de comportamento. 

·       Com o que se relacionam os problemas alimentares comuns em pessoas com autismo? As meninas são mais suscetíveis? Por quê? 

 

Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia, diz que pesquisas clínicas com amostras populacionais maiores, incluindo um número suficiente de indivíduos do sexo feminino, com TEA, podem favorecer o estudo de padrões emocionais de alimentação observados entre os autistas, em especial, as meninas. 

 

Em indivíduos do sexo feminino com TEA, autores associam questões alimentares que chamam de “Emotional Overeating and Emotional Undereating”. 

 

“Emotional Overeating” é definido como comer mais ou menos quando emocionalmente estimulado (por exemplo, estar feliz, irritado, preocupado, com raiva). Embora comer demais emocionalmente seja um tipo incomum de comportamento alimentar na infância, uma publicação de 2020 a associou ao TEA, especialmente em meninas. 

 

As descobertas sugerem que os problemas alimentares relacionados ao autismo podem ser comportamentais/cognitivos (por exemplo, não comer alimentos verdes, quantidade específica) ou sensoriais (por exemplo, alimentos não pegajosos, sem cheiros específicos), mas também problemas alimentares de base emocional, finaliza Lucidi. 

·       Como é feito um plano alimentar para indivíduos com TEA? 

A nutricionista Tamires Oliveira (@tamiresoliveira.nutrir) - especialista em introdução alimentar, seletividade Autista e TDHA, explica que o primeiro passo para elaborar o plano alimentar é entender como os pacientes se comportam com relação aos alimentos. Quais são as suas dificuldades alimentares e aversões, o que toleram, quais são as preferências alimentares (textura, cor, sabor) - a partir dessa informação, criam-se estratégias culinárias para tornar esse plano alimentar saudável, com variedade e amplo para esse paciente comer com conforto. Através da terapia alimentar, se inserem novos alimentos de forma lúdica e aumenta o repertório alimentar desse paciente.

 

Tatiane Schallitz, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais), aponta que embora o TEA possa ser classicamente considerado principalmente neurológico em sua patologia, há evidências crescentes para demonstrar um papel para o sistema gastrointestinal e sua microbiota em aspectos da sintomatologia do transtorno, alterações significativas na composição da microbiota e na produção de metabólitos microbianos em crianças com TEA. 

 

Ela comenta que o autismo afeta o consumo de alimentos, que altera o intestino, e o intestino interfere no cérebro, o que causa piora nos sintomas apresentados. Assim, corrigir a disbiose intestinal é importante nestes pacientes. Assim, a saúde intestinal é um aspecto crucial para o bem-estar geral e está diretamente relacionada à nutrição. Entre os sintomas estão os problemas gastrointestinais, como constipação, diarreia e síndrome do intestino irritável. Algumas estratégias nutricionais para melhorar a saúde intestinal em pessoas com autismo de acordo com ela incluem o consumo de:

 

Fibras: Incluir fontes adequadas de fibras na dieta, como frutas, vegetais, legumes, grãos integrais e sementes, pode ajudar a melhorar a função intestinal e prevenir a constipação.

 

Probióticos e prebióticos: A suplementação ou a ingestão de alimentos ricos em probióticos e prebióticos, como iogurtes, kefir, chucrute e bananas, pode melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal e promover a saúde digestiva.

 

Hidratação: Manter-se adequadamente hidratado é essencial para o bom funcionamento do intestino e a prevenção de problemas gastrointestinais.

 

Alimentação equilibrada: Uma dieta variada e rica em nutrientes, com atenção especial às necessidades de cada indivíduo, é fundamental para a saúde intestinal e o bem-estar geral.

 

Além do cuidado intestinal, a suplementação de EPA, DHA, probióticos, ômega 3, vitaminas do complexo B, vitamina D, carnitina, ácido fólico, carnosina e coenzima Q10, é eficaz na diminuição dos sintomas e evolução dos indivíduos com TEA. De um modo geral, vários estudos evidenciaram a evolução e a melhora no tratamento em relação aos sintomas e fatores do comportamento, convívio social, comunicação, diminuição dos sintomas gastrintestinais e da hiperatividade.

 

“É importante citar que a seletividade alimentar pode afetar a autoestima, a ansiedade e a socialização das pessoas com autismo, por isso a importância de uma abordagem holística no tratamento desses casos”, completa Tatiane. 

·       Quais os déficits nutricionais mais comuns?

Para Tamires, as crianças autistas são muito seletivas e resistentes ao novo, fazendo bloqueio a novas experiências alimentares. Portanto, deve-se ter o cuidado de não deixá-las ingerir alimentos que não sejam saudáveis. O comportamento repetitivo e um paladar restrito pelos alimentos podem levar a deficiências nutricionais.  

A frequente não aceitação dos alimentos saudáveis pode levar a um quadro de desnutrição calórico-proteica. A má alimentação e a falta de equilíbrio energético são motivos de preocupação, pois, a ingestão de micronutriente está estreitamente relacionada com a ingestão de energia. É provável que as crianças cujo consumo de energia é menor, falta de apetite, dermatites, depressão e preferências por doces e fast-food, também sofram de deficiência de ferro, zinco, vitaminas do complexo B, vitamina C e vitamina D. Já as crianças autistas que são mais hiperativas, agitadas durante o dia e noite com sono desregulado e tenham TDHA sofram de deficiência de zinco, ferro, magnésio e vitamina D. 

 

Tamires aposta na variedade: Muitos pais têm dificuldades em fazer seus filhos comerem alimentos bem variados. Em geral, as crianças preferem comer o que acham mais saboroso. Por causa do indivíduo autista ter a tendência de hábitos alimentares restritos, é fundamental que quando criança, os pais tenham paciência e estimulem uma maior variedade, especialmente com foco em alimentos mais nutritivos e fiquem atentos aos possíveis problemas, como as deficiências nutricionais, por isso é válido uma consulta com um nutricionista para adequar o cardápio e fazer se necessário uma suplementação. 

 

Segundo Tatiane, a suplementação pode ser uma estratégia útil para complementar a dieta e garantir que todas as necessidades nutricionais sejam atendidas. Algumas suplementações para pessoas com autismo, contam com:

 

Vitaminas e minerais: Devido à seletividade alimentar, pode ser necessário suplementar com vitaminas e minerais essenciais, como vitamina D, cálcio, ferro, zinco e vitaminas do complexo B.

 

Ácidos graxos ômega-3: Os ácidos graxos ômega-3 são importantes para a saúde cerebral e a função cognitiva. Eles podem ser obtidos por meio da alimentação, mas em alguns casos, a suplementação pode ser necessária para garantir níveis adequados.

 

Aminoácidos: A suplementação de aminoácidos pode ser útil para melhorar a saúde cerebral, o funcionamento do sistema imunológico e a síntese proteica.

 

Lembre-se de que a suplementação deve ser feita sob orientação de um nutricionista ou médico nutrólogo, que avaliará as necessidades específicas de cada pessoa com autismo. 

·       Quais são os alimentos que devem ser evitados para quem tem TEA e por quê?  

Tamires aponta que a alimentação para o autista deve ser isenta de corantes alimentícios artificiais, alimentos processados e embutidos (balas, iogurte com sabor, salgadinhos, sucos em pó, gelatina, salsicha, salame, presunto, bolinhos prontos, miojo, nuggets, refrigerante e entre outros alimentos industrializados.), farinha branca em excesso e açúcar branco, pois esses produtos alimentícios são grandes vilões para a dieta de quem tem autismo já que estimulam a hiperatividade, falta de concentração, obesidade, doenças como colesterol alto, diabetes, entre outras adquiridas pela má alimentação. Evitar essas opções é uma forma de desestimular e prevenir outros impactos na saúde das crianças autistas. 

 

Tatiane acrescenta que não há uma lista definitiva de alimentos que são proibidos para quem tem TEA, mas alguns alimentos podem ser evitados com base nas preferências alimentares individuais e nas necessidades específicas de cada pessoa. Alguns autistas podem ter intolerâncias alimentares ou alergias que podem afetar sua dieta. Alguns alimentos comuns que podem desencadear alergias incluem nozes, laticínios, trigo, soja, peixe e mariscos. Por isso, é importante que esses alimentos sejam evitados se houver reações alérgicas. 

·       Quais os alimentos mais indicados e por quê?  

A alimentação saudável e variada deve fazer parte da rotina de toda criança e família incluindo alimentos naturais como frutas e vegetais frescos, cereais integrais, leguminosas, laticínios, proteínas e gorduras saudáveis, pois é importante para o desenvolvimento e o crescimento da criança com o transtorno do espectro autista (TEA), além de ajudar a prevenir situações como prisão de ventre, deficiência de nutrientes, obesidade ou doenças cardiovasculares argumenta Tamires. Prefira consumir esses alimentos: 

 

Consumo de frutas, verduras e legumes diariamente: é fundamental consumir de 2 a 3 porções de frutas por dia, como maçã, pêra, banana, uva, laranja, mamão, melancia, que podem ser incluídas no café da manhã, lanches da manhã/tarde e na lancheira escolar. Legumes e verduras que não podem faltar no prato das crianças no almoço e jantar como abóbora, beterraba, brócolis, cenoura, couve-flor, alface, couve, espinafre. 

 

Esses alimentos são ricos em vitaminas e minerais, nutrientes que são essenciais para a formação dos dentes e ossos, evita anemia, promove o crescimento adequado, fortalece o sistema imunológico e equilibra a flora intestinal. 

 

Consumir proteínas (rico em vitamina D, ferro e aminoácidos essenciais): as proteínas, como peixes e frutos do mar, ovo, frango, carne bovina, carne suína , devem ser consumidas diariamente no almoço e jantar. Isso porque as proteínas atuam no crescimento e desenvolvimento físico e mental, fortalece o sistema imunológico e regulam as funções do sistema nervoso. 

 

Vitaminas e suas fontes alimentares: cálcio (leites e derivados, para as crianças APLV pode substituir por leite de amêndoas e castanha), vitamina A (frutas e legumes amarelos-alaranjados e vegetais verde-escuros são ricos em carotenóides: manga, mamão, cajá, caju maduro, goiaba vermelha, abóbora, cenoura, acelga, espinafre, chicória, couve, salsa), vitamina E (semente de girassol, amêndoas, azeite, castanha de caju, amendoim, abacate), ferro (carnes, ovos, peixes/frutos do mar, couve, feijão, grão-de-bico), vitamina C (laranja, morango, goiaba, tangerina, caju, kiwi), riboflavina (couve, brócolis, espinafre, repolho, agrião, entre outros), ovos, carne, semente de girassol, ervilha, e em maior quantidade, na soja, no leite e em frutos do mar) zinco (semente de linhaça, ostras, camarão, gema de ovo, leite integral, amendoim, castanha de caju), vitamina B6 (avelã, amendoim, atum, salmão, carne de galinha, fígado de vaca e porco) e fibras alimentares (alimentos integrais como pão integral, aveia, granola, macarrão integral, arroz integral).

 

Tatiane cita alguns alimentos ricos em triptofano, como banana, aveia, lentilha e feijão branco.

 

De acordo com a nutricionista, também é importante incluir no planejamento alimentar, alimentos com atividade antifúngica, antiparasitária e antibacteriana devido a baixa imunidade e aumento na frequência de infecções e parasitoses, tais como: consumo regular sementes de abóbora ou de frutas cítricas, óleo de coco, alho, cebola, orégano, cúrcuma, tomilho e ervas; colocar mais variedades de alimentos; combinar alimentos como cereais e leguminosas também é importante, pois essa combinação apresenta todos os aminoácidos essenciais (exemplo, arroz e feijão) e consumir leguminosas que são fontes de cálcio e ferro. 

·       Dicas para introduzir novos alimentos para crianças:  

A nutricionista Tamires Oliveira, especialista em introdução alimentar, diz que é importante que a criança participe do preparo dos alimentos. Antes de ver os alimentos no prato, é interessante que os pais levem a criança ao hortifruti e ajude a escolher as diversas variedades de frutas, legumes e verduras. É nesse ambiente que ela vai conhecer esses alimentos, tocar, cheirar (dessa forma a criança vai criando uma familiaridade, ganhando confiança, perdendo o medo de tolerar). 

 

“Eu vejo muitos pais focados em querer que o filho só coma a todo custo (mas para a criança chegar na fase do comer ela precisa tolerar, interagir, tocar, lamber, provar e por último o comer), cada degrau importa por isso é preciso ter paciência. Leve a criança para a cozinha, mude a forma de preparo (não gostou do brócolis cozido, façam muffin de brócolis, omelete de brócolis), não gostou da banana ou só come ela de um jeito (façam panqueca de banana, sorvete de banana com morango)”, relata. 

 

“Resgate os alimentos que ele comia quando era bebê por exemplo e ofereça de novo (crianças seletivas não são muito receptivas aos novos alimentos, por isso a orientação de oferecer sempre, mesmo que não coma coloque no prato)”, completa Tamires. 

·       Dicas para introduzir novos alimentos para adolescentes e adultos:  

Tatiane cita que a introdução de novos alimentos para indivíduos adultos com TEA pode ser um desafio, uma vez que algumas podem ser mais seletivas ou restritivas em relação aos alimentos que consomem. No entanto, existem algumas dicas que podem ajudar na introdução de novos alimentos:

 

Introduza novos alimentos gradualmente: introduzir novos alimentos lentamente, um de cada vez, para que a pessoa possa se acostumar com o novo sabor, textura ou cheiro. Comece com porções pequenas e aumente gradualmente.

 

Torne a comida mais atraente: tente tornar os alimentos mais atraentes para o indivíduo com TEA, utilizando pratos coloridos ou oferecendo alimentos com formatos divertidos ou que sejam visualmente atraentes.

 

Permita que o adolescente/adulto participe do processo: deixe o indivíduo participar da escolha dos alimentos e permita que ela ajude a preparar a comida. Isso pode aumentar a sua disposição para experimentar novos alimentos.

 

Ofereça escolhas limitadas: ofereça opções limitadas para a pessoa escolher, para que ela não se sinta sobrecarregada ou desencorajada.

 

Utilize alimentos conhecidos como base: experimente adicionar novos ingredientes a alimentos que a pessoa já conhece e gosta. Por exemplo, adicionar vegetais em um macarrão ou legumes em uma sopa.

 

Seja consistente: Ofereça os novos alimentos com frequência e de forma consistente para que a pessoa possa se acostumar com eles.

 

Celebre o sucesso: Quando a pessoa experimentar um novo alimento, elogie o seu esforço e celebre o sucesso. Isso pode aumentar a motivação para experimentar novos alimentos no futuro.

 

É importante lembrar que cada pessoa com TEA é única e pode ter necessidades alimentares diferentes. Por isso, é fundamental consultar um profissional de saúde ou nutricionista para obter orientações personalizadas sobre a introdução de novos alimentos para pessoas com TEA.

 

Desafios com a textura dos alimentos

 

Tatiane diz que os indivíduos autistas podem ter aversões específicas a algumas texturas de alimentos, como alimentos pastosos, crocantes, escorregadios ou pegajosos. Isso pode ser devido à sensibilidade tátil oral, que é a percepção exacerbada de estímulos táteis na boca. Além disso, algumas pessoas com autismo podem ter dificuldades motoras orais, o que dificulta a mastigação e a deglutição de certos alimentos.

 

Algumas estratégias ao lidar com a seletividade alimentar relacionada à textura incluem a:

 

Exposição gradual;

Variação na preparação;

Experimentação com utensílios;

Terapia de integração sensorial;

Abordagem multidisciplinar.

Entender a importância da diferença dos alimentos e implementar estratégias específicas para lidar com a seletividade alimentar relacionada à textura pode ser um passo crucial para melhorar a qualidade de vida e a saúde nutricional de pessoas com autismo. 

 

Dicas de receitas para o dia a dia, segundo Tatiane:

 

Purês e cremes: transforme frutas e legumes em purês e cremes para oferecer uma textura lisa e homogênea. Isso pode facilitar a aceitação para quem prefere texturas suaves. Você pode experimentar diferentes combinações, como purê de batatas, creme de espinafre, purê de maçã ou creme de abóbora.

 

Cozimento e preparação diferenciados: Ofereça o mesmo alimento em diferentes texturas através de métodos de cozimento variados. Por exemplo, cenouras podem ser servidas cozidas e amolecidas, cortadas em palitos e servidas cruas para uma textura crocante, ou raladas e misturadas em saladas para uma textura mais leve.

 

Smoothies e sopas: Smoothies de frutas e legumes ou sopas cremosas são opções para combinar diferentes texturas e sabores de maneira harmoniosa, facilitando a aceitação. Experimente misturar frutas congeladas, iogurte e leite para criar um smoothie, ou cozinhar legumes e processá-los em uma sopa cremosa.

 

Finger foods: Ofereça alimentos que possam ser consumidos com as mãos, como palitos de legumes, frutas cortadas em cubos, tiras de frango grelhado ou queijo cortado em pedaços. Isso permite que a pessoa com autismo interaja com os alimentos de forma mais direta e explore as texturas de maneira menos ameaçadora.

 

Combinações de texturas: Experimente combinar diferentes texturas em um único prato, como adicionar crocantes de granola a um iogurte cremoso, misturar frutas secas em um mingau de aveia ou servir macarrão com um molho suave e vegetais cozidos. Isso pode ajudar a pessoa com autismo a se acostumar com a variedade de texturas.

 

Atividades lúdicas: Incentive a exploração das texturas dos alimentos de forma lúdica, como criar esculturas de frutas, usar cortadores de biscoitos para criar formas com legumes cozidos ou organizar os alimentos no prato de maneira divertida. Isso pode tornar a experiência de experimentar novas texturas mais positiva e envolvente. 

·       Dicas para hora da refeição de crianças autistas: 

A nutricionista especialista em introdução alimentar, seletividade Autista e TDHA, Tamires Oliveira, indica que desde a introdução alimentar, criar o hábito de sentar na mesa e comer junto com a criança é importante, assim eles irão crescer tendo essa disciplina de comer sentado sem telas/TV, mas o ambiente precisa ser favorável (se na hora da refeição for estressante para a criança, ela vai perder o interesse em comer). Ela cita maneiras de controlar o ambiente no momento da alimentação, confira: 

 

Passo a passo para uma refeição tranquila:  

·       Estruture a rotina, em especial no que diz respeito à alimentação;

·       Crie um ritual para familiarizar a criança com a hora de comer. Por exemplo: colocar a mesa/lavar as mãos/sentar/comer;

·       Evite lanches fora da rotina, evitando perda de apetite;

·       Realize refeições em família. Dessa forma, a criança pode ser incentivada a experimentar o que os pais estão comendo;

·       Ofereça alimentos variados, mas não force a comer, não façam chantagem Incentive a comer sozinho e ter autonomia;

·       Brinque de “fazer comidinha” e outros horários com utensílios de cozinha de brinquedo Permita que a criança escolha os utensílios a serem postos na mesa. Questione com qual talher, prato ou copo ela prefere comer; 

·       Ao cozinhar, convide para ajudar, seja no lavar um legume ou até mesmo misturar um bolo. Cultive alimentos em horta com a ajuda da criança. Desse modo, ela se familiariza com o que vai ou não comer; 

·       Celebre cada alimento novo que a criança comer.

 



REFERÊNCIAS:

Referências Google acadêmico -
https://scholar.google.com.br/scholar?q=autistic+adults+and+food+selectivity&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart

Abordando as Deficiências Nutricionais Comuns no Autismo -
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https://journals.lww.com/hrpjournal/fulltext/2014/03000/gastrointestinal_issues_in_autism_spectrum.5.aspx

Autism spectrum disorder and food neophobia: clinical and subclinical links

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FONTES:

Thomáz Baêsso - médico cirurgião atuante em nutrologia do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), com atuação em emagrecimento, hipertrofia e saúde sexual. CRM: 235249.


Sofia Pereira - médica atuante em endocrinologia do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais). 
Graduada pela escola de medicina Souza Marques, Pós graduada em endocrinologia e metabologia pela faculdade IPEMED de Ciências Médicas. Pós graduada em neurologia - IBCMED. Em sua prática clínica, atende homens e mulheres que buscam saúde, performance física, longevidade e bem-estar, além de cuidados com a saúde mental e neurotransmissores. CRM 52-996181

Alexandre Lucidi (@alucidi) - médico geneticista, atuante em Neurogenética e Neuroimunologia. Com atuação em Neurogenética e Neuroimunologia, graduado em Medicina pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), tem Residência Médica em Genética Médica pelo Instituto Nacional da Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, Fiocruz (IFF/Fiocruz) e Especialização em Neurologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Mestrando do Programa de Pós Graduação em Neurologia da UNIRIO/HUGG e participa de estudos fase 3 na mesma instituição. Integrante da equipe de Neurologistas do Hospital Copa D’Or/ Rede D’Or São Luiz e voluntário em ações de conscientização sobre a esclerose múltipla na Associação de Pacientes do Estado do Rio de Janeiro.

Tamires Oliveira (@tamiresoliveira.nutrir) - nutricionista especialista em introdução alimentar, seletividade Autista e TDHA. Nutricionista, ortomolecular e fitoterapeuta infantil em Itaguaí/Barra/on-line, atua na área de pediatria há 6 anos, sou especialista em introdução alimentar, obesidade infantil e doenças relacionadas, seletividade alimentar, nutrição esportiva infantil. Tem pós-graduação em nutrição funcional e terapia alimentar no autismo e TDHA, pós-graduação em nutrição clínica e nutrição materno-infantil.

Tatiane Schallitz - nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais). Graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), além disso, está pós-graduando em Fitoterapia pela UNIFATEC. Antropometrista ISAK I. Experiência em Nutrição Esportiva, Comportamental e Vegetarianismo.


Cientistas usam inteligência artificial e rede social para criar modelo que prevê ansiedade e depressão

 Estudo de grupo da USP publicado em revista científica descreve a construção da base de dados e a modelagem com os primeiros resultados (foto: Freepik)

 

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão usando inteligência artificial e uma das maiores plataformas do mundo, o Twitter, para tentar criar modelos de predição de ansiedade e depressão que, no futuro, podem dar sinais desses transtornos antes do diagnóstico clínico.

A construção da base de dados, chamada SetembroBR, foi um primeiro passo e está descrita em artigo publicado na revista científica Language Resources and Evaluation. O nome é uma homenagem ao movimento Setembro Amarelo – uma campanha de prevenção ao suicídio realizada anualmente – e também pelo fato de a coleta de dados ter começado em um mês de setembro.

Na segunda etapa do trabalho, ainda em desenvolvimento, os cientistas conseguiram alguns resultados preliminares. Entre eles, o que aponta ser possível detectar se uma pessoa apresenta maior risco de vir a desenvolver depressão apenas com base na rede social de amigos e seguidores, ou seja, sem levar em conta as postagens feitas pelo próprio indivíduo.

A base criada pelo grupo engloba informações relacionadas a texto (em português) e à rede de conexões de 3,9 mil usuários do Twitter que, posteriormente ao levantamento, relataram diagnóstico ou tratamento de transtorno mental. O corpus (ou a coletânea de informações sobre determinado tema) inclui todos os tweets públicos escritos por esses usuários individualmente – sem retuítes –, totalizando cerca de 47 milhões desses pequenos textos.

“Inicialmente fizemos uma coleta nas timelines em um trabalho artesanal, analisando textos de cerca de 19 mil usuários do Twitter, o que corresponde quase à população de uma pequena cidade. E depois usamos dois conjuntos – uma parte de usuários realmente diagnosticados com transtornos mentais e outra aleatória, que serviu de controle. Queríamos diferenciar pessoas com depressão e a população em geral”, explica Ivandre Paraboni, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP) e autor correspondente do artigo.

Além dos usuários, a pesquisa coletou textos da rede de amigos e de seguidores. Isso porque é comum uma pessoa que tenha algum tipo de transtorno mental seguir determinadas contas, como fóruns de discussão ou alguma celebridade que publicamente assumiu estar com depressão. “Essas pessoas se atraem porque têm interesses comuns”, completa Paraboni, que é pesquisador associado do Centro de Inteligência Artificial (C4AI), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e IBM Brasil na USP.

A Fundação também apoia o estudo por meio do projeto “Análise da linguagem em redes sociais para detecção precoce de transtornos de saúde mental”, liderado por Paraboni.

Distúrbios de saúde mental, entre eles depressão e ansiedade, têm sido apontados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma preocupação crescente no mundo. Estimativas do órgão calculam que cerca de 3,8% da população – ou 280 milhões de pessoas – é afetada pela depressão, de acordo com dados de 2021.

Com a pandemia de COVID-19, período em que os textos do Twitter foram coletados pelos pesquisadores, houve um aumento de 25% na prevalência global de ansiedade e depressão.

No Brasil, estudo recente do Ministério da Saúde envolvendo 784 mil participantes revelou que 11,3% dos brasileiros já foram diagnosticados com depressão, sendo a maior parte mulheres.

Pesquisas anteriores mostraram que transtornos mentais muitas vezes se refletem na linguagem usada por indivíduos que sofrem dessas condições, o que levou à realização de número considerável de trabalhos envolvendo Processamento de Linguagem Natural (NLP, na sigla em inglês), com foco em depressão, ansiedade e transtorno bipolar, entre outros. Porém, a maior parte foi realizada para a língua inglesa, nem sempre refletindo o perfil brasileiro.

Modelos

Para realizar o estudo, o grupo da USP submeteu o corpus textual a procedimentos de pré-processamento e limpeza de dados para remover hashtags, URLs, emoticons e caracteres fora do padrão, mas mantendo a escrita original.

Foram utilizados métodos de aprendizado profundo (do inglês deep learning) para criar quatro classificadores de texto e embeddings de palavras individualizadas ou dependentes de contexto usando modelos baseados em transformers do tipo BERT (um algoritmo de aprendizado profundo). Esses modelos correspondem a uma rede neural que aprende o contexto e o significado com o monitoramento de relações em dados sequenciais, como palavras em uma frase.

Como entrada, foi utilizada uma amostra de 200 tweets selecionados aleatoriamente de cada usuário. Os parâmetros são definidos executando cinco vezes a validação cruzada dos dados de treinamento e calculando os resultados médios.

A pesquisa detectou que os modelos de transformers do tipo BERT foram os que tiveram melhor desempenho nas tarefas de previsão de depressão e transtorno de ansiedade. A diferença entre ele e a segunda melhor alternativa, a LogReg, foi estatisticamente significativa.

Como os modelos analisam sequências de palavras ou frases inteiras, observou-se que indivíduos com depressão, por exemplo, tendem a falar de assuntos relacionados a eles mesmos, usando expressões e verbos na primeira pessoa, e temas como morte, crise e psicólogo.

“Os indicativos de depressão que aparecem no consultório não são necessariamente os mesmos que estão na rede social. Por exemplo: percebemos, de maneira bem forte, o uso na rede de pronomes na primeira pessoa, como “eu” e “mim”, o que na psicologia é um indicativo clássico de depressão. Mas também constatamos uma incidência alta entre os usuários depressivos da utilização do símbolo de coraçãozinho, o emoji da afetividade, que talvez ainda não esteja caracterizado na psicologia”, afirma Paraboni.

O professor destaca que os textos foram coletados totalmente anonimizados. “Não divulgamos nenhum tweet nem o nome de usuários. Tomamos o cuidado de nem os próprios alunos envolvidos no projeto terem acesso a dados de usuários para proteger a identidade das pessoas”, diz.

Agora, além de ampliar a base de dados, os pesquisadores trabalham para refinar a técnica computacional empregada e aprimorar os modelos iniciais visando, no futuro, uma ferramenta que talvez possa vir a ser aplicada na prática. Poderia auxiliar tanto em uma eventual triagem inicial de pessoas com indicativos de transtornos como ajudar pais, familiares e amigos de jovens com risco de depressão e ansiedade.

O Brasil é o terceiro país que mais consome redes sociais no mundo, segundo levantamento divulgado no início de março pela Comscore, atrás de Índia e Indonésia e à frente de Estados Unidos, México e Argentina.

São 131,5 milhões de usuários conectados no país durante 46 horas por mês, em média, o que representa quase dois dias inteiros. As redes mais acessadas pelos brasileiros são YouTube, Facebook, Instagram, TikTok, Kwai e Twitter, que recentemente mudou suas regras, além de passar a cobrar por alguns tipos de serviços.

O artigo SetembroBR: a social media corpus for depression and anxiety disorder prediction pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10579-022-09633-0#Ack1. 



Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/cientistas-usam-inteligencia-artificial-e-rede-social-para-criar-modelo-que-preve-ansiedade-e-depressao/41055/


Reposição de testosterona é perigoso ou não?

  

Muito se fala sobre os riscos de se fazer reposição hormonal, principalmente de testosterona. Porém, a falta deste hormônio também impõe riscos à saúde. 

A testosterona é um hormônio responsável pelas características masculinas mas também está presente nas mulheres, e pouca gente sabe, inclusive, que ele é o hormônio mais abundante na mulher, superando estrogênio em 3 a 4 vezes mais. 

Não é à toa que ele é tão importante para a libido, formação da massa muscular e perda de gordura. A baixa testosterona em nosso organismo aumenta o risco de depressão, demência, falta de memória, reduz a massa muscular e massa óssea, o que pode levar ao aumento de doenças metabólicas como obesidade, diabetes, resistência insulínica, alterações de colesterol e doenças cardiovasculares. 

Desse modo, é importante compararmos os riscos da reposição hormonal com a sua falta. O risco da reposição da testosterona está associado a eventos cardiovasculares, principalmente pela alteração do colesterol e aumento do hematócrito, o que pode desencadear trombos e infarto. 

Estudos evidenciaram a segurança do uso de testosterona mesmo em transgêneros masculinos, que chegam a usar doses 15 vezes maiores de testosterona do que em uma mulher cisgênero usaria para reposição. 

Nesses casos, em que as doses foram muito altas, observou-se um aumento de risco entre 1,2% a 3,7% para eventos cardiovasculares, mas, quando o acompanhamento é feito por um médico, a eficácia e a segurança da terapia faz ser possível e os eventos foram controlados. Diante disso, considera-se que em doses baixas e para pacientes que têm indicação e acompanhamento, a reposição de testosterona é sim, bastante segura, e com riscos muito pequenos. 

Nada na vida é sem risco, mas o risco de ficar sem o hormônio também é real. O ideal é que a dose da reposição hormonal com testosterona fique na zona hormética que pode ser considerada a zona ideal de quantidade hormonal. 

Então, quando se está nessa zona, o paciente tem muita segurança e muito benefício. Uma comparação que é fácil de entender é a tireoide. Se eu tenho muito hormônio tireoidiano, eu tenho hipertireoidismo e eu não estou saudável. Eu tenho tremores, emagrecimento, boca seca, queda capilar. E, ao contrário, se eu tenho hipotireoidismo, eu terei lentidão, ganho de peso, falta de concentração, entre outros problemas de saúde. Tanto o excesso quanto a falta de hormônios são ruins. 

Voltando para a questão do hormônio da testosterona, o caso é bem semelhante. Para alguns pacientes, será preciso reduzir a dose, para outros, aumentar, pois tanto o estrogênio quanto a testosterona em baixa ou em excesso são prejudiciais para a saúde. E o que é preciso buscar é essa zona ideal, o que é um processo individualizado para cada paciente. 

Inclusive para fins estéticos, em doses baixas e pela via correta, a reposição de testosterona traz menos risco que uma lipoaspiração, por exemplo, mas infelizmente ainda não existe liberação do uso da testosterona para esse fim. De forma geral, é imprescindível que se faça uma reposição de testosterona respeitando os limites da zona hormética e com acompanhamento médico.


Dra. Priscila Pyrrho - ginecologista e obstetra com visão integrativa da saúde da mulher. Pós-graduada em Medicina Fetal (Cetrus); pós-graduada em Termografia (FEMUSP); pós-graduada em Biofísica e Biorressonância (QuantimBio); pós-graduada em Medicina Integrativa (PUC); especialização em Sexualidade (Delphos); especialização em Ortomolecular (CMI) e com formação em Medicina do Estilo de Vida (MEV Brasil).


Semana da Saúde reforça os benefícios da atividade física para o sistema vascular

Prática de exercitar-se melhora a qualidade de vida e previne doenças como AVC, infarto e falta de circulação dos membros inferiores

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A atividade física deve fazer parte da rotina das pessoas, principalmente para quem tem problemas circulatórios. Quem se exercita tem menor risco de ter doenças vasculares periféricas, como o desenvolvimento de varizes, trombose, feridas, entre outras complicações.

A prática de forma regular é essencial para o sistema venoso, pois fortalece a musculatura, principalmente da panturrilha, favorece o retorno do sangue ao coração, diminui a pressão venosa nos membros inferiores e melhora os sintomas como dor, peso e inchaço, fortifica a parede das veias. Além disso, reduz os níveis de pressão arterial, colesterol no sangue, reforça o músculo do coração, ajuda a circulação arterial periférica e previne doenças como AVC, infarto e falta de circulação dos membros inferiores.

Conforme o cirurgião vascular e vice-diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular da Regional São Paulo, Dr. Vinícius Bertoldi, alguns exercícios físicos são essenciais e devem ser realizados com frequência. “Os mais favoráveis para o sistema circulatório são as caminhadas, corridas, hidroginástica, natação, ciclismo e alongamento. Já as atividades de alto impacto e intensas precisam ser avaliadas, pois podem sobrecarregar o sistema venoso. O esforço muscular, muitas vezes, acarreta lesão por sobrecarga. Por exemplo, a musculação com muito peso e muitas repetições são capazes de aumentar a pressão intra-abdominal, que dificulta o retorno de sangue ao coração e provocar uma piora de alguns sintomas como dor, sensação de peso, cansaço e inchaço. Vale ressaltar que a atividade física deve ser sempre realizada de forma segura, respeitando os limites e as condições de saúde de cada pessoa”, alerta o médico.

É comum que pacientes que já tiveram trombose venosa profunda (TVP) fiquem com dúvida em que momento devem voltar a praticar atividade física regularmente. Essas pessoas devem conversar com o especialista vascular antes de iniciar qualquer programa de exercícios, pois a gravidade da trombose e a presença de outras condições médicas podem influenciar na recomendação e no tipo de atividade inicial. Em geral, a prática é benéfica para pessoas que tiveram TVP, pois ajuda a melhorar a circulação sanguínea e prevenir a formação de novos coágulos. No entanto, a intensidade e o tipo da atividade recomendada devem variar de acordo com as características individuais de cada paciente. O importante é sempre seguir as orientações para evitar o risco de complicações. “De uma forma geral, o quanto mais cedo o paciente começar a deambular, melhor para a recuperação, e também diminui a chance de síndrome pós-trombótica, que são as sequelas deixadas na perna após um episódio de trombose”, afirma o Dr. Bertoldi.

Outra orientação durante os exercícios é usar a meia de compressão. Em alguns casos específicos, como em pessoas que têm problemas de circulação sanguínea nas pernas, como varizes ou insuficiência venosa crônica, a meia ajuda a melhorar a circulação sanguínea e a prevenir a formação de coágulos, estabiliza a vibração muscular e diminui os sintomas como inchaço, dor e sensação de peso durante e após as atividades. É fundamental que o tamanho seja adequado à forma das pernas do paciente para garantir a eficácia do tratamento. O tipo e a compressão ideal devem ser recomendados pelo médico vascular.

A recomendação para uma vida saudável é ter como rotina os exercícios adequados a cada pessoa. Além disso, é imprescindível incluir uma alimentação equilibrada, ingerir bastante líquido, controlar o peso, colesterol, açúcar no sangue, pressão arterial, ter um sono regular, evitar tabagismo e a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e, sobretudo, respeitar os limites do corpo. Seguindo essas orientações, é possível contribuir para o bom funcionamento do organismo como um todo, melhorando a disposição e o bem-estar. “Muitas doenças só precisam ser prevenidas para evitar o tratamento desgastante. Por isso é sempre importante fazer um check-up. Viver bem é viver saudável”, orienta o cirurgião vascular.

O cirurgião vascular e presidente da SBACV-SP, Dr. Fabio Rossi, também salienta a importância da atividade física para garantir uma boa qualidade de vida. “Nada substitui a alimentação saudável e a prática do exercício físico para a prevenção das doenças vasculares, seja no sistema circulatório arterial, venoso ou linfático. O estímulo a essas práticas deve ser iniciado já na infância, e a SBACV-SP vem fazendo várias campanhas para educar a população nesse sentido. Além disso, caso apareçam sintomas, é muito importante que o cirurgião vascular seja procurado, pois mesmo que inicialmente não sejam graves, por meio de exames não invasivos, como o Doppler Vascular, é possível identificar se existe algum distúrbio circulatório e a sua gravidade”.

 

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No Dia Mundial de Combate ao Câncer, SOBOPE esclarece dúvidas sobre o tratamento oncológico de jovens e crianças

 O Câncer infanto-juvenil é hereditário? A prática de atividades esportivas e até a ida à escola são permitidos durante o tratamento? Entidade reforça pontos importantes para o sucesso do tratamento



A data de 8 de abril é marcada como o Dia Mundial do Combate ao Câncer. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade. Mesmo diante desses números, ainda existem inúmeras dúvidas acerca daquilo que o público infantojuvenil em tratamento oncológico deve ou não fazer. A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), além de reforçar a importância da atenção aos sinais e sintomas para o diagnóstico precoce, esclarece alguns mitos e verdades sobre o tema.

A primeira dúvida é justamente sobre a origem do câncer. Muitos acreditam que o câncer infantil é somente de natureza hereditária, o que não é verdade, segundo Dr. Neviçolino de Carvalho, médico oncologista e presidente da SOBOPE. “Embora o câncer infantil não esteja diretamente ligado a hábitos alimentares e ausência de atividade física, não se pode atribuir a predisposição genética como o único fator de risco. De fato, menos de 10% dos casos pediátricos são causados por herança genética - a maioria ainda é de origem desconhecida”, afirma.

Outra dúvida muito recorrente é sobre a frequência escolar. Segundo o presidente da SOBOPE, a participação presencial nas aulas dependerá da fase de tratamento do paciente e da decisão de seu oncologista. "Há etapas do tratamento em que há maior risco de infecções devido à queda das células de defesa causada pela quimioterapia e radioterapia. Neste caso, o recomendado é não frequentar a escola. O melhor momento de voltar às aulas deve ser orientado pelo oncologista que trata a criança", pondera o oncologista.

Considerada de fundamental importância, a prática de atividades esportivas também deve ser avaliada caso a caso. De acordo com o oncologista, a terapia contra o câncer pode provocar anemia e diminuição das plaquetas e, nesse contexto, as atividades físicas não são recomendadas. “Novamente, cabe uma avaliação do profissional que acompanha o tratamento”, reforça. Poder ou não frequentar piscina e praias é mais um ponto que gera dúvidas. "Em geral, a maioria dos pacientes tem cateteres centrais e, em muitos momentos do tratamento, estão vulneráveis à infecção. A pele fica mais sensível. Portanto, o recomendado é não liberar até que o quadro evolua e o oncologista permita", responde o presidente da SOBOPE.

Apesar de administrar restrições durante o tratamento, é essencial que os responsáveis ajudem a garantir uma boa formação social e educacional para crianças e adolescentes com câncer. Para o Dr. Neviçolino Pereira, “na medida do possível, eles não devem deixar de ter suas experiências. Caso surjam janelas de oportunidade, vale conversar com o médico. Por mais cuidados que devamos ter, é necessário, até mesmo para o sucesso do tratamento, que elas continuem brincando, se relacionando entre si e realizando suas atividades habituais, sempre que o tratamento permitir”, finaliza.


Abril Azul: por que o diagnóstico do TEA é tão desafiador


Alguns transtornos podem se confundir com o TEA, como o TDAH e a síndrome de Savant  

 

A ONU (Organização das Nações Unidas) definiu o 02 de abril como Dia Mundial de Conscientização do Autismo (World Autism Awareness Day). Ao longo do mês, é realizada a Campanha Abril Azul, para conscientizar a população sobre a inclusão de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que dentre 200 milhões de habitantes, cerca de 2 milhões possuem o TEA. Para comprovar esse número e entender a prevalência do TEA no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) colocou, pela primeira vez, o transtorno no radar das estatísticas, com o objetivo de mapear quantas pessoas vivem com o TEA e quantas podem ter, mas ainda não receberam o diagnóstico. 

Esse dado foi incluído após a sanção da Lei 13.861/19, que obriga o IBGE a inserir perguntas sobre o autismo no Censo de 2020. Esses dados deveriam ter sido mapeados em 2020, mas foram adiados para 2022 por conta da pandemia do COVID-19. 

Já segundo o mais recente relatório divulgado em 2021 pelo CDC (Center of Diseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, 1 em cada 44 crianças tem TEA. Os dados são baseados exclusivamente em declarações de diagnóstico de TEA, com crianças de 3 a 8 anos. 

As pesquisas mostraram diferenças importantes nos resultados entre os grupos raciais e étnicos. Em várias regiões, as crianças hispânicas apresentaram menor prevalência de TEA do que crianças brancas e crianças negras não hispânicas. 

“É fundamental aprofundar estes estudos para entender o motivo de tanta diferença no diagnóstico de TEA quando comparado a regiões geográficas (Estados, cidades, bairros) e diferenças raciais. Assim, é possível descobrir mais sobre o transtorno e investigar suas causas que, hoje, são apontadas como genéticas e ligadas a fatores ambientais”, defende Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

 

Entenda o TEA na infância

Segundo a psiquiatra, o diagnóstico começa pela observação do comportamento da criança. 

“O TEA, na realidade, envolve um grupo de transtornos do neurodesenvolvimento, de início precoce (antes dos 2-3 anos de idade), e que se caracteriza por dois aspectos principais: dificuldade de interação social e de comunicação. Uma criança neurotípica (que não possui problemas de desenvolvimento neurológico) começa a interagir com outras pessoas em torno dos 4-6 meses de idade”. 

De acordo com ela, a criança é capaz de sorrir quando vê alguém conhecido ou reagir com medo se um estranho, por exemplo, tenta pegá-la no colo. A medida que a criança cresce, o amadurecimento permite que a interação com outras pessoas se torne possível antes da aquisição da linguagem e da fala. 

Ao longo dos primeiros anos de vida, estas evoluções indicam o progressivo aumento da capacidade de interação social da criança. Já aquela com TEA se mostra indiferente à interação social e não expressa a reciprocidade no contato com outras pessoas. Tem grande dificuldade na comunicação verbal e não verbal, e parece desligada do ambiente em torno de si. A linguagem corporal e o contato visual com outras pessoas se mostram prejudicados. 

“Numa idade maior, o desinteresse em brincar com outras crianças é ainda mais nítido. Normalmente, ela se isola e se fixa em uma única atividade, com ritualização de movimentos repetitivos. Outra característica é a dificuldade de seguir rotinas, além de apresentar hipo ou hiperatividade aos estímulos sensoriais”, reforça Danielle Admoni.

 

Por que o diagnóstico é complexo

Há uma certa dificuldade em entregar um diagnóstico preciso, principalmente em meninas, pois elas não costumam se encaixam na maioria dos estereótipos do TEA e apresentam sintomas muito mais mascarados do que meninos. 

“Alguns transtornos também podem ser confundidos com o TEA, por apresentarem sinais semelhantes, como dificuldades no desenvolvimento, principalmente o social e de comunicação”, aponta Danielle Admoni. 

Veja alguns exemplos:

 

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Há dificuldade para prestar atenção e concluir tarefas, além de haver episódios de agitação e impulsividade.

 

Síndrome de Savant

Há uma capacidade de memorização elevada e resolução de problemas matemáticos, mas apresenta um déficit de inteligência em alguns aspectos e dificuldades de interação social.

 

Síndrome X-Frágil

Muito semelhante ao TEA, pois os sintomas mais característicos são os distúrbios de comprometimento intelectual, desde leve dificuldade no aprendizado até deficiência mental grave. 

“Devido à falta de informação, muitas famílias não conseguem perceber os primeiros sinais do transtorno, que podem surgir antes da criança completar um ano. Sendo assim, é muito comum obter o diagnóstico tardio”, conta a psiquiatra.

 

Tratamento

Embora o TEA não tenha cura, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental, envolvendo psicólogo, pediatra, psiquiatra, fonoaudiólogo, neurologista, entre outros especialistas. 

Medicamentos são utilizados quando há outros sintomas associados, como ansiedade, TDAH, depressão, transtorno obsessivo compulsivo, agitação, irritabilidade, distúrbios do sono, entre outros. Para cada situação, há uma medicação específica. 

“Vale lembrar que a busca por terapias com práticas baseadas em evidências científicas pode fazer toda a diferença. Também é fundamental entender que a evolução da criança e as intervenções utilizadas pelos profissionais podem variar muito, já que o TEA pode afetar cada criança de maneira totalmente distinta”, finaliza Danielle Admoni.

 

Dia Mundial da Saúde: pesquisa revela que, no Brasil, jovens são os que mais enfrentam barreiras para uma vida saudável

 

Falta de dinheiro, motivação e de tempo são os principais motivos citados entre pessoas de 18 e 25 anos  


O dia 07 de abril é conhecido mundialmente como o Dia da Saúde, e a OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que, quatro entre cinco adolescentes no mundo são sedentários, especialmente as meninas. No Brasil, o quadro se agrava, já que 84% dos jovens entre 11 e 17 anos não praticam uma hora diária de atividade física, conforme é recomendado pela instituição.

Em pesquisa recente, focada no futuro do bem-estar, a Essity, líder global em higiene e saúde, entrevistou mais de 15 mil pessoas em 15 países, entre eles o Brasil, para entender melhor sobre o comportamento dos consumidores e suas visões sobre alguns temas em torno da saúde e higiene.

Um dado curioso identificado no estudo, que reforça as informações da OMS, mostrou que 36% dos jovens brasileiros, principalmente com idades entre 18 e 25 anos, dizem que a motivação é a principal barreira para terem uma vida mais saudável. Outros motivos são a falta de dinheiro, razão de 35% dos entrevistados e a falta de tempo para se cuidar, resposta de 33% desses jovens.

Nesta faixa etária, a pesquisa aponta que as pessoas também enfrentam questões para ter uma melhor higiene pessoal: 21% declaram ser por questões financeiras,16% por falta de motivação e 12% por não ter acesso às ferramentas corretas para isso.

“Nosso propósito na Essity é levar educação em torno de questões que são tabus no âmbito da higiene e saúde, para todos. Temos este compromisso com a sociedade, e claro, não podemos deixar de lado a população jovem, que enfrenta muitas questões ao longo de seu desenvolvimento, principalmente emocionais. Em nossa companhia, procuramos encontrar soluções para reverter este quadro e ajudar que a próxima geração seja mais saudável e mais bem informada”, afirma Victor Hernández Albiter, Vice-Presidente de Vendas e Marketing da Essity para o South LATAM.

Outros números revelam que alguns temas relacionados à saúde ainda são tabus. 1 entre 4 jovens declararam ter perdido um dia de escola ou trabalho, por conta de seu ciclo menstrual. Além disso, o Brasil é o país onde 16% das pessoas evitam falar sobre menstruação, ficando atrás apenas da Índia, com 19% e Estados Unidos, com 17%. Por aqui, dos entrevistados que possuem questões de obesidade, 23% evitam falar sobre seu peso. Quando o assunto é incontinência urinária, 19% das pessoas que tem escape de urina, não falam sobre, enquanto 17% dos que estão vivendo questões com sua saúde mental, não se sentem confortáveis em conversar sobre o tema.

 

Essity

www.essity.com



Para o combate ao câncer é preciso caminhar junto!


O dia 8 de abril é lembrado no mundo todo como Dia Mundial de Combate ao Câncer. Como oncologistas clínicos, evitamos expressões como combate, luta, guerra ou batalha. Ao diagnosticar um paciente, buscamos alertá-lo sobre os caminhos que percorreremos juntos ao longo do tratamento da doença. Falamos da jornada, dos desafios, das conquistas, dos bons e maus momentos que virão pela frente. Nunca é simples ou fácil, mas sempre é possível. 

Os números relacionados ao câncer são impressionantes, seja pela abrangência e aumento de casos, seja pelos altos custos envolvidos na busca de melhores tratamentos. Estima-se que o Brasil diagnosticará entre 2023 e 2025 mais de 700 mil casos da doença por ano. As regiões Sul e Sudeste concentram 70% da incidência. O câncer de pele não melanoma ainda é o mais comum no país, representando 31,3% da incidência, seguido pelos cânceres de mama (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%) e pulmão (4,2%).  

O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, sendo responsável por 10 milhões de óbitos em 2019. A incidência e a mortalidade estão aumentando globalmente, e esse crescimento reflete o envelhecimento da população mundial e a presença de fatores de risco, como tabagismo, consumo de álcool, alimentação pouco saudável, inatividade física e poluição do ar.

Um artigo publicado no Jama Oncology, em fevereiro de 2023, apresenta estimativas e projeções do custo econômico global de 29 tipos de câncer em 204 países e territórios de 2020 a 2050. O custo econômico global estimado do câncer de 2020 a 2050 é de US$ 25,2 trilhões, equivalente a um imposto anual de 0,55% sobre o produto interno bruto global. Os cinco tipos de câncer com maior custo econômico são o câncer de traqueia, brônquios e pulmão (15,4%); câncer de cólon e reto (10,9%); câncer de mama (7,7%); câncer de fígado (6,5%); e leucemia (6,3%). A China e os EUA enfrentam os maiores custos econômicos do câncer em termos absolutos, respondendo por 24,1% e 20,8% da carga global total, respectivamente.

Embora 75,1% das mortes por câncer ocorram em países de baixa e média renda, sua participação no custo econômico do câncer é menor, em 49,5%. Isso significa que o custo econômico do câncer é distribuído de forma desigual entre os tipos da doença, países e regiões. No Brasil, os encargos macroeconômicos anuais de 2020 a 2050 representaram 0,26% do PIB. A perda de produtividade, relacionada ao capital humano, representa 0,24%, do PIB total de 2020 a 2050.

O estudo apresentado no JAMA reforça que investir em intervenções eficazes de saúde pública para reduzir os gastos com câncer é essencial para proteger a saúde global e o bem-estar econômico. O que o estudo chama de intervenção, nós, do Grupo SOnHe, chamamos de filosofia. Como oncologistas clínicos, acreditamos que a relação médico-paciente seja fundamental tanto na prevenção quanto no tratamento do câncer.  Precisamos de investimento em pesquisa médica para reduzir a incidência, prevalência e mortalidade do câncer, bem como em pesquisa para identificar intervenções de saúde pública com boa relação custo-benefício. Devemos fortalecer a atenção primária e facilitar a inclusão de programas de rastreamento de câncer com boa relação custo-benefício nos pacotes de benefícios do seguro e adotar formas inovadoras de prestação de cuidados de saúde. E essas devem ser as nossas lutas! 

 

André Sasse - oncologista e CEO do Grupo SOnHe. Formado em Medicina e com residência em Oncologia Clínica pela Unicamp. É diretor médico do Radium e coordenador da oncologia dos Hospitais Madre Theodora, Santa Tereza e PUC-Campinas. 

Vinícius Conceição - oncologista e sócio do Grupo SOnHe. Formado em Medicina e com residência em Oncologia Clínica pela Unicamp. Tem título de especialista em Cancerologia e Oncologia Clínica pela Sociedade Brasileira de Oncologia.


Páscoa: Comer chocolate faz bem para a saúde do coração

Recomenda-se o consumo diário ou no mínimo de 3 a 5 vezes por semana 

 

A Páscoa está chegando e a procura por ovos de chocolate ao leite, amargo ou branco aumenta nesta época do ano. Estudos diversos apontam os benefícios do consumo de cacau, principalmente relacionados à saúde cardiovascular. O chocolate, rico em flavonoides, possui efeito anti-inflamatório e antioxidante, que protege as células contra os efeitos dos radicais livres produzidos pelo organismo.

Segundo Alexandra Corrêa de Freitas, nutricionista e professora do curso de Nutrição da Faculdade Santa Marcelina, o consumo moderado do chocolate aumenta a função do óxido nítrico do corpo, reduzindo a pressão arterial e aumentando o fluxo vascular. “O cacau proporciona muitos benefícios à saúde pois tem propriedades antioxidantes, redução da pressão arterial, melhora no fluxo sanguíneo, controla nos níveis de insulina e colesterol, melhora na cognição, aprendizagem e memória e traz sensação de bem-estar, devido ações de hormônios como endorfina e da dopamina, que são produzidos com o consumo do chocolate”, disse.

A nutricionista complementa que para obter os diversos benefícios que o chocolate proporciona, recomenda-se o consumo diário ou no mínimo de 3 a 5 vezes por semana, de chocolates com maior concentração de cacau, sendo ideal aqueles que possuem no mínimo 70% cacau. “A quantidade aconselhada deve ser de 30g ao dia, o que seria equivalente a 2 a 3 quadradinhos das barras de chocolate. É realmente importante atentar-se à quantidade e tipo do chocolate escolhido, pois em excesso pode aumentar os níveis de glicose e colesterol no sangue, favorecer o ganho de peso e com isso, aumentar o risco das doenças cardiovasculares”, explica. 

A seguir, a nutricionista Alexandra Corrêa de Freitas, explica como é feito o chocolate e a melhor opção para o consumo.


Do que o chocolate é feito?

O principal ingrediente necessário para a fabricação de chocolate é o cacau, mas nem só de cacau se faz um chocolate. Os chamados chocolates ao leite, por exemplo, além de cacau possuem leite e açúcar em sua composição. O cacau tem sabor amargo e, por isso, os chocolates mais amargos são os que possuem maior concentração de cacau e menor composição de açúcar. Por outro lado, o chocolate branco não possui cacau e é composto apenas por manteiga, leite em pó e açúcar. 


Qual chocolate é melhor?

Considerando que o cacau é o ingrediente que contém os flavonoides, que por sua vez são substâncias com funções benéficas à saúde, quanto mais amargo o chocolate, maior seu teor de cacau e então, maiores os benefícios para a saúde. O chocolate ao leite contém alguma quantidade de flavonoides, porém pouca. E, o chocolate branco, por não conter cacau, não traz qualquer benefício adicional à saúde, a não ser pelo prazer de comer e degustar o seu sabor, o que também tem sua importância. Mas, no fim, a dica é: quanto mais amargo, melhor! 


Chocolate ao leite, chocolate meio amargo e chocolate amargo. Qual a diferença?

A diferença entre esses tipos de chocolate está na concentração de ingredientes como o cacau, leite, açúcar e gordura. Quanto menor a concentração de cacau, maior será a quantidade dos demais itens. Os chocolates meio amargos, 70% cacau ou mais, possuem mais cacau e menor quantidade de açúcar, leite e gordura, quanto maior for o amargo e a quantidade mencionada de cacau. Já o chocolate ao leite tem bastante variação, mas em geral possuem mais açúcar, leite e gordura do que o cacau propriamente dito.


Chocolate branco também tem benefícios?

O benefício do consumo do chocolate branco está relacionado apenas ao prazer de comer e degustar seu sabor doce mais acentuado. Como os benefícios ao coração, cérebro e bem estão relacionados ao cacau e, o chocolate branco não tem cacau em sua composição, ele não oferece essa vantagem de aliar o prazer em comer com benefícios mais diretos à saúde. Aliás, o chocolate branco contém maior teor de gordura e açúcar, por isso recomendamos o consumo cuidadoso deste alimento.


Comer chocolate é bom, por quê?

Primeiramente porque o chocolate faz parte do nosso hábito alimentar e é um alimento apreciado pela maioria das pessoas, então, comer o que se gosta com prazer e sem culpa é sempre bom. Além disso, considerando os benefícios que podem trazer à saúde, fica ainda melhor. Por esta razão, manter o chocolate em sua dieta pode fazer bem. Apenas, atente-se as quantidades e ao tipo de chocolate escolhido.

  

Faculdade Santa Marcelina


Conheças as vacinas especialmente recomendadas para a pessoa com diabetes

Diabetes favorece risco de infecções e suas complicações 

 

“Muitas pessoas com diabetes desconhecem que a doença traz mais riscos de infecções, o que aumenta as chances de complicações e mortalidade. E essas pessoas sequer sabem que existem vacinas, especialmente, para muitas das infecções bacterianas e virais”, alerta Dra. Marise Lazaretti Castro, endocrinologista da Escola Paulista de Medicina, Unifesp. 

Entre as infecções que mais acometem pessoas com diabetes está a respiratória: pneumonia, influenza e Sars-CoV-2. E quanto mais idade tem a pessoa com diabetes, menor o grau de imunidade e de resposta imunológica. “Esses indivíduos devem seguir o calendário e idades indicadas para vacinação. Nos adultos, ressalto, especialmente, a vacina contra a herpes-zoster, a hepatite B e a pneumonia, já que o diabetes os coloca num grupo de maior risco para tais doenças”, explica a médica que também é diretora da Clínica Croce, centro de infusão e de vacinação para todas as idades. 

A endocrinologista conta que antes de indicar uma vacina para esse tipo de paciente, é necessário observar: qual estágio ele está no diabetes e qual o tipo de vacina indicar, para que seja possível entender se não há nenhuma contraindicação (no caso de vírus vivo) e como será a resposta imunológica à vacina (para vacinas com vírus inativado). 

As vacinas especialmente recomendadas para a pessoa com diabetes são:

- Influenza (preferencialmente a quadrivalente)

- Pneumocócicas conjugadas (VPC10 ou VPC13)

- Pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23)

- Hepatite B

- Herpes-zoster

Um paciente com diabetes não vacinado e infectado pelo pneumococo tem mais risco de apresentar complicações como: otite, sinusite, meningite e bacteremia (presença de bactérias na corrente sanguínea). 

“É importante lembrar que vacinas salvam vidas. Crianças, adultos e idosos devem sempre estar com a carteira de vacinação em dia para proteção individual contra doenças muito graves, mas, também, proteção coletiva. Crianças levam para casa doenças como pneumonia, influenza...elas carregam vários microorganismos. É fundamental a imunização em massa nas crianças para proteção indireta do adulto”, finaliza a endocrinologista.


Clínica Croce
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Tabagismo está associado a dor crônica

Conforme a médica intervencionista em dor, dra. Amelie Falconi, estudos científicos revelaram que o tabagismo está relacionado ao desenvolvimento de dores nas costas e de várias neuropatias, que apresentam entre seus sintomas a dor crônica 

 

O Ministério da Saúde adverte há anos: fumar causa diversos males à saúde. Entre as doenças mais associadas ao tabagismo estão as relacionadas ao coração e a vários tipos de câncer, tais como o de pulmão, pâncreas, bexiga, e até leucemia. Nas mensagens estampadas no verso dos maços de cigarro, contudo, somos informados a respeito de outros diversos problemas decorrentes do vício, entre os quais: impotência sexual, envelhecimento precoce, aborto espontâneo etc.

Conforme a médica intervencionista em dor, dra. Amelie Falconi, o que não é muito difundido é que fumar pode ser um problema para quem sofre de uma doença invisível: a dor crônica. “Pesquisas científicas já revelaram que o tabagismo é um dos fatores que está relacionado ao  desenvolvimento de diversos tipos de neuropatia, doença que atinge o funcionamento dos nervos periféricos e pode afetar tanto a sensibilidade quanto a motricidade e não raramente ocasiona dor crônica”, afirma.

Entre as neuropatias mais comuns relacionadas ao tabagismo, conforme os estudos científicos, estão: a síndrome do túnel do carpo, nervo comprimido no punho que causa dormência e formigamento na mão e no braço; a síndrome do túnel cubital, compressão do nervo cubital no cotovelo, que acarreta dormência ou formigamento nos dedos anelar e mínimo, dor no antebraço e fraqueza na mão; e a neuropatia diabética, complicação do diabetes, que pode ocasionar dor, falta de sensibilidade, formigamentos e falta de força nas mãos e nos pés.

Dra. Amelie ressalta que os trabalhos científicos apontam ainda para a ligação entre o tabagismo e dores nas costas e dores decorrentes de hérnias de disco, a famosa “dor no ciático”. “Os estudos confirmam que o tabagismo diminui a circulação sanguínea nos platôs do disco intervertebral, o que causa má nutrição do disco e pode induzir a sua degeneração, que por sua vez, pode acarretar dor nas costas e a formação da hérnia de disco”, explica.

As pesquisas constatam também que pode haver uma relação entre o tabagismo e a intensidade da dor dos pacientes que sofrem das neuropatias. “Pessoas que fumam relataram maiores níveis de dor crônica em comparação com pacientes não fumantes”, diz a médica intervencionista em dor. Nesse sentido, adeptos do tabagismo que sofrem com dor crônica costumam consumir mais analgésicos do que aqueles que não têm o hábito de fumar.

Para dra. Amelie, as informações coletadas pelos levantamentos científicos corroboram duas mensagens que ela busca transmitir diariamente a seus pacientes. A primeira é a de que o estilo de vida interfere na dor. De acordo com a médica intervencionista em dor, não apenas o hábito de fumar pode piorar a intensidade desta doença invisível, mas também, uma alimentação pobre em nutrientes e baseada em industrializados, uma higiene do sono ruim, e a não prática de exercícios físicos.

A segunda mensagem, consequência da primeira, é de que o tratamento da dor crônica não se resume a ingestão de medicamentos. Conforme dra. Amelie, é preciso atuar de forma integrada, para mitigar esta doença invisível, buscando intervir nos fatores de risco e também  em outros dois pontos que estão intrinsicamente ligados a ela: o sono e a saúde mental. “Tratar da dor é tratar de tudo”, afirma dra. Amelie. 

  

Dra. Amelie Falconi - Especialização em Medicina da Dor pela Santa Casa da Misericórdia de São Paulo. Título de Especialista em Dor pela AMB (Associação Médico Brasileira). Fellow Of International Pain Practice (FIPP) pelo World Institute of Pain (WIP). Fellowship de Intervenção em Dor - Clínica Aliviar / sinpain Rio de Janeiro. Pós-graduação em Medicina Intervencionista da Dor Guiada Por Ultrassonografia – sinpain. Pós-graduação em Anestesia Regional - Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês. Especialização em Anestesiologia MEC / SBA. Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionista da dor do Hospital Albert Einstein. Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionistada dor na Faculdade sinpain.

 

Obrigatoriedade de emissão da NFS-e pelo MEI é adiada para setembro

Receita Federal/divulgação
Segundo o Sebrae, ao emitir a NFS-e o empreendedor fica dispensado da Declaração Eletrônica de Serviços, bem como do documento fiscal municipal relativo ao ISS 


O Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) prorrogou para 1º de setembro de 2023 o início do prazo da obrigatoriedade da emissão da Nota Fiscal de Serviços eletrônica (NFS-e) que estava prevista para 3 de abril.

A partir da nova data, todos os MEI do país que prestarem serviços para pessoas jurídicas deverão emitir suas Notas Fiscais de Serviço no padrão nacional.

Quem comercializa mercadorias não está abrangido pela norma.

Segundo o Sebrae, quando o MEI emitir a NFS-e ele ficará dispensado da Declaração Eletrônica de Serviços, bem como do documento fiscal municipal relativo ao ISS referente a uma mesma operação ou prestação.

Mesmo com o adiamento, a plataforma da NFS-e de Padrão Nacional já está disponível. O documento também pode ser emitido pelo aplicativo NFS-e Mobile, disponível nas plataformas Android e Apple.

Qualquer MEI prestador de serviços no país, independente do convênio do seu respectivo município, já pode emitir suas NFS-e dentro do padrão nacional.

Atualmente, a NFS-e conta com a adesão de 180 municípios, sendo 18 capitais, o que corresponde a aproximadamente 50% do volume total de Notas Fiscais de Serviço emitidas no país.

Participam do projeto o Sebrae, a Receita Federal do Brasil (RFB), a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a Associação Brasileira de Secretarias de Finanças das Capitais (ABRASF), a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o Serpro e diversas entidades e associações que representam os municípios e os prestadores de serviço.

 

Redação DC
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/obrigatoriedade-de-emissao-da-nfs-e-pelo-mei-e-adiada-para-setembro


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