Existe uma grande distorção na
destinação dos recursos que o Brasil emprega na educação. Enquanto o país é um
dos que menos gasta com os alunos do ensino fundamental e médio, as despesas
com estudantes universitários se assemelham às nações desenvolvidas da Europa,
segundo levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). No estudo Olhar sobre a Educação, a organização
analisou os sistemas educacionais de 45 nações, entre elas, países
desenvolvidos e economias emergentes como China, Argentina e África do Sul.
O Brasil gasta anualmente US$ 3,8 mil
por aluno até a 5.ª série do ensino fundamental. A quantia representa menos da
metade dos recursos empregados pelos europeus, que tem como média US$ 8,7 mil
de investimentos. Para efeito de comparação, Luxemburgo, o primeiro país do
ranking, tem gastos em torno de US$ 21 mil para a mesma faixa. Das nações
analisadas, apenas seis gastam menos que o Brasil, entre elas, Argentina,
Colômbia e Indonésia.
Já no caso do ensino superior, a
situação é bem diferente. Os gastos brasileiros superam os US$ 11 mil por
aluno – o que representa mais que o triplo das despesas com ensino
fundamental. Com o valor, o Brasil chega perto de países como Portugal e
Espanha, que têm custos em torno de U$ 12 mil. A média de gastos dos países da
OCDE é de US$ 16 mil por aluno da graduação. Apesar do aporte financeiro que dá
ao ensino superior, o Brasil tem um dos índices mais baixos de jovens entre 25
e 34 anos com diploma universitário.
O fato é que nos últimos anos houve um
aumento de investimentos públicos na educação, mas os resultados ainda são
pífios, principalmente em relação à melhoria do aprendizado ou à qualidade do
ensino. O Brasil continua entre os últimos colocados nas avaliações internacionais
que medem conhecimentos de estudantes.
Apesar do maior acesso à educação, com
a inclusão de estudantes menos favorecidos no ciclo escolar, o atraso na
aprendizagem tem puxado o desempenho para baixo. Por isso, a importância de se
investir em infraestrutura nas escolas, na formação e salário de professores e
em um ensino fundamental e médio mais eficiente. Investir em educação é a única
garantia de desenvolvimento sustentável para o país.
Luiz Gonzaga Bertelli - presidente do
Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da
Academia Paulista de História (APH).
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