Pesquisar no Blog

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Deficientes auditivos enfrentam dificuldades para se inserirem no trânsito



 


  Em outubro de 2015 a prova teórica do Detran/SP foi aplicada a um candidato surdo com intermédio de um intérprete pela primeira vez



Buzinas, ruído dos motores e do atrito entre pneu e asfalto compõe uma “sinfonia do trânsito” que, para muitos, gera estresse e aflição. Porém, para alguns, dirigir é uma atividade silenciosa e não é por opção. A estes, a principal barreira quando o assunto é trânsito não são os buracos na via ou os congestionamentos, mas envolve a comunicação com os demais usuários. A Perkons ouviu especialistas que atuam com a inclusão de deficientes auditivos no trânsito para conhecer quais os avanços e obstáculos ainda a superar para que condutores e pedestres surdos se desloquem com segurança.

O olhar impaciente dos outros motoristas denuncia o desconhecimento em relação à surdez do prof. Neivaldo Zovico, diretor regional da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos de São Paulo (FENEIS) e coordenador nacional de Acessibilidade para Surdos. Depois de instantes sem entender o que acontecia, ele verifica pelo retrovisor a luz que indica a sirene ligada de uma ambulância que aguardava passagem. Recorrentes, episódios como esses colocam quem os vivenciam em uma posição embaraçosa. “As pessoas acham que somos mal-educados”, lamenta.

A experiência em uma instituição que reivindica os direitos dos surdos, somada a mais de três décadas de condução, fazem Zovico não ter dúvidas sobre o principal entrave para a inclusão dos surdos no trânsito. “O grande problema é que nem todas as autoescolas têm intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Como ela é o primeiro idioma dos surdos, antes mesmo do português, a falta de intérpretes e de provas adaptadas gera dificuldade de compreensão e entendimento por parte dos alunos surdos”,  pontua.

As dificuldades, entretanto, extrapolam o processo de obtenção da carteira e adentram a esfera da interação com motoristas não surdos, contratempo que ocasiona incidentes como o vivido por Zovico. Para conter estes casos, a Lei 8.160/1991 sugere o uso do Símbolo Internacional de Surdez adesivado na traseira dos veículos conduzidos por surdos como uma alternativa para indicar aos demais condutores que aquele motorista não irá responder a ruídos de sirenes ou buzinas, sendo a sinalização por faróis o recurso mais apropriado. A lei, contudo, não foi regulamentada e sua aplicação é, portanto, facultativa.

Com cidades mais acessíveis todos ganham
A legislação, porém, não é o único elemento a definir a rotina no trânsito dos deficientes auditivos. Seja como condutor ou pedestre, o surdo depende dos investimentos do Estado para uma infraestrutura acessível. Envolvido com propostas para acessibilidade, o estado de São Paulo, através da integração do Detran com o programa de Atenção à Acessibilidade, facilita o acesso de pessoas com deficiência no processo de habilitação. Com o projeto, apenas no período entre janeiro e abril de 2015, 18 mil candidatos surdos foram aprovados no exame. Em outubro do mesmo ano, a prova teórica passou a ser aplicada a esses candidatos com mediação online de um intérprete. “Essa é uma ação pioneira no país. Vale ressaltar que a função do intérprete não é ajudar o candidato a responder as questões, mas mediar a compreensão das perguntas”, declara a assessoria de imprensa do órgão, que afirma ainda que há, atualmente, registro de cerca de 310 mil CNHs para condutores com algum tipo de deficiência em todo o estado, condição sinalizada no verso da carteira depois de comprovada por médico credenciado pelo Detran.

A assessoria do órgão informa ainda que o candidato com deficiência auditiva não é obrigado a fazer as provas com um intérprete, porém, caso tenha preferência por este intermédio e a autoescola não disponha de instrutores habilitados em Libras, é possível fazer as aulas com acompanhamento de um intérprete particular ou parente próximo. “Em São Paulo, o Detran disponibiliza a aplicação dos exames teórico e prático com o acompanhamento de um intérprete em todo o Estado”, garante.

Outra cidade que tem encabeçado ações e projetos para atender usuários com algum tipo de deficiência no trânsito é Curitiba. “Contamos com inúmeras ações na área de acessibilidade e mobilidade urbana, como os semáforos sonoros e de aumento de tempo em travessias”, enumera a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Curitiba, Mirella Prosdócimo. Um dos exemplos destinado especialmente a pedestres com mobilidade reduzida, como idosos e cadeirantes, é o Cartão Respeito, adotado em 31 semáforos para aumentar em até 50% o tempo disponível para travessia.





10 fatos sobre a biópsia que todo paciente precisa saber




Especialista fala sobre exame presente na vida de todos pacientes, mas que ainda gera dúvida e receio


A biópsia é um procedimento extremamente comum na prática médica que ainda é pouco entendido pela maioria da população. Por conta disso, uma grande parcela dos pacientes nutre certo temor a respeito do exame, imaginando que ele seja dolorido, traga riscos à saúde ou que sua solicitação esteja sempre associada à suspeita de alguma doença grave. Segundo a médica patologista e diretora da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Gerusa Biagione, a falta de informação figura como principal causa para esse medo infundado.

“O procedimento é feito para a coleta de fragmentos de um determinado órgão ou tecido para análise posterior por um médico patologista. Quando solicitada, a biópsia é parte importante do processo de investigação de uma doença, o que possibilita o diagnóstico e fornece informações que contribuem para a escolha da conduta terapêutica adequada”, explica Gerusa.

Para melhorar a informação sobre o que é o exame e como ele é realizado, ela enumera os 10 principais fatos sobre o procedimento que todo paciente deveria saber:

1º) A solicitação de uma biópsia não significa suspeita de câncer. Grande parte dos pacientes fica assustada quando o médico pede esse tipo de exame, imaginando que isso só ocorra quando existe uma suspeita de câncer. Entretanto, muitas outras patologias menos graves também podem ser diagnosticadas via biópsias, como dermatite e outras doenças de pele. Via de regra, esse procedimento é indicado sempre que há necessidade de algum tipo de esclarecimento.

2º) A biópsia não precisa de um anestesia geral para ser realizada. Esse tipo de sedação só é usado quando a coleta de material precisa ser feita em uma cirurgia. Na maioria dos casos, contudo, essa retirada é mais simples, sendo feita por meio de procedimentos ambulatoriais, dentro do consultório médico.

3º) Ela não é um procedimento dolorido. O nível de dor é relativo, depende do órgão e do local a ser biopsiado. Em alguns casos pode ser necessária anestesia local, enquanto em outros mais simples não há dor alguma.

4º) A biópsia de medula óssea não é perigosa. Esse é um procedimento simples que é encarado com terror por muitos pacientes. A obtenção de material da medula óssea apenas requer alguns cuidados que justificam sua realização em ambiente hospitalar, como assepsia. Ainda assim, a retirada não representa riscos à saúde do paciente.

5º) A biópsia sozinha não é o suficiente para diagnosticar o tipo de câncer e fornecer seu prognóstico. O exame histológico de uma amostra de tecido é parte importante da investigação clínica de uma doença. Ainda assim, a investigação completa inclui o exame clínico, além de exames de sangue, imagem e até outras biópsias, sempre que houver necessidade para o esclarecimento do diagnóstico.

6º) O tamanho e o local de onde a amostra foi retirada são importantes. Os patologistas estudam seis anos de medicina e pelo menos três de residência e especialização para conseguir avaliar tipos diferentes de tecidos com base nas imagens do microscópio. Para tanto, a amostra deve ser grande o suficiente para ser analisada. Outro ponto é o local de onde ela é retirada, que deve ser exatamente aquele em que as alterações celulares e do tecido fornecerão as informações que possibilitarão um diagnóstico preciso.

7º) O tempo para chegar a um diagnóstico pode variar. O tempo até a emissão do laudo é influenciado por fatores como o tipo de amostra a ser analisada e até a disponibilidade de serviços de patologia no hospital ou clínica. Como esse material precisa chegar até o microscópio do patologista para ser analisado, o período pode ser muito diferente de uma região, estado ou serviço para outros.

8º) O patologista deve garantir que a amostra utilizada é correta para o melhor diagnóstico possível. Como os fragmentos de órgãos e tecidos são seu instrumento de trabalho, esse profissional os avalia com atenção e cuida de sua preservação. Mais do que utilizar a biópsia para diagnosticar o câncer, o patologista pode usar a mesma amostra para identificar outros fatores que podem influenciar no tratamento e recuperação do paciente, como alterações genéticas relacionadas ao desenvolvimento de tumores.

9º) Sua biópsia é guardada em segurança para ajudar em tratamentos futuros. Os laboratórios são obrigados por lei a guardar as amostras por um determinado período de tempo. Esse material é valioso porque fornece informações importantes sobre um tumor primário, ajudando a identificar, por exemplo, se outras manifestações cancerígenas são reincidências dessa primeira lesão ou se são um novo câncer. O paciente ainda pode dar autorização para que essas amostras sejam incluídas em bancos de tumores ou para outras pesquisas científicas.

10º) Todo diagnóstico tem por trás de si um processo quase artesanal. Para emitir seu laudo, o patologista precisa analisar as amostras minuciosamente no microscópio. Longe de ser um diagnóstico automatizado impresso rapidamente por uma máquina, ele leva tempo e envolve etapas como exame da amostra a olho nu (macroscopia), processos químicos para preservação e coloração dos tecidos e de corte para que as lâminas fiquem prontas para serem analisadas. Depois disso o especialista utiliza anos de experiência e estudo para comparar as imagens obtidas para emitir seu parecer. Só assim ele consegue indicar qual é a doença em questão, seu estágio e a melhor conduta terapêutica que o restante da equipe médica deve utilizar.




Sobre a SBP
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais.


Implante de anel na Córnea ajuda a tratar uma doença nos olhos comum em adolescentes



O Ceratocone atinge uma em cada vinte mil pessoas e o diagnóstico precoce pode impedir o transplante


O desenvolvimento das tecnologias para o tratamento do Ceratocone está fazendo com que o transplante de córnea passe a ser o último recurso dos médicos para combater a doença. As técnicas adotadas pelos especialistas vêm conseguindo resultados que ajudam a reduzir o número de transplantes de córnea.  Uma das técnicas indicadas é o implante de um anel na córnea. 

“Através do implante de anel intracorneano, também chamado Anel de Ferrara, é possível corrigir a curvatura com um fortalecimento da córnea, restaurando o seu formato arredondado. A técnica consiste na implantação de dois segmentos de arco de acrílico especial na córnea, melhorando o conforto e a visão do paciente”, explica o Dr. Renato Neves, Presidente da Sociedade Brasileira de Ceratocone e um dos maiores especialistas brasileiros no tratamento da doença, com pós-doutorado em Imunologia, Córnea e Catarata na Harvard Medical School - Massachusetts Eye and Ear Infirmary e no MIT – Massachusetts Institute of Technology. 

Outra técnica para tratar o Ceratocone é o Crosslink que se vale da aplicação de um colírio para estimular novas ligações entre as moléculas de colágeno, aumentando a resistência estrutural da córnea. 

“É feito um tratamento cirúrgico o crosslink, que tem como objetivo endurecer a córnea para melhorar a estabilidade. Aplicamos um colírio a base de vitamina B6 (Riboflavina),  ativada através de um feixe especial de luz ultravioleta para a maior união das fibras de colágeno, estabilizando assim a evolução do ceratocone”, explica o Dr. Renato.  

Quem tem Ceratocone sofre uma acentuada baixa na acuidade visual e é obrigado a trocar as lentes dos óculos com frequência. Os sintomas característicos do Ceratocone são o desconforto visual, dor de cabeça e fotofobia.

A doença gera uma progressão da Miopia e do Astigmatismo. É caracterizada pelo afinamento e curvatura da córnea que vai perdendo o formato arredondado e adquirindo um formato de cone. Costuma ocorrer na adolescência e progride até por volta dos 30 anos.

O Dr. Renato Neves alerta as pessoal para a necessidade de um diagnóstico precoce do Ceratocone, para que seja possível atingir os resultados esperados.

“O ceratocone tem 4 graus evolutivos e dependendo da severidade da doença o paciente pode perder a visão, resultando na necessidade de um transplante de córnea. Mas com os tratamentos atuais é possível diagnosticar o problema com uma topografia corneana e interromper o progresso do ceratocone com um diagnóstico precoce, ajudando no tratamento”, conclui. 




Posts mais acessados