Semana
Mundial de Aleitamento Materno: Amamentar e trabalhar – Para dar certo o
compromisso é de todos!
“O tema é recorrente,
tanto nas consultas, quanto nas palestras que realizo: ‘Dr. Moises, vou voltar a
trabalhar, como manter o aleitamento materno? Devo tirar ele do peito já e
acostumar com a mamadeira? Devo enviar o meu leite na mamadeira ou a fórmula
para a creche? Devo buscar ajuda num banco de leite?’. Essas são apenas algumas
das milhares de dúvidas das mães sobre esse tema: continuidade do aleitamento
materno e volta ao trabalho. Aproveitando o mote da Semana Mundial de Aleitamento Materno
de 2015, vou
abordar hoje a importância dos bancos de leite nesse processo, bem como as
técnicas de ordenha e conservação do leite materno”, afirma o pediatra e
homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349), idealizador do Movimento #euapoioleitematerno.
“A princípio, a
recomendação é bem simples: a mãe que vai voltar ao trabalho pode retirar o
leite e mandar para a creche. Se o bebê for ficar em casa com algum parente ou
babá, ela pode deixar leite materno estocado, para ser oferecido no copinho,
para que o bebê continue recebendo todos os nutrientes necessários. A mãe pode
também buscar apoio num banco de leite. Os bancos de leite foram criados e
destinam-se principalmente aos bebês prematuros, mas não atendem somente às demandas
desse público”, esclarece Moises Chencinski.
Ordenha manual
Há um documento,
elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, intitulado Recomendações úteis para a manutenção
do aleitamento materno em mães que trabalham fora do lar ou estudam, que traz todas as
recomendações necessárias para manter o aleitamento materno e retomar as
atividades profissionais/estudantis. “Gosto muito das explicações desse
documento, pois elas partem de uma premissa da qual compartilho: toda mulher
tem direito a trabalhar, estudar, passear e continuar amamentando”, diz o
médico, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários e
do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Segundo o documento,
a primeira coisa a se fazer, antes de voltar ao trabalho, é aprender a ordenhar
o leite materno manualmente. A ordenha deve ser realizada quando a mãe tem
leite em excesso, quando a mãe e o bebê não podem ficar juntos – seja por
motivos de saúde ou de distância física, trabalho –, quando o bebê apresenta
dificuldade de sugar ou mamar adequadamente ou quando a mãe deseja doar o
excedente de seu leite.
“Para realizar a ordenha, a mãe deve escolher um lugar limpo e
tranquilo, prender bem os cabelos e usar uma touca de banho ou pano amarrado.
Deve proteger a boca e o nariz com máscara, pano ou fralda. Também deve deixar
preparado um vasilhame para estocar o leite, de preferência um frasco com tampa
plástica, fervido por 15 minutos para esterilizar. Em seguida, deve massagear a
mama com a ponta dos dedos das mãos bem limpas, como um todo, com movimentos
circulares da base em direção a aréola. A mãe deve massagear por mais tempo as
áreas mais doloridas. Depois, apoiar a ponta dos dedos (polegar e indicador)
acima e abaixo da aréola, comprimindo a mama contra o tórax, fazendo movimentos
rítmicos, como se tentasse aproximar as pontas dos dedos, sem deslizar na pele.
É importante que a mãe despreze os primeiros jatos e guarde o restante no
recipiente preparado”, ensina o médico.
Existem 3 tipos de
ordenha (manual, mecânica e elétrica). A melhor forma e a mais natural de tirar
o leite é a manual, utilizando as mãos após a massagem nos pontos entumecidos.
Porém, pode se fazer o processo mecanicamente através de bombas tira leite
manuais ou elétricas, o resultado é o mesmo nas duas formas. Nas situações em
que a mãe tira o leite por um longo tempo, a elétrica oferece mais conforto e
praticidade.
Conservação do leite materno
“Após retirar o
leite, a mãe deve guardá-lo em um frasco limpo e bem tampado. Deve manter o
leite, sob refrigeração, em geladeira, freezer ou, se não houver essa possibilidade,
manter em isopor com gelo. O leite materno pode ser conservado sem estragar na
geladeira, por 24h, e no congelador ou freezer, por 15 dias. Ele deve ficar o
menos tempo possível exposto à temperatura ambiente”, ensina o autor do blog #euapoioleitematerno.
Para ser oferecido ao bebê, o leite deve ser descongelado e aquecido no
próprio frasco em banho-maria. “Não o descongele em microondas e não
ferva. O leite aquecido que não foi usado deve ser jogado fora. O uso do copinho é a forma mais indicada para
oferecer o leite materno armazenado”, ensina o pediatra.
Caso o armazenamento do leite não seja possível, é importante que, para
manter a produção de leite, que a mãe apenas retire o leite e o jogue
fora. Caso a mãe deseje doar o excesso de leite a um Banco de Leite Humano
(BLH), deve congelar o líquido imediatamente após a extração.
Ordenhando no
trabalho
A mulher que precisa
tirar o leite durante o período em que está no trabalho, e só vai chegar em
casa à noite, deve procurar um lugar tranquilo e limpo, sem fluxo de pessoas e
distante de ambientes contaminantes (banheiro, fluxo de animais), se possível
em intervalos de 3 a 4 horas. “Em seguida, deve guardar o leite na geladeira da
forma correta. Se o leite for oferecido ao bebê no período de até 24
horas, não é necessário o congelamento. Caso ultrapasse esse tempo a mãe deve
guardá-lo no freezer. Para o transporte, a mulher deve utilizar uma bolsa térmica
com bolsa de gelo (gelo reciclável) encontrada em farmácias, drogarias e casas
especializadas em produtos infantis. Não aconselhamos o uso de isopor por ser
um produto poroso e de difícil higienização. O ideal é usar material lavável e
que resista a desinfecção com álcool 70°. Isso deve ser feito a cada
utilização”, ensina Chencinski.
Bancos de leite
Quem pode ser
doadora de leite humano? De acordo com a legislação que regulamenta o
funcionamento dos Bancos de Leite no Brasil (RDC Nº 171), a doadora, além
de apresentar excesso de leite, deve ser saudável, não
usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o
excedente. “Se você quer doar seu leite entre em contato com um Banco de
Leite Humano”, recomenda o pediatra.
Como preparar o
frasco para coletar o leite humano?
·
Escolha um frasco
de vidro com tampa plástica, pode ser de café solúvel ou maionese;
·
Retire o rótulo e
o papelão que fica sob a tampa e lave com água e sabão, enxaguando bem;
·
Em seguida
coloque em uma panela o vidro e a tampa e cubra com água, deixando ferver
por 15 minutos (conte o tempo a partir do início da fervura);
·
Escorra a água da
panela e coloque o frasco e a tampa para secar de boca para baixo em um pano
limpo;
·
Deixe escorrer a
água do frasco e da tampa. Não enxugue;
·
Você poderá usar
quando estiver seco.
Por que
armazenar o leite?
Armazenar o leite
materno traz benefícios imensos para a mãe e o bebê. “Com a correria do
dia-a-dia pode parecer cansativo ordenhar a mama para retirada do leite, porém
a gratificação será maior do que o esforço. O ato de tirar e armazenar o leite
materno pode ser bem mais simples do que a mãe pensa. Aliás, com o
tempo e a prática fica cada dia mais fácil de fazê-lo”, diz o pediatra.
Para a mãe, alguns
dos principais benefícios em armazenar o leite materno são:
·
Evitar o desmame
precoce;
·
Continuar a
produção de leite, assim ela pode continuar amamentar mesmo após a volta ao
trabalho, nem que seja no período em que estiver em casa à noite;
·
Continuar
perdendo peso, após a volta ao trabalho;
·
Tranquilidade em
saber que o melhor está sendo oferecido ao bebê.
Para o bebê, alguns
dos principais benefícios de consumir o leite materno armazenado são:
·
Continuar
recebendo o alimento mais precioso, repleto de vitaminas, sais minerais e amor
que se pode oferecer a uma criança;
·
Continuar
recebendo anticorpos da mãe para se proteger contra doenças contra as quais ela
já foi vacinada;
·
Evitar o
desenvolvimento de alergias e intolerâncias a vários alimentos, tal como
a proteína do leite de vaca;
·
Prevenir a
obesidade na vida adulta;
·
Ter uma digestão
mais fácil, com menos cólicas.
Dificuldades do bebê
O bebê que está acostumado
a mamar no seio pode não pegar a mamadeira, assim como pode não aceitar o leite
materno no copinho, logo de início. O que fazer nesse caso?
“Enquanto a mãe
estiver em casa, ela deve oferecer sempre e apenas o leite materno diretamente
do seio. Não faça testes. Nestas situações, sugerimos que a mãe conduza tudo da
forma mais natural possível, com a introdução gradual dos outros meios de
oferta do leite materno – como o copinho, mamadeira – de forma alternada à
mama, retirando uma mamada do dia a cada uma ou duas semanas. Esse processo é o
que chamamos de desmame. Normalmente, esse processo é natural e tranquilo,
porém, às vezes, requer paciência e compreensão, demandando uma atenção
especial da mãe e da família em geral”, destaca o autor do blog #euapoioleitematerno.
Movimento
#euapoioleitematerno
Seu maior objetivo é
estimular, sensibilizar, de forma positiva e sem agressões, sem ameaças, sem
discriminações o aleitamento materno. Quem quiser pode se unir ao Movimento
#euapoioleitematerno. Mães que amamentam e mães que não amamentam têm a
mesma voz. Ninguém é menos mãe ou mais mãe por amamentar ou por não amamentar.
Confira o blog do movimento: