O
ácido fólico, também conhecido como vitamina B9, é especialmente importante
para toda mulher em idade reprodutiva e, principalmente, se deseja engravidar.
Segundo a especialista do Centro de Medicina Fetal do Hospital Samaritano de
São Paulo, Denise Pedreira, o consumo da substância reduz as chances de
malformação fetal, como a Espinha Bífida - defeito de fechamento do tubo
neural.
O ideal é a mulher consumir a
substância por, no mínimo, três meses antes de engravidar. É importante, mesmo
que a gravidez demore a acontecer, que continue tomando o ácido fólico e,
depois que ficar grávida, manter nos primeiros três meses de gestação. A dose
recomendada pelo Conselho Federal de Medicina é de 0,4mg diariamente.
“O
problema é que a maior parte das gestações não é planejada. Por isso, a
importância da conscientização das mulheres em idade reprodutiva. É essencial
que os médicos também repassem essa informação para suas pacientes”, destaca a
especialista.
A
Espinha Bífida – ou Mielomeningocele – tem uma alta incidência: um a cada mil
nascimentos. Trata-se de uma doença caracterizada por uma malformação das estruturas que protegem a medula e acomete o bebê na
sétima semana de vida intra-uterina. “A medula fica exposta ao líquido
amniótico, causando uma destruição nervosa progressiva. As sequelas são grandes
e variam entre problemas para andar, incontinência urinária e hidrocefalia”,
afirma.
Denise
Pedreira ressalta que a falta de ácido fólico é responsável por 70% dos casos
de Espinha Bífida. Os outros 30% são de origens diversas, entre elas a
genética. O ácido fólico é uma enzima que atua no mecanismo de divisão e
remodelação celular e sua deficiência faz com que a divisão celular ocorra de
maneira inadequada. O consumo da substância vai estimular a formação celular da
pele e dos tecidos que protegem a medula, evitando os problemas.
A substância pode ser
encontrada em farmácias e no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2002, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a adição de 4,2 miligramas
de ferro e de 150 miligramas de ácido fólico para cada 100 gramas de farinha de
trigo e de milho. A intenção era reduzir a prevalência de anemia por deficiência
de ferro e prevenir defeitos do tubo neural. O ácido fólico também pode ser
encontrado em alimentos como brócolis, couve, tomate, feijão, lentilha e
cogumelo e em suplementos vitamínicos. Uma concha de feijão preto, por exemplo,
tem 119 microgramas da vitamina.
Cirurgia pioneira - Denise Pedreira é uma ativa pesquisadora da doença.
Depois de 14 anos de estudos, a especialista
desenvolveu uma técnica para correção da Espinha Bífida através de cirurgia
endoscópica fetal. A correção deste defeito antes do nascimento leva a uma
melhora no desenvolvimento neurológico do bebê e menor necessidade de colocar
válvula para tratar a hidrocefalia, quando comparada aos casos operados somente
após o nascimento. A cirurgia convencional é feita “via céu aberto”, com corte
na barriga e no útero para operar o feto. Já a técnica endoscópica é feita por
câmera de vídeo, sem a necessidade da abertura do útero, utilizando apenas pequenos “furos”. O
procedimento endoscópico reduz os riscos maternos, como por exemplo, o de
ruptura do útero da gestante, tanto nesta gravidez, como em futuras.
Esse tipo de procedimento só é
feito na Alemanha e no Brasil. A técnica brasileira é superior à alemã porque é mais
barata e reduz o tempo de cirurgia.
A principal diferença está na película
usada para “fechar” a medula e na forma de sua colocação. A película foi
desenvolvida por uma empresa brasileira, com materiais nacionais, reduzindo os
custos do produto. Até o momento,
foram realizadas seis cirurgias endoscópicas para correção de Espinha Bífida no
Hospital Samaritano de São Paulo e um trabalho já foi publicado na literatura
médica.