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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Conheça as cinco piores dores que o ser humano pode sentir




O periódico da Associação Internacional de Estudos da Dor, a revista PAIN, listou as situações mais dolorosas para o ser humano, que nem os mais potentes analgésicos são capazes de resolver. Essa lista foi um pedido do site “Discovery News”, em parceria com o Departamento de anatomia da Universidade da Califórnia.
Conheça as cinco piores dores, ressaltando que a ordem listada não representa que uma situação seja mais dolorida que a outra, pois depende do estágio que a doença se encontra e do organismo de cada pessoa. 

- Neuralgia do Trigêmeo
A neuralgia do trigêmeo é um distúrbio nervoso caracterizado por episódios de dor lancinante no rosto. A doença atinge até 27 indivíduos em cada grupo de 100 mil pessoas por ano. Ela é conhecida por causar um tipo de dor comparada a choques e pontadas. A dor que pode ser desencadeada por estímulos inofensivos, como mastigação ou escovação dos dentes, é sentida em diferentes regiões da face dependendo do ramo do nervo trigêmeo afetado.  Ele recebe esse nome porque tem três ramos: o ramo oftálmico, o ramo maxilar e o ramo mandibular. 

“Em 70% dos casos as dores podem ser controladas com medicamentos específicos. Para os casos mais graves, nos quais os medicamentos não efetivos, pode ser realizada a radiofrequência do trigêmeo, procedimento pouco invasivo com mais de 95% de sucesso”, ressalta o Dr. André Marques Mansano, especialista no combate a dor. 

- Cálculo Renal
Popularmente conhecido como “pedra no rim”, o cálculo renal consiste na produção de massas sólidas a partir da cristalização de sais minerais nos rins ou vias urinárias. A dor provocada por essas formações rígidas se espalham pelo abdômen, costas até a região da virilha, além de gerar náuseas e vômitos. A incidência é maior entre os homens e pode ser desenvolvida por diversos fatores, tais como o histórico familiar, obesidade e a ausência de líquidos no organismo (baixa ingestão de líquidos), entre outros.

Durante as crises muitas vezes o paciente necessita de analgésicos endovenosos, tamanha é a dor provocada pelos calculus. O nefrologista ou o urologista são os profissionais mais indicados para o tratamento e a prevenção dos cálculos renais. 

- Cefaleia em salvas
O termo refere-se a uma dor de cabeça contínua por um longo período de tempo e se repete de duas a três vezes ao dia. Uma dor rara que se caracteriza em atingir uma parte do crânio causando o entupimento nasal e deixa os olhos lacrimejantes. Apesar de serem mais comum entre os homens, muitas mulheres já relataram o incômodo e o compararam com a dor do parto. Entre os fatores de riscos, estão pessoas fumantes e que ingerem altas doses de bebidas alcoólicas.

Durante as crises o uso de oxigênio a 100% (puro) promove alívio importante do quadro. A prevenção da cefaléia pode ser realizada com medicamentos anticonvulsivantes indicados pelo medico. Em casos mais graves podemos utilizer procedimentos minimamente invasivos para diminuir a frequência das crises. 

- Lesão medular
Trata-se de qualquer tipo de dano causado à medula espinhal, parte fundamental do sistema nervoso central. “Uma lesão na medula espinhal pode ser causada por diversos motivos distintos, como ferimentos ocasionados por bala ou faca, acidentes automotivos, choque elétrico, contorção extrema da parte central do corpo, quedas, além de traumas diretamente ligados ao rosto, pescoço, cabeça, peito ou costas.”, afirma o dr. André.

Entre os fatores de risco estão àquelas pessoas que fazem algum tipo de atividade física sem a orientação necessária. A osteoporose também é um fator de risco, já que ao enfraquecer os ossos da coluna facilita a ocorrência de fraturas vertebrais com consequente lesão na medula.

É importante ressaltar que as dores não necessariamente se iniciam imediatamente após a lesão, podendo surgir meses depois. 

- Parto
A vinda de um bebê é um presente para as mulheres, mas a dor do parto é considerada uma das mais intensas sentidas. A dor do parto é dividida em três momentos: a dilatação, a saída do bebê e a expulsão da placenta. “Durando cerca de 6 a 12 horas, o período de dilatação possui uma sensação semelhante a de uma cólica menstrual. Após dilatação estar completa, a saída do feto ocorre, provocando outro tipo de desconforto. Após a chegada do bebê, ocorre a expulsão da placenta, ação que não provoca tanta dor.”, explica o especialista.

Algumas gestantes e obstetras podem optar pela analgesia de parto, um procedimento realizado por um anestesiologista habilitado que confere segurança e conforto durante o trabalho de parto.



Dr. André Marques Mansano, MD, Ph.D, FIPP -  Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina. Recebeu do Instituto Mundial de Dor (World Institute of Pain) um título internacional denominado "Fellow of Interventional Pain Practice”, na cidade de Budapeste, capital da Hungria.
É médico Intervencionista da Dor na SINGULAR - Centro de Controle de Dor e no Hospital Israelita Albert Einstein – SP.
Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira (AMB). Membro do Comitê de Educação do "World Institute of Pain" e Membro da Sociedade Brasileira dos Médicos Intervencionistas em Dor.http://www.drandremansano.com.br/

O Brasil tem outra crise para resolver



Em um cenário de adversidade política e econômica, aliado ao aumento da intensidade das chuvas do último verão no Centro-Sul do país, a questão da crise hídrica brasileira vem sendo considerada como resolvida por parte da sociedade.  Apesar de compreensível diante de outras graves questões presentes nos noticiários nestes dias, é preciso retomar essa discussão para que de fato consigamos reverter a tendência de exaustão de nossos aquíferos, especialmente aqueles que abastecem as maiores regiões metropolitanas brasileiras. É preciso alertar a população e os gestores públicos para as consequências desta situação, que não é nova mais tem sido agravada nos últimos anos.

Precisamos ter consciência das décadas que são necessárias para que uma floresta seja recuperada a ponto de ser útil para a efetiva proteção de nascentes e mananciais de abastecimento público. Por isso as regiões com déficits de florestas naturais precisam urgentemente de programas de replantios, enriquecimentos e proteção dos remanescentes ainda existentes, pois quando novos momentos críticos se apresentarem, não serão obras pontuais e às pressas que resolverão a situação.

Degradar as fontes hídricas é colocar em risco a própria atividade econômica do país. Apesar da água estar envolvida em todas as atividades necessárias para a sobrevivência humana, não temos cuidado desse recurso indispensável. A recente crise hídrica no Brasil nos deu uma ideia de como a situação pode se agravar rapidamente, trazendo transtornos significativos à população e, portanto, sabemos que  a questão da água está longe de ser resolvida, especialmente em São Paulo.

Julho é, historicamente, um mês de pouca quantidade de chuvas, na região Sudeste. Dessa forma, os reservatórios paulistas contam com os níveis alcançados nos meses anteriores, na estação chuvosa. O volume registrado nos últimos dias no Sistema Cantareira é de aproximadamente 47%, considerando o índice 3 informado pela SABESP, o que deve servir para abastecer o estado até que volte a chover. Nesse número não está contabilizado o volume morto, que, como o próprio nome já indica, não deve ser usado. Levar em conta o volume morto como garantia de água nos reservatórios seria como confiar no valor do cheque especial para cobrir suas despesas. É arriscado demais contar com um possível recurso externo futuro para cobrir um gasto excessivo no presente.

É importante frisar também que o que ocorreu recentemente em São Paulo é apenas um exemplo do que acontece com frequência em outras regiões do país, como o Semi-Árido Nordestino e até mesmo algumas áreas do Sul do país, como o Alto Uruguai entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.

Dessa forma, não é possível prever a reversão do quadro da crise da água, porque diversos fatores que interferem nesse processo ainda não foram resolvidos, como o desmatamento do entorno dos reservatórios, o mau uso dos solos, a expansão urbana e a falta de tratamento dos efluentes urbanos e industriais, para citar apenas alguns exemplos.

Para garantir a continuidade do fornecimento de água é indissociável a necessidade de conservação das matas ciliares, que protegem rios e nascentes. Elas possuem papel relevante na conservação dos recursos hídricos, funcionando da mesma forma que os cílios para a proteção dos olhos. 

Infelizmente a situação atual é desanimadora: nossas matas estão abertas, mas nossos olhos parecem estar fechados. Prova dessa “cegueira” é o fato do retrocesso permitido pelo Código Florestal aprovado em 2012 pelo Congresso Nacional, que reduziu a proteção do entorno dos rios, nascentes e reservatórios, chamadas áreas de preservação permanente (APPs), que em alguns casos foram reduzidos para apenas cinco metros, ainda com a possibilidade de ser recuperados com a utilização de espécies arbóreas não nativas da flora brasileira.

A maioria dos brasileiros tem hoje consciência de que a água é fundamental para a vida humana e precisa ser conservada. Todavia, sair da certeza passiva para a ação é o desafio para mudar de vez esse cenário e a relação que se tem com o recurso natural mais importante para a sobrevivência em nosso planeta.

Como de costume o poder de mudança está em nossas mãos, precisamos decidir em que vamos apostar as nossas fichas: nas florestas que nos oferecem água, alimentos, oxigênio, e muito mais ou na destruição da natureza e no consumo desenfreado que causam desiquilíbrios em toda cadeia biológica e que se refletem em prejuízos diversos à qualidade de vida na Terra, sendo o de impacto mais imediato, a escassez de água. Portanto, não podemos deixar que esse tema caia no esquecimento, sob o risco da situação se agravar ainda mais nos próximos anos. A decisão agora é nossa! Nossos filhos e netos contam conosco!




 Emerson Oliveira - Engenheiro Agrônomo, Doutor em Engenharia Florestal e Coordenador de Ciência e Informação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

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