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| Compulsão alimentar envolve perda de controle, ingestão excessiva de alimentos, acompanhada por sentimentos de culpa, vergonha e sofrimento Canva |
Compulsão alimentar pode ter causas fisiológicas que dificultam o emagrecimento, mesmo com dieta e exercício
A compulsão alimentar é comumente atribuída a questões emocionais como
ansiedade, estresse ou frustração. Mas essa visão é limitada. Muitos quadros de
compulsão têm origem em desequilíbrios hormonais, deficiências nutricionais e
alterações metabólicas que, quando não diagnosticadas, tornam extremamente
difícil controlar a alimentação — mesmo para quem segue dietas rigorosas e
pratica atividade física regularmente.
Segundo
o médico Lucas Chinellato, especialista em emagrecimento e metabolismo e
criador do Método C.O.R.P.O., a diferença entre a compulsão e os chamados
“deslizes” alimentares está na intensidade, na frequência e no impacto
emocional. “Enquanto os deslizes fazem parte da vida e ocorrem pontualmente, a
compulsão envolve perda de controle, ingestão excessiva de alimentos,
geralmente em pouco tempo, acompanhada por sentimentos de culpa, vergonha e
sofrimento. É um comportamento repetitivo, frequentemente escondido, que
interfere na qualidade de vida”, explica Chinellato.
Sem saciedade
Embora
fatores emocionais tenham peso, muitos pacientes chegam ao consultório sem
histórico de depressão ou ansiedade, mas relatam fome constante, desejo intenso
por carboidratos e dificuldade em se sentirem saciados. Nesses casos,
alterações fisiológicas são o principal gatilho. Distúrbios como resistência à
leptina (hormônio da saciedade), elevação da grelina (hormônio que estimula a
fome), resistência à insulina, hipotireoidismo, síndrome dos ovários
policísticos e até disfunções no sistema dopaminérgico estão entre os achados
clínicos mais frequentes, de acordo com o médico.
Além
disso, deficiências de vitamina D, B12, magnésio, zinco e cromo também afetam
diretamente o apetite e o humor ao influenciar neurotransmissores como
serotonina e dopamina. O Dr. Chinellato enfatiza que uma microbiota intestinal
desequilibrada (disbiose) reduz a produção de substâncias associadas à
saciedade e ao bem-estar, favorecendo episódios de “comer automático”.
O porquê do efeito sanfona
O
especialista frisa que esses fatores fisiológicos dificultam o emagrecimento,
mesmo quando o paciente adota hábitos saudáveis. Muitos mantêm disciplina
durante o dia, mas à noite enfrentam episódios de compulsão que comprometem o
déficit calórico e favorecem o ganho de peso. O ciclo de restrição e perda de
controle, conhecido como efeito sanfona, agrava a resistência à leptina e à
insulina, tornando o corpo menos responsivo ao esforço. “É muito comum que o
paciente se sinta frustrado e ache que está falhando, quando na verdade o corpo
está reagindo a desequilíbrios que precisam ser corrigidos”, destaca
Chinellato.
Para
identificar se há componentes hormonais ou metabólicos por trás da compulsão, o
especialista realiza uma avaliação clínica detalhada e exames laboratoriais que
incluem insulina, leptina, cortisol, grelina, hormônios tireoidianos,
vitaminas, marcadores inflamatórios e intestinais. Também investiga padrões de
sono, sintomas de fadiga, alterações menstruais, craving por doces e episódios
de compulsão noturna. “Quando entendemos o que está por trás do comportamento,
conseguimos montar uma estratégia eficaz e personalizada. Tratar apenas com
força de vontade é frustrante para quem tem o corpo em desequilíbrio”, afirma.
Tratamento
Nos
casos em que a base do problema é fisiológica, o tratamento envolve reposição
de nutrientes estratégicos, modulação hormonal personalizada, regulação da
microbiota intestinal e, quando necessário, uso de fórmulas manipuladas que
ajudam a controlar apetite, impulsividade e fome fora de hora. Já nas situações
de origem mais emocional, o foco está em terapias cognitivo-comportamentais e
no manejo do estresse. Segundo Chinellato, porém, raramente esses fatores atuam
de forma isolada — e é a integração entre corpo e mente que garante resultados
sustentáveis.
Para lidar com a complexidade desses quadros, Chinellato desenvolveu o Método C.O.R.P.O., que combina cinco pilares: correção de hábitos e estilo de vida, otimização de deficiências nutricionais, regulação hormonal, potencialização metabólica e acompanhamento contínuo. “É um método que pode — e deve — caminhar junto com a psicoterapia. Enquanto o terapeuta atua nos gatilhos emocionais, nós damos suporte fisiológico para que o paciente tenha energia, clareza mental e equilíbrio hormonal para aplicar as mudanças”, explica.
Dr. Lucas Chinellato - médico formado pela Faculdade São Leopoldo Mandic (Campinas/SP), com especialização em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Municipal Dr. Mário Gatti. Possui pós-graduação em Medicina do Exercício e do Esporte e Medicina Funcional Integrativa, com foco em emagrecimento, hipertrofia, modulação hormonal, sarcopenia, uso racional de ergogênicos e medicina personalizada. Criador do Método C.O.R.P.O., abordagem exclusiva que une correção de hábitos, regulação hormonal e potencialização metabólica, oferecendo resultados mensuráveis em saúde, performance e estética. É speaker da Infinity Pharma e coordenador da Pós-Graduação em Emagrecimento e Obesidade do Instituto Hi-Nutrition. Atua também como educador em cursos avançados para médicos e nutricionistas nas áreas de longevidade, modulação hormonal e otimização metabólica.

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