Com mais de 15 anos de experiência na área de
vendas e trade marketing de grandes empresas como Coca-cola e Heineken e
atualmente como head de operações da Polar Shake, franquia de milk-shakes
gourmets com sede na Flórida — tive a oportunidade de vivenciar de perto as
diferenças entre empreender no Brasil e nos Estados Unidos. Esse percurso, que
culminou na fundação da nossa consultoria de franchising, um projeto construído
em parceria com meu marido e sócio, Fernando Loureiro, nos permite ajudar
marcas a se estabelecerem de forma sólida e estratégica em ambos os países.
A comparação entre os dois mercados é
inevitável e, longe de ser um exercício de crítica, é uma forma de ampliar o
olhar sobre as oportunidades e os cuidados necessários para quem deseja
empreender além das fronteiras. Quando comparamos dois mercados tão relevantes
quanto o brasileiro e o americano, percebemos diferenças significativas que vão
muito além da economia. Questões culturais, burocráticas e até jurídicas moldam
maneiras distintas de começar e gerir um negócio em cada país.
Embora o Brasil seja um terreno fértil para a
criatividade e para o espírito empreendedor – vide o crescimento das
microempresas e das startups nos últimos anos – os Estados Unidos oferecem um
ambiente que pode ser mais ágil e estruturado para quem deseja empreender,
especialmente para brasileiros que buscam internacionalização.
Burocracia, tributos e
contratação: onde os caminhos se diferenciam
Um dos pontos de maior contraste está no
processo de abertura e manutenção de empresas. Nos Estados Unidos, empreender
costuma ser mais rápido e menos burocrático. Os trâmites legais e tributários
seguem uma lógica simplificada, com regras mais previsíveis e menos camadas de
impostos. Isso permite que o empreendedor foque mais na operação e crescimento
do negócio do que na gestão de complexidades fiscais.
Outro fator relevante está no modelo de
contratação. Enquanto no Brasil os encargos trabalhistas – como FGTS, INSS e
tributos atrelados à CLT – acabam elevando o custo de manter uma equipe, nos
EUA é comum que as contratações sejam feitas por hora, sem vínculo
empregatício, o que torna o processo mais flexível e menos oneroso.
Mas é importante lembrar: essa diferença não é
sinônimo de facilidade, e sim de estrutura diferente. O sistema americano exige
rigor com prazos, organização documental e respeito absoluto às leis locais.
Há também aspectos culturais que impactam
diretamente na forma de empreender. Os Estados Unidos possuem uma cultura de
maior tolerância ao risco, valorizando inovação, escalabilidade e agilidade.
Ideias novas são, muitas vezes, incentivadas mesmo que não deem certo de
imediato – o famoso “fail fast, learn faster” (falhe rápido, aprenda mais
rápido).
Além disso, o ambiente corporativo americano
preza por objetividade, pontualidade e comunicação direta, o que exige do
empreendedor brasileiro uma adaptação comportamental. A informalidade e a flexibilidade
que muitos negócios cultivam no Brasil podem não encontrar o mesmo espaço por
lá.
Dicas para quem deseja
empreender nos EUA
Se você pensa em expandir seus negócios para o
território americano ou começar um novo projeto por lá, algumas orientações são
essenciais:
·
Pesquise o estado ideal para o seu negócio. Cada estado americano tem regras próprias, com impostos, licenças
e incentivos diferentes.
·
Conte com suporte contábil e jurídico local. Ter profissionais especializados e familiarizados com a legislação
americana evita surpresas e garante que seu negócio esteja em conformidade.
·
Esteja atento ao visto adequado. É fundamental entrar nos EUA com o visto correto para empreender
legalmente.
·
Adapte-se à cultura local. Além do inglês, é importante compreender os códigos de conduta nos
negócios. Pequenos detalhes fazem grande diferença.
·
Considere modelos consolidados. Franquias podem ser um caminho seguro e estruturado para quem quer
empreender com menos riscos, já que oferecem suporte completo e um modelo
testado.
Empreender nos Estados Unidos exige preparo,
disciplina e adaptação. O mercado é competitivo e exige que o produto ou
serviço tenha qualidade real e valor diferenciado. O domínio do inglês é um
fator decisivo para comunicação e negociação, e isso pode ser uma barreira
inicial para alguns.
Mas com planejamento estratégico e orientação
correta, a experiência pode ser extremamente enriquecedora e promissora. Muitos
brasileiros têm construído trajetórias de sucesso no país, contribuindo com
inovação, criatividade e visão empreendedora.
No fim das contas, empreender fora não é
apenas uma decisão econômica — é também uma escolha de vida. E como toda
jornada, vale mais quando feita com consciência, coragem e preparação.

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