Produtos mal formulados podem agravar reações como vermelhidão, ardência e coceira; especialista alerta para os riscos da automedicação estética
Peles sensíveis representam uma parcela
significativa da população brasileira e exigem cuidados que vão além do senso
comum. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
(ASBAI), três em cada dez pessoas apresentam algum grau de sensibilidade
cutânea, o que inclui sintomas como vermelhidão, ardência, repuxamento e, em
alguns casos, descamações ou lesões visíveis. O problema se intensifica com a
popularização de cosméticos potentes, nem sempre compatíveis com esse perfil de
pele.
Para a farmacêutica bioquímica e especialista em
cosmetologia Dra. Fernanda Sanches, CEO da Cosmobeauty, o erro mais comum está no uso indiscriminado de produtos rotulados
como “para todos os tipos de pele”. “Essas fórmulas muitas vezes contêm
fragrâncias, conservantes agressivos e até álcool, que comprometem a função de
barreira da pele sensível. A pele reativa exige fórmulas pensadas
especificamente para reduzir inflamações, não apenas para hidratar ou
uniformizar”, explica.
O desafio está em diferenciar sensibilidade
ocasional de um quadro clínico persistente, como rosácea ou dermatite de
contato. Segundo Fernanda, a diferença está na frequência das crises e na resposta
da pele ao ambiente. “Se a vermelhidão é recorrente e aparece com variações de
temperatura, exposição solar ou mudança de cosméticos, é sinal de que a pele
está fragilizada. E isso precisa ser tratado com critério”, afirma.
O que evitar e o que buscar
nas formulações
Fórmulas com perfume, corante ou ácido em
concentrações altas devem ser evitadas. Loções adstringentes com álcool,
sabonetes bactericidas e maquiagens com alta cobertura também podem causar
irritações e reações adversas. Fernanda orienta que a leitura do rótulo é o
primeiro filtro, mas não o único. “O consumidor precisa saber identificar nomes
como fragrance, parfum, alcohol denat e methylisothiazolinone. Esses
componentes costumam estar por trás das reações alérgicas mais comuns.”
Do outro lado, ativos como niacinamida, alantoína,
pantenol, centella asiática, madecassoside e bisabolol são bem tolerados por
peles sensíveis e ajudam a restaurar a função de defesa da epiderme. “São
substâncias que não apenas acalmam a pele, mas favorecem a regeneração celular.
Quando associados a um veículo hidratante e livre de irritantes, promovem melhora
gradual na textura e na resposta inflamatória da pele”, aponta a especialista.
Rotina minimalista e uso
consciente
Menos é mais no cuidado diário. Fernanda recomenda
uma rotina simplificada, com três etapas principais: limpeza suave, hidratação
com ativos calmantes e fotoproteção com FPS 50 ou superior. A reaplicação do
protetor ao longo do dia deve ser feita com produtos específicos para peles
reativas, de preferência com cor, que oferecem proteção adicional contra luz
visível — uma das responsáveis por manchas em peles sensibilizadas.
Segundo a especialista, a tendência de aplicar
vários produtos em sequência pode ser um fator de sobrecarga. “Há um excesso de
etapas, muitas vezes sem nenhuma função técnica clara. O resultado é uma pele
irritada, que responde negativamente a qualquer estímulo. A orientação
profissional ajuda a filtrar o que é realmente necessário”, explica.
Diagnóstico e personalização
Nem toda vermelhidão é rosácea e nem toda ardência
é alergia. Para a Dra. Fernanda, o primeiro passo é diferenciar o que é
sensibilidade pontual de uma condição crônica. O histórico do paciente, a
frequência das reações e os hábitos de vida são elementos que devem ser
considerados antes de qualquer indicação de produto.
“A pele fala sobre o organismo, sobre o ambiente e sobre os hábitos. Um cosmético errado pode ser o gatilho para inflamações que duram semanas. Não se trata apenas de estética, mas de saúde e bem-estar”, diz. Ela acrescenta que a resposta da pele é mais eficaz quando o cuidado é feito de forma preventiva e orientada. “Esperar a pele entrar em crise para buscar ajuda é um erro recorrente. A sensibilidade não some sozinha, e a automedicação estética só atrasa o tratamento adequado.”
Dra. Fernanda Sanches - É farmacêutica bioquímica e especialista em cosmetologia. Possui pós-graduação em homeopatia, diversos cursos de extensão em manipulação de cosméticos e MBA em marketing e vendas. No ano 2000, Fernanda começou a empreender no mundo da beleza e lançou duas marcas, a Cosmobeauty — focada em produtos para profissionais da estética e cujo nome provém da junção de Cosmo (universo) e Beauty (beleza) — e a Biomarine, voltada para o público geral. Acesse o instagram.com/dra.fernandasanches
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instagram.com/cosmobeautyoficial
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