Para Aline Castro, assessora pedagógica do Sistema de Ensino pH, escolas e famílias devem ampliar formas de comunicação com o estudante, além de oferecer acolhimento psicológico
O
isolamento social ocasionado pela pandemia tem provocado efeitos prejudiciais
no comportamento de crianças e adolescentes em todo o mundo. Desde o início da
quarentena, pesquisas na área da Saúde demonstram um aumento significativo em
casos de depressão, ansiedade e suicídio entre os jovens, despertando a
necessidade de se criar ações de apoio psicológico nas instituições de ensino e
nos círculos familiares.
Um
recente levantamento realizado pelo Datafolha revelou que cerca de 75% dos
alunos da rede pública afirmaram se sentir mais ansiosos, irritados ou tristes
no confinamento. Pelo mundo, a tendência também é a de um desequilíbrio
emocional causado pelo momento. Pesquisa feita pelo Centro de Prevenção e
Controle de Doenças dos Estados Unidos mostrou que um em cada quatro jovens no
país considerou o suicídio como alternativa durante a pandemia.
O
aumento dos atritos familiares, as dificuldades financeiras e eventuais
problemas de adaptação ao ensino remoto são alguns dos fatores que podem ter
contribuído para a aceleração desse desequilíbrio emocional que, em alguma medida,
já estava presente anteriormente nos jovens. “Os desentendimentos familiares
podem adoecer uma criança e despertar sentimentos de raiva, angústia, medo e
preocupação”, afirma Aline Castro, assessora pedagógica do Sistema de Ensino
pH.
Para
ela, o isolamento social apenas intensificou sentimentos que já existiam nos
jovens, mas que eram atenuados pela rotina. Com a vinda do ensino remoto e um
maior convívio com a família, a falta de harmonia entre o jovem e seus parentes
dentro de casa pode afetar diretamente sua estabilidade emocional, e por
consequência, seu rendimento escolar.
Por
isso, as instituições de ensino agora devem redobrar a atenção para o
aparecimento de distúrbios psicológicos nos estudantes, uma vez que no formato
à distância o acompanhamento dos alunos acaba sendo superficial. Com esse
distanciamento entre professor e aluno, muitos jovens acabam cogitando a ideia
de abandonar os estudos por falta de motivação ou estabilidade emocional para
continuar o ano, e, sem o espaço de convivência coletiva da sala de aula, os
problemas psicológicos podem se agravar e comprometer a saúde do
estudante.
Castro
explica que projetos de apoio psicológico e prevenção ao suicídio não podem ser
lembradas apenas em setembro, como com a campanha do Setembro
Amarelo, mas devem ocorrer de maneira permanente dentro das
instituições, e precisam envolver tanto os educadores quanto as famílias dos
estudantes. “As escolas precisam oferecer um espaço contínuo de diálogo e
acolhimento aos alunos para lidar estruturalmente com essa questão. Esse não
deve ser um projeto com início, meio e fim, mas um investimento para a vida
toda”, finaliza.
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