Pesquisadores da UFPR e do ISAE Escola de Negócios conduzem grupo de pesquisa para avaliar os impactos da pandemia no setor do turismo de Curitiba
O turismo é um dos mais
importantes setores econômicos do Brasil e do mundo. Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo, em 2018 a
atividade representava 10,4% do Produto Interno Bruto Global. Um a cada dez
empregos gerados eram no setor do turismo. No Brasil, o PIB do setor ultrapassou R$ 270 bilhões em 2019, demonstrando ser
uma atividade econômica significativa. Diante disso, cabe o questionamento:
quais os impactos da pandemia no setor do turismo? É isso que querem descobrir
pesquisadores, professores e estudantes de graduação e de pós-graduação de 30
instituições brasileiras e estrangeiras.
No Paraná, o estudo é conduzido
pelo grupo de pesquisa Turismo e Sociedade do Departamento de Turismo da
Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pelo Mestrado Profissional em
Governança e Sustentabilidade do ISAE Escola de Negócios. A parceria entre pesquisadores busca unir esforços para avaliar os
impactos da COVID19 no setor do turismo de Curitiba, onde já se observa que a pandemia afetou o setor de serviços e, mais
fortemente, as atividades de turismo.
“O setor de eventos sofreu
grandes impactos econômicos devido à proibição de atividades que promovam a
aglomeração de pessoas”, diz Isabel Grimm, Coordenadora do
Programa de Mestrado do ISAE. “Outro setor fortemente
afetado foi o hoteleiro, onde a mescla das restrições severas de oferta com
diminuição da demanda fez com que os serviços de hospitalidade fossem
reduzidos de uma forma sem precedentes”, complementa.
Outro levantamento realizado pelo
Observatório de Turismo do Paraná (Obstur, 2020), com 316 empreendimentos de
turismo no Paraná, destaca que 41% dos participantes da
pesquisa relataram que tiveram que demitir funcionários. Além disso, após março
de 2020, a pandemia afetou economicamente mais de 50% dos empreendimentos
turísticos. Para agravar, 66% das empresas tinham capital de giro para se
manter funcionando apenas até setembro de 2020.
Para além da
sustentabilidade financeira das empresas, uma preocupação dos pesquisadores é
em relação aos trabalhadores do turismo. Quantos postos de trabalho foram
fechados? Quantos empregos no setor de turismo serão retomados? Mais ainda, em
quais condições esses trabalhos serão ofertados? “Diante desse cenário, o que temos que
refletir é sobre como o setor poderá acelerar sua recuperação, voltar a
empregar e ao mesmo tempo estar atento aos protocolos de higiene necessários
para garantir a segurança dos turistas”, aponta Sandra Corbari, pesquisadora da USP e membro da equipe.
Segundo Grimm, tudo indica que a reestrutura das áreas turísticas e os investimentos em segurança epidemiológica em todo o mundo irão receber investimentos e maior controle, pois protocolos de saúde se tornarão permanentes. “Os turistas devem aderir novos hábitos de viagem, buscando por experiências mais próximas ao seu entorno, com forte tendência ao turismo doméstico e regional”, destaca. “Observa-se que algumas atividades, como as visitas às Unidades de Conservação, estão retomando apenas agora, obedecendo todo um protocolo de segurança. Outras ainda vão demorar e demandam ainda mais reflexão e cuidado, como é o caso de visitas a comunidades tradicionais ou eventos que concentram muitas pessoas”, explica Grimm.
Em relação aos locais de
visitação turística, Corbari relembra o fato de que alguns espaços reabriram
para uso público no segundo semestre, já outros permanecem fechados por se
constituírem ambientes propícios à propagação do vírus. “Os deslocamentos
turísticos vão se normalizar mais rapidamente em territórios seguros e que
lidem de forma mais assertiva com a pandemia”, diz. “Ainda assim, a
retomada das atividades deve ser gradual e atenta as orientações e aos
protocolos de segurança”, adverte Grimm.
O desafio atual dos membros da equipe é tratar os dados coletados, analisar o panorama do município de Curitiba e, em seguida, comparar com outras localidades do Brasil e de outros países que participam do Projeto: Argentina, França, Moçambique e Portugal.
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