Segundo o Dr. Anthony Carmona, coordenador médico do Grupo Hygea, o uso de EPIs não é uma realidade cultural entre os profissionais de saúde no Brasil
A Organização Pan-Americana da
Saúde (Opas) divulgou na última quarta-feira (2), que o continente americano
tem o maior número de trabalhadores de saúde infectados pela Covid-19 em todo o
mundo. Segundo a entidades, quase 570 mil profissionais de saúde dessa região
adoeceram e mais de 2,5 mil morreram. Os Estados Unidos e o México responderam
por 85% dessas mortes
Segundo o Dr. Anthony Augusto Carmona, coordenador
médico do Grupo Hygea que está atuando no atendimento à Covid-19 nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil há cinco meses, existem dois momentos nos procedimentos
médicos que colocam os profissionais de saúde em maior risco de contaminação: a
intubação dos pacientes e a desparamentação.
“Os protocolos do Ministério da Saúde para a
intubação dos pacientes são rígidos e claros: o profissional deve cuidar para
não se expor ao aerossol. Isso só é possível com o uso correto dos EPIs. O
problema é que, no Brasil, o uso de EPIs na área da saúde não é cultural. Desde
a faculdade, os médicos são ensinados a se proteger principalmente da
tuberculose e da meningite, doenças contagiosas mais conhecidas até então. Por
isso, a Covid-19 pegou toda a classe desprevenida culturalmente”, analisa
Carmona.
Além do procedimento de intubação, outro momento de
risco de contaminação do profissional da saúde, segundo o coordenador médico do
Grupo Hygea, é a desparamentação. “O médico sai do plantão cansado, esgotado e
doido para ir para casa. Nessas condições, baixa a guarda e fica exposto à
contaminação se não seguir o protocolo”.
E qual o protocolo da desparamentação? Existe um
rito que não pode ser alterado: retirar o avental, enrolando de dentro para
fora, retirar os propes e retirar as luvas, sem ter contato com a parte
externa, e descartar o material; higienizar as mãos com álcool em gel; retirar
e descartar o gorro; higienizar novamente as mãos com álcool em gel; remover a
máscara; higienizar pela terceira vez as mãos com álcool em gel. “Parece
exagero, mas é nessa hora que a contaminação mais acontece”, adverte Carmona.
O cuidado com tantos detalhes faz do Grupo Hygea um
exemplo de cuidado com a saúde dos médicos. Nos últimos cinco meses, uma média
de 700 médicos atuaram por mês no atendimento em diferentes unidades de saúde e
hospitais no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. A média de registro de Covid-19 na equipe foi de 20 casos por mês, sem
qualquer óbito. “Isso não acontece por acaso. Todos os nossos médicos são
orientados a realizar os procedimentos de desparamentação nos treinamentos de
equipe. Em algumas das unidades onde atuamos, mantemos um Núcleo de Educação
Permanente que promove treinamentos contínuos para todos os médicos
contratados. Esse treinamento regular é essencial para se criar a cultura de
uso e manuseio correto dos EPIs.
Além de treinamento, Carmona lembra que em todas as
unidades nas quais o Grupo Hygea atua são implementados fluxos rigorosos para
atendimento aos pacientes. “Temos duas linhas bem definidas de triagem e
encaminhamento. O paciente que chega à unidade hospitalar ou de saúde com
qualquer sintoma gripal, vai para a unidade Covid-19. O paciente que chega com
qualquer outro sintoma é encaminhado para o atendimento geral. Essa organização
também é uma forma de assegurar a saúde de pacientes e dos profissionais da
saúde”, finaliza o coordenador médico do Grupo Hygea.
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