Especialista fala sobre os efeitos do consumo abusivo de bebidas no
cérebro
Há 12 anos,
em 19 de junho, era aprovada a Lei de nº 11.705, ou Lei Seca, que tornou mais
severas as punições a quem misture álcool e volante. Principalmente durante os
períodos festivos e feriados é comum que as pessoas exagerem no consumo de
bebidas alcoólicas sem pensar nas consequências. Além de ser considerada
infração gravíssima de trânsito, que implica em multa e até mesmo prisão, o
excesso de álcool pode causar diversos efeitos no organismo, dentre eles a
amnésia alcoólica, falta de coordenação motora, alteração visual e até o coma.
A Dra.
Keila Galvão neurologista da NeuroAnchieta explica que cada organismo tem uma
reação diferente em relação ao consumo do álcool. Fatores como sexo, peso, e
idade podem interferir na absorção da substância.
A
especialista também ressalta que a prática comum de associar bebidas a
substâncias estimulantes ou drogas intensifica a ação do álcool no cérebro,
gerando a perda de controle psíquico e motor.
Como o
álcool atua no cérebro? Quais reações provoca?
O álcool ou
etanol (CH3CH2OH) é uma solução aquosa que atravessa muito rapidamente a
membrana das células e chega ao cérebro pela corrente sanguínea. Trata-se de
uma substância tóxica que gera a desidratação das células e funcionalmente
provoca depressão do Sistema Nervoso Central.
Inicialmente,
produz sensação de relaxamento, desinibição e, conforme a quantidade de álcool
aumenta no sangue, estas sensações podem ser associadas à mudança da fala,
alteração ocular com visão dupla, comportamento inadequado, incoordenação,
mudança do andar, sonolência e até coma.
Estas
mudanças estão relacionadas à lentificação do planejamento dos movimentos,
diminuição da velocidade de reação ao estresse e dos reflexos de proteção,
podendo contribuir para acidentes.
As reações
variam de pessoa para pessoa? Por quê?
O álcool age de forma diferente em cada pessoa
dependendo do peso, índice de gordura, história familiar de alcoolismo,
suicídio, depressão, histórico de doença hepática, cirrose ou doenças
metabólicas como diabetes. Outro fator é o gênero, sendo a mulher mais
susceptível devido apresentar a enzima álcool desidrogenase em menor
quantidade.
Existem
fatores que afetam mais ou trazem mais consequências (ex: genético, idade etc)?
Sim. O
metabolismo do idoso é mais lento e a capacidade de metabolizar ou destruir o
álcool em outras substâncias menos tóxicas é diminuído. Além disso, na velhice
outras patologias próprias são associadas, como diabetes, hipertensão arterial,
arritmias, etc.
Existem
fatores indiretos que influenciam como o álcool vai atuar no cérebro?
Sim. O
efeito alcoólico pode ser acentuado pela associação com outras substâncias
ditas estimulantes ou outras drogas, interferindo na liberação estruturada
de neurotransmissores que, mantém o equilíbrio psíquico e motor como por
exemplo, velocidade de ação, intensidade de movimento, velocidade de resposta
motora.
É comum a
amnésia alcoólica? Por que ocorre?
É
importante lembrar que os fatores individuais interferem na resposta alcoólica.
A amnesia alcoólica ou blecaute pode ocorrer dependendo dos fatores de risco de cada pessoa, do nível alcoólico no sangue, o tipo de bebida, sua associação com outras substâncias estimulantes ou drogas.
A amnesia alcoólica ou blecaute pode ocorrer dependendo dos fatores de risco de cada pessoa, do nível alcoólico no sangue, o tipo de bebida, sua associação com outras substâncias estimulantes ou drogas.
Quais são
os principais efeitos danosos do álcool para o cérebro?
Em pequenas
doses provoca relaxamento, desinibição leve e em maiores doses, lentifica a
capacidade de planejamento e execução, a velocidade de reação ao estresse e dos
reflexos de proteção. Evolutivamente, com o grau de toxicidade ao Sistema
Nervoso Central, provoca alterações de comportamento como ações inadequadas,
irritabilidade, agressividade verbal e motora, blecautes, quando a pessoa
apresenta amnesia de alguns fatos esdrúxulos ou agressivos ou antissociais,
incoordenação e alteração visual e coma.
As
consequências mais severas dessa substância no cérebro leva quanto tempo para
aparecerem?
O pico
sanguíneo ocorre entre 30 e 90 minutos, se o estomago estiver vazio a absorção
é mais rápida e os efeitos neurológicos podem ser observados em associação com
a intensidade da intoxicação.
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