Toda crise leva a uma mudança. Toda crise traz uma
oportunidade de crescimento. Toda crise traz a hipótese do aprimoramento.
Estamos em crise. Isso é inegável. O mundo está em crise. Isso todo mundo já
sabe. O que ninguém ainda sabe é como sairemos dela. Para haver uma mudança, é
preciso haver uma revelação. Só mudaremos se descobrirmos como somos e como os
outros são. Portanto, sem querer minimizar o sofrimento deste momento, talvez possamos
tirar algum lado bom desta situação. Será que existe algum lado bom? Certamente
que sim.
Há uma frase de F. Scott Fitzgerald que diz:
“mostre-me um herói e escreverei uma tragédia”. Pensando pelo lado positivo,
mostre-me uma tragédia e encontraremos um herói. E muitos heróis estão se
revelando neste exato momento. Profissionais da área de saúde, que arriscam
suas vidas todos os dias. Policiais, bombeiros e tantos outros servidores que
estão nas ruas para nos proteger, ainda que (correndo) sérios riscos de vida.
Inúmeros voluntários que poderiam ficar em suas casas protegidos do vírus,
estão se dispondo a ajudar os mais necessitados. Claro que tais pessoas sempre
existiram, bem como esse comprometimento, mas agora o risco é muito maior e
ninguém as criticaria se quisessem tomar um caminho mais fácil e mais seguro.
No entanto, o que estamos vendo são atos de heroísmo, desde os mais simples até
os mais arriscados. Os mais pessimistas passam o dia a reclamar, queixando-se
de tudo, agarrando-se às notícias ruins, às tragédias, a tudo aquilo que
confirme que eles estão certos em seu negativismo. Os mais otimistas acreditam
que tudo irá terminar rápido e não haverá sequelas. Entre um e outro extremo há
aqueles que sabem que o mundo nunca mais será o mesmo, mas, isso não significa
um mundo pior. Muito pelo contrário. Tudo depende de nós. Quem é você nesta
crise? Quem você quer ser nesta crise? As pessoas se revelam nos momentos
difíceis. Nos momentos fáceis, é fácil sorrir, ser cordial, simpático,
otimista. Nos momentos fáceis, é fácil oferecer ajuda, mostrar-se solidário,
vestir-se com capas de bondade e valentia. Mas nos momentos difíceis, a máscara
cai e cada um se mostra como realmente é. Triste? Sim. Irremediável? Não. Uma
qualidade inegável que o ser humano tem é sua capacidade de mudança. Podemos
mudar todos os dias, se quisermos e nos dispusermos a tentar.
Quem você quer ser nesta crise? O herói ou o
covarde? Esta é a hora das mudanças. Agora é a hora de descobrirmos nossa
humanidade, nossa bondade, nossa disposição para ajudar. É a hora de crescer,
de evoluir, de se olhar no espelho com orgulho, com altivez. Você pode ajudar
alguém financeiramente, por pouco que seja? Alguém que, na crise, está
desempregado ou impossibilitado de trabalhar? Ajude. Você pode ligar para
alguém que está sozinho e com medo, para conversar e dar seu apoio? Ligue. Você
pode ensinar alguma coisa “online” para quem não sabe o que fazer e está
cansado de ficar o dia todo em casa? Ensine. Você pode entreter as pessoas com
danças, cantos, shows, qualquer coisa que as faça rir e se divertir?
Entretenha. Somos seres criativos. Usemos a criatividade para tornar a
quarentena mais agradável para nós e para os outros. O ser humano é
essencialmente bom e ainda que haja algumas ervas daninhas, a maior parte do
nosso jardim é composto de flores. Há muitas pessoas sofrendo e não há como
minimizar seu sofrimento. Há muitas pessoas morrendo e não há como não se
compadecer com as vítimas e seus familiares. Mas de tudo se pode tirar uma
lição. Qual será a sua lição? Pais que pouco conviviam com os filhos, agora
estão convivendo demais. Sentirão falta dessa proximidade quando a quarentena
acabar ou suspirarão de alívio? Casais que mal se viam durante a semana, agora
estão se vendo o dia inteiro. Sairão da quarentena com o relacionamento
fortalecido ou pedirão o divórcio? Pessoas que estão sozinhas e talvez, pela
primeira vez na vida, com tempo para refletir e se conhecer, sairão desta
quarentena uma nova pessoa, ou continuarão a se esconder em sua mesmice?
Trabalhadores que estão desempregados ou
impossibilitados de trabalhar aprenderão a cozinhar para vender? Farão cursos
‘online’ e talvez descobrirão outra vocação? Ou ficarão em casa o tempo todo
reclamando em frente à televisão? As pessoas lerão mais? Aprenderão coisas
novas? Serão criativas? Terão a oportunidade de ajudar alguém? São tempos
difíceis. São tempos de dor e sofrimento para todo mundo. Mas temos duas
opções: deixamos o sofrimento e o medo nos afundar até cairmos em depressão,
baixando tanto a nossa imunidade de forma que possamos ser mais uma vítima do
vírus, ou erguemos a cabeça e procuramos formas de lutar e vencer nesta guerra
que ninguém escolheu, mas que todos, inevitavelmente, tomamos parte. São tempos
difíceis, mas o pessimismo, o alarmismo e a reclamação baixam nossa imunidade,
enquanto o riso, o otimismo e o prazer, aumentam. Quem é você nesta crise? Como
você sairá desta crise? A escolha é sua.
Lucia Moyses - psicóloga, neuropsicóloga e
escritora, teve sua primeira
formação em análise de sistemas pela FATEC (Faculdade de Tecnologia do Estado
de São Paulo), complementando os seus estudos com curso de pós-graduação na
UNICAMP (Universidade de Campinas). Atuou nessa área por mais de 20 anos e foi
convidada para ser coautora em uma obra da IBM, em sua sede nos Estados Unidos.
Administrou cursos e palestras, inclusive para pessoas com necessidades
especiais. A partir desta experiência, a escritora se interessou pela área de
humanas. Foi então que decidiu seguir a carreira de Psicóloga, concluindo o
bacharelado na FMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas)
e, logo depois, se especializando em Neuropsicologia e Reabilitação Cognitiva
pelo (INESP) - Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa. Em 2013, a
autora lançou seu primeiro livro “Você Me Conhece?” e dois anos depois o livro “E Viveram Felizes Para Sempre”, ambos com um enfoque em relacionamentos humanos e psicologia. Três
anos após a especialização em Neuropsicologia, Lucia lançou os três primeiros
livros: “Por Todo Infinito”, “Só por Cima do Meu Cadáver” e “Uma Dose Fatal”, da coleção DeZequilíbrios. Composta
por dez livros independentes entre si, a coleção explora a mente humana e os
relacionamentos pessoais. Cada volume conta um drama diferente, envolvendo um
distúrbio psiquiátrico, tendo como elo o entrelaçamento da vida da personagem
principal. Agora em 2018, a psicóloga lança mais três livros: “A Mulher do Vestido Azul”, “Não Me Toque” e “Um Copo de Veneno”, totalizando seis livros da coleção.
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