Impacto
da pandemia na rotina promove reflexão sobre a vida interior e o mundo à sua
volta.
A pandemia
do novo coronavírus (Covid-19) impacta direta e indiretamente milhares de
pessoas ao redor do mundo. O período de isolamento social vem cercado de
inúmeros impactos nas relações no cotidiano e na sociedade. Como esse período
pode ser propício para refletir sobre a espiritualidade?
Esse
período de isolamento social pode emergir enquanto tempo fecundo para o cultivo
da inteligência espiritual. Um olhar para dentro pode trazer
questões pertinentes para a vida das pessoas: como estou vivendo? Como estou
agindo em diversas situações? “Uma vez que há em cada um nós um impulso ao
mistério e uma fome de transcendência e tudo aquilo que vivemos e que somos
resultam de uma experiência interior, é possível tornar essa experiência
consciente e desenvolvê-la”, revela o especialista de Pastoral da Rede
Marista de Educação Básica, Matheus Henrique Alves
É tempo de desacelerar e resinificar
O
contexto social atual pelo cotidiano desenfreado das cidades, a
quantidade e a dispersão de informações, bem como o incentivo ao consumo
exacerbado, entre outros fatores, têm contribuído para uma postura superficial
diante da vida. Isto é, por poucas vezes parar para refletir e buscar
sentidos e significados nas ações, nas relações estabelecidas e nos impactos do
que é produzido.
Ao
longo da história, grandes crises sociais apontam para um movimento de ruptura
que pode apresentar em meio às incertezas um apelo para reconfigurar a
vida e relações priorizando o que de fato há de essencial nelas. “O
cultivo de nossa espiritualidade nos ajuda a nos reconhecermos a partir de
dentro e nos relacionarmos com as pessoas tendo enquanto referência o que é
autêntico e profundo, a fim de encontrar um equilíbrio pessoal que repercuti no
meio social”, reforça Alves.
O
especialista dá dicas de como priorizar momentos de reflexão nesse período:
1) Busque o silêncio interior
Vivemos
em uma sociedade cercada de inúmeros ruídos, e de telas com informações ao
encalce da nossa mão, pequenos momentos de silêncio diário ajudam a se
conectar, interiorizar. “Para aprender a olhar para fora e compreender com
maior sensibilidade a existência do outro, se faz necessário que antes ousemos
olhar para dentro, precisamos encarar nossos silêncios internos e buscar
refletir o sentido mais profundo de nossa existência. Repense com calma as
prioridades diárias, as escolhas que precisara fazer e os impactos que elas
terão para além de você e caso seja necessário ajuste a rota”, revela.
2) Conectar-se com a natureza
Mesmo
durante o isolamento social há sempre uma janela, ou terraço, árvores nos
pátios, ou mesmo uma planta em casa, que pode nos ofertar um espaço de conexão.
O ato de cultivar e contemplar a beleza da criação nos ajuda a conhecer,
vivenciar e experimentar a natureza como espaço de vida que nos humaniza e nos
educa para simplicidade e para a quietude.
3) Cultive a cultura do cuidado e da
solidariedade
O
cenário histórico mais uma vez nos provoca a necessidade de assumirmos uma nova
mentalidade e uma nova postura diante da vida, é um apelo radical e urgente que
deve nos comprometer em todos os sentidos. Trata-se de estabelecermos uma
cultura do cuidado em contraposição a um mundo marcado pela naturalização do
sofrimento e da indiferença. Por vezes somos tentados a vivenciar uma
espiritualidade alienada e individualista que tende a nos afastar da realidade
agindo como uma rota de fuga diante do sofrimento e das incertezas que nos
afligem. “Precisamos resistir a essa lógica que tende a reforçar nosso
individualismo e nossa superficialidade diante da vida. É tempo de despertarmos
para a consciência do cuidado que passa por três dimensões essenciais: Enxergar
a realidade que nos cerca para além de nossa zona de conforto, questionar as
desigualdades e por fim mobilizar ações e recursos visando atenuar essas
necessidades, reforça Alves.
Marista
Escolas Sociais
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