Polêmica envolvendo a novela da TV Globo “O outro
lado do paraíso”. Para aqueles que não acompanham a novela, a polemica ganhou
força nas redes sociais e notícias do país todo. Na trama ficcional de Walcyr
Carrasco, a personagem Laura, interpretada pela atriz Bella Piero, foi abusada
durante a infância pelo padrasto, o que gerou na um trauma profundo que
a afeta, sobretudo, em momentos íntimos.
Buscando melhorar, ela foi indicada a se consultar
com uma advogada especializada em hipnose e coaching, e foi aí que a polêmica começou.
O Conselho Federal de Psicologia se pronunciou através de uma nota informando
que “uma abordagem equivocada de traumas pode gerar consequências graves”. Para
eles, tratamentos desse tipo não estão na alçada de um coach, o que está
correto, eu como coach posso corroborar isso.
O CFP afirmou que esse tipo de trauma, um problema
de saúde, demanda tratamento de profissionais de psicologia, e em outros casos
de psiquiatria. A confusão vem porque muitos não sabem o que é o processo de
coaching e para que ele serve, gerando ideias enganadas que muitas vezes são
reiteradas por maus profissionais.
O coaching é o processo pelo qual o cliente
(chamado de coachee) é apoiado por um coach no seu desenvolvimento
comportamental, de suas competências e habilidades para extrair seu máximo
potencial e alcançar seus objetivos pessoais e profissionais. O processo de
coaching tem como foco principal o atingimento de metas, um trabalho que
envolve o esforço de uma mente saudável, e não debilitada por um problema de
saúde.
O
processo de coaching é variado em suas aplicações, mas nesse tipo de caso um
coach pode, no máximo, apoiar as atividades que envolvem o tratamento. Por
exemplo, um cliente em tratamento precisa buscar e manter uma terapia em grupo para
tratar determinado transtorno. O coach pode apoiá-lo e mantê-lo focado nessa
tarefa, mas nunca indicará nem fornecerá o tratamento. A linha guia é o
psicólogo.
A
diferença entre o coach e o psicólogo é muito grande. O coach está mais focado
em apoiar o cliente a atingir metas, como, por exemplo, alcançar determinado
cargo dentro da sua carreira, melhorar o seu tempo, alcançar um nível alto de
vendas, liderar melhor uma equipe, atingir uma meta pessoal. Não sou psicólogo,
mas entendo que eles estão direcionados a tratar outro tipo de problema, os
ligados à saúde.
A
situação da novela teve muita repercussão. A emissora se pronunciou afirmando
que a novela é “uma obra de ficção”, o que é verdade, há certa liberdade
criativa, mas em casos como esse, principalmente considerando o histórico de
produções semelhantes, mesmo a ficção ganha um peso de responsabilidade sobre o
que dá a entender.
As
novelas chegam ao brasileiro mais distante, porém muitas notícias e
esclarecimentos não têm esse mesmo alcance, então é preciso tomar cuidado com o
ruído gerado. Apesar disso, meu papel aqui é de esclarecer a minha profissão e
sua aplicabilidade, buscando fazer a minha parte em instruir e direcionar. O
processo de coaching é um serviço relativamente novo, e é preciso que fiquem
claros os seus objetivos.
Ele
é indicado para quem precisa de apoio para alcançar objetivos que exigem níveis
mais elevados de disciplina, envolvimento e foco. É importante que quem procure
um coach verifique que tipos de resultados seus clientes têm obtido com o seu
apoio. Também deve-se checar se o coach está habilitado para prestar coaching
no nível que o cliente precisa.
Hoje
há uma quantidade enorme de pessoas oferecendo este serviço devido à sua
popularização. Há que se ter cautela na contratação deste profissional, pois há
muitos que não estão preparados para entregar aquilo que estão prometendo.
Desconfie, sobretudo quando se promete algo que não é a proposta da profissão.
Marcos
Guglielmi - empresário e sócio fundador
da ActionCOACH São Paulo.
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