Especialista fala sobre o ato
e como o problema deve ser encarado por país, professore e sociedade
O atentado na Escola Goyases,
em Goiânia, em que um aluno de 14 anos abriu fogo contra os colegas dentro da
sala matando dois e ferindo outros quatro, chama novamente nossa atenção para
um assunto delicado e que deve ser discuto e tratado: o bullying. O tema
precisa de muita atenção principalmente no que se refere ao âmbito escolar, já
que tal atitude não fica apenas na escola, e acaba afetando outras instâncias
da vida das pessoas que sofrem com essa “violência”.
Para Ana Regina Caminha
Braga, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar, é
importante consolidar seus conceitos e lutar para o combate de sua progressão
no meio escolar. “O papel que a escola precisa desempenhar em relação ao bullying
com as crianças, é o de amenizar qualquer distância que menospreza ou
impossibilita o outro de mostrar o seu potencial”, explica a especialista.
Segundo a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à
Adolescência (APRAPIA), o bullying está relacionado a todas as formas de
atitudes agressivas, realizadas de forma voluntária e repetitiva sem motivação
evidente, cometidas por um ou mais estudantes contra outro, causando dor e
angústia e realizada dentro de uma relação desigual de poder.
No Brasil, 20% dos estudantes
alegam já ter praticado algum tipo de bullying, tais dados foram levantados
pelo IBGE, que entrevistou mais de 100 mil alunos de escolas públicas e
particulares de todo o Brasil. Na mesma pesquisa, 51,2% dos estudantes não souberam
especificar um motivo para ter cometido tal agressão. A maioria dos casos está
relacionada à aparência do corpo, seguida da aparência do rosto, raça/cor,
orientação sexual, religião e região de origem. Geralmente, tais atos acontecem
sem o conhecimento dos pais e professores, com consequências graves como o medo
e insegurança, que atrapalham não só os estudos, como a vida pessoal daquela
criança ou adolescente.
De acordo com Ana Regina, a
escola precisa trabalhar e se desenvolver para que a tomada de consciência
aconteça de modo geral, desde a equipe pedagógica, o administrativo até os
discentes. “Devemos estar atentos para detectar o processo e trabalhar em prol
dos alunos vitimizados pelo Bullying. Essa mobilização talvez seja uma
alternativa para diminuir tal sofrimento. Cabe também ao núcleo escolar
proporcionar aos alunos a participação em feiras culturais, exposições, diálogo
com outros colegas e assim por diante, deixando-os mais à vontade no meio”,
detalha.
Segundo a especialista, essas
crianças e adolescentes chegam aos consultórios com bastante dificuldade e
sofrimento, e, infelizmente, a maior parte delas não terá atendimento adequado,
e, em alguns casos, nem o reconhecimento da situação. Por isso, para a melhor
forma de combater o bullying é investir em prevenção e estimular a discussão
aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Orientar
os pais para que possam ajudar, pois os mesmos devem estar sempre alertas para
o problema, seja o filho vítima ou agressor, ambos precisam de ajuda e apoio
psicológico.
“Quem é vítima de tal ato, acaba desestimulada a frequentar as
aulas por medo de ser humilhada. O Bullying é um problema sério que precisa ser
extinto, com o apoio do colégio, pais e próprios alunos. É o tipo mais
frequente e visível da violência juvenil. Administrar o problema nas escolas é
fundamental por ser um local de socialização das crianças e o segundo ambiente
de convívio depois do familiar”, completa a especialista.
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