Depois de um reinado próspero o rei morreu. Na linha
de sucessão, o filho mais velho é invejado pelo irmão mais jovem, que dá um sumiço
no herdeiro, assume a coroa e instala a desconfiança.
Parece um enredo distante de filmes, mas de forma
semelhante e menos dramática, a sucessão em empresas familiares pode gerar
muitos capítulos de uma história cheia de emoções.
De um lado, a superação e vitória do fundador, a
empresa, funcionários e clientes. Do outro, uma família, feliz, muito em parte
pelo senso de conquista nos negócios da família. No meio, podendo colocar em
risco todo o resto da história, a sucessão na liderança dos negócios.
O assunto é delicado. Justamente por tratar de um
patrimônio, material e emocional, a capacidade de separar os sentimentos, de
todas as consequências financeiras, societárias e trabalhistas, numa tomada de
decisão sobre o futuro, põe em prova o legado construído.
No Brasil o tema Planejamento sucessório
empresarial se mantém como assunto de grande discussão já que, em pesquisas
sobre o tema, apontou-se que 75% de todas as empresas do país têm origem
familiar. Contudo, historicamente, apenas 30 entre cada 100 empresas familiares
chegam à segunda geração e apenas 5 destas chegarão à terceira geração.
Por mais que um grupo familiar tenha expertise em
gestão, destrinchar os detalhes de uma sucessão de forma isenta é desafiador e
pode requerer apoio externo. E é nesse momento que o profissional do direito
tem papel crucial na orientação dos membros do grupo. Não só para materializar
legalmente as escolhas de gestão e sucessão, mas para definir instrumentos
jurídicos adequados que impeçam a atitude arbitrária de determinados membros
familiares que pode causar o comprometimento do patrimônio daquela empresa, e
eventualmente, a quebra do vínculo familiar.
Esse apoio de terceiros é também estratégico, pois
transfere para um representante independente a tarefa de apresentar assuntos
que os próprios familiares têm dificuldade de discutir e preserva a clareza nas
decisões sobre o rumo a ser tomado.
Os processos podem ser terceirizados, mas as decisões,
não. Enquanto um advogado ou consultor pode ajudar a elencar as alternativas
societárias e métodos para executar o plano, em geral, apenas o fundador e
familiares mais ativos no negócio têm entendimento do “espírito” da empresa,
das emoções e expectativas existentes. Nessa hora, os valores pessoais e as
prioridades familiares pesam tanto quanto o formato societário.
Vencer esta etapa não é fácil, mas a construção em
“equipe” pode se tornar o fator decisivo para que as histórias de sucesso
continuem a caminhar juntas e por muitas gerações.
Rodrigo
J. B. Ribeiro - MBA pela Brigham Young University e Engenheiro Elétrico pela
Universidade Mackenzie, traçou sua carreira como executivo de marketing e
vendas por grandes empresas multinacionais tais como IBM, Johnson & Johnson
e Philips, onde liderou negócios nos segmentos de tecnologia, dispositivos
médicos e bens-de-consumo. Aos
41 anos e mais de 20 de experiência, atua, desde janeiro, em seu mais novo
desafio: a Gerência Geral do Cerqueira Leite Advogados, empresa nacional de
serviços jurídicos.
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