O planejamento dos supermercados para
2021 é um grande desafio devido ao cenário de incertezas em função da pandemia.
Porém, os maiores supermercadistas do Paraná – Festval, Condor, Muffato e CSD –
chegaram à conclusão de que as perspectivas são favoráveis. Os empresários à
frente destas redes estiveram reunidos em um painel na Mercosuper Digital,
neste dia 18 de novembro, para falar sobre o futuro pós pandemia. O evento
acontece até o dia 19 de novembro no portal virtual mercosuper.digital.
O presidente da Apras, Carlos Beal
destacou que 2020 foi um ano de dificuldades, mas também de oportunidades. “O
setor contratou aproximadamente 15 mil pessoas desde o início da pandemia e o
objetivo desta feira é facilitar o acesso ao conhecimento para que os varejos de
todos os portes e regiões saibam o que fazer de 2021”.
Um dos participantes, Pedro Joanir
Zonta, fundador e presidente do Condor Super Center, contou que durante a
trajetória de 46 anos da rede enfrentou diversas crises, entre elas os pacotes
econômicos e o congelamento de preços. Segundo ele, a crise pandêmica trouxe a
necessidade de se reinventar rapidamente e colocou a segurança no centro das
operações. “O consumidor mudou e está buscando loja limpa, arrumada e que note
o cuidado com a higienização. O ano de 2021 promete ser excelente porque os
números estão mostrando que o PIB vai ser positivo, o que vai gerar emprego e
renda. Estou fazendo o planejamento dentro desta linha, mas com a ressalva de
que se tivermos uma segunda onda da Covid, tudo muda”. O empresário também
lembrou que a realidade de 2020 foi completamente diferente do planejado, mas
que os supermercadistas conseguiram se reinventar.
Esta resiliência do setor também foi
ressaltada por Everton Muffato, diretor do Muffato. “Os protocolos que os
supermercados implantaram nortearam os demais setores para a reabertura do
comércio em geral”. O empresário sugeriu que as empresas planejem o ano que vem
de acordo com os anseios do consumidor e com a compreensão de que o mundo está
mudando e que o momento é um divisor de águas para a inovação e a tecnologia.
Carlos Tavares, presidente do CSD
(Companhia Sulamericana de Distribuição), disse que, apesar de o setor
supermercadista ter sido um dos menos prejudicados devido a sua essencialidade,
também enfrentou diversas dificuldades, mas que o ano que vem promete uma
recuperação. “2021 não será um ano fácil para o Brasil, mas acredito que será
um ano de crescimento, onde vamos poder recuperar grande parte do que a
economia regrediu em 2020”.
Também participou da cerimônia de
abertura o governador do Paraná, Ratinho Junior, que destacou a importância do
setor supermercadista para a economia do estado. “Este é um ano atípico e a
Mercosuper é muito importante para o Paraná, pois o setor supermercadista
paranaense gera muito emprego e potencializa uma cadeia produtiva importante no
estado, além de ser uma referência para o Brasil, já que vários grandes grupos
brasileiros são paranaenses”.
Já o vice-governador do Paraná, Darci
Piana, falou sobre a organização do setor supermercadista paranaense, que
possui grande respeito nacional, e da importância da antecipação do 13º pelo
Governo do Estado para a recuperação econômica, principalmente neste momento de
final de ano.
A importância do setor paranaense
também foi destacada pelo presidente de Abras (Associação Brasileira de
Supermercados), João Sanzovo Neto, que também falou sobre o momento atual e a
necessidade de reinvenção. “O setor vem mostrando a força de ser essencial, é
um dos setores mais fortes da economia brasileira e vamos continuar trabalhando
para que a nossa essencialidade seja reforçada”.
Até o mês de agosto, o setor
supermercadista registrou um crescimento de 3,94%. A expectativa é de fechar o
ano com crescimento real de mais de 3%.
Consumidor multicanal
Uma pesquisa realizada pela Sociedade
Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) mostrou que o consumidor brasileiro
abraçou o online diante do isolamento social. Compras de alimentos e bebidas
cresceram 79% no período. Outra pesquisa, do Instituto Locomotiva, mostrou que
as compras por aplicativo de celular cresceram 30%.
Muffato disse que a pandemia antecipou
seis anos de tendência em um ano. “Tivemos muito aprendizado e ainda temos
muito o que aprender. O cliente se tornou muito mais multicanal e ainda está se
adaptando, assim como as empresas, que estão tendo que se adaptar para o
consumidor neste momento. Vejo um consumidor híbrido, criando o hábito do
online devido à necessidade. Estamos em um filão muito competitivo e o nível de
serviço e maturidade do setor paranaense é superior da média nacional”.
Esta transformação é uma necessidade
para manter a competitividade. Segundo Beal, o consumidor se tornou multicanal
e o supermercado passou a ter mais concorrentes que nem imaginava que existia,
como pequenos empreendedores e produtores. “O cliente está querendo novas
oportunidades e um novo formato e o varejo antigo não tem como sobreviver se
não se adaptar”.
Bolsa de valores
O CSD decidiu adotar o IPO (Oferta
Pública Inicial) há cinco anos e, segundo o presidente da rede, esta não chega
a ser uma tendência, mas uma oportunidade para as empresas e seus dirigentes.
“Isso avançou muito no Brasil e existem pré-requisitos, como ter vários sócios,
ou seja, você tem o ônus de ter um capital mais barato, além de ter auditorias,
governança mais forte e conselheiros independentes interferindo na estratégia e
sócios ávidos por resultados e pela valorização das ações”.
De acordo com Tavares, a quantidade de
empresas de varejo negociadas em bolsa praticamente dobrou em um ano, apesar da
pandemia. O empresário afirma que 2020 foi um momento ímpar para o Brasil em
termos de abertura de capital, provocado basicamente pelos juros muito baixos,
com a queda na Selic, o que fez as pessoas físicas mudarem parte dos seus
investimentos de renda física para renda variável. “É um aprendizado, ainda vai
evoluir muito e é algo que vai perdurar no país. Tivemos momento de aumento na
procura, mas também tivemos investidores estrangeiros não estando presentes.
Quando passar este momento e o investidor estrangeiro voltar, tenho certeza que
serão abertas novas janelas e oportunidades para que as empresas possam fazer o
IPO no Brasil”, explica.
Tavares sugeriu que para abrir capital
na Bolsa de Valores, primeiramente a empresa precisa estar preparada e com um
mercado ávido por comprar.
Mercosuper Digital
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