Empreendedor serial
e consultor, Guilherme de Almeida Prado - fundador do Konkero, maior portal de
finanças pessoais do Brasil - explica os motivos da baixa adesão dos
brasileiros à previdência e dá dicas de como poupar para o futuro. Entre os
autônomos, a cada 10 pessoas, oito não contribuem.
Levantamento conduzido em 15 países pela seguradora
Mongeral Aegon indicou, na edição de 2018 da pesquisa, que os brasileiros são
os que mais se preocupam com a possibilidade de perder os benefícios da
aposentadoria. Enquanto o resultado global mostra que 38% dos entrevistados têm
essa inquietação, no Brasil a menção é de 54%; na segunda colocação, as
mudanças do mercado de trabalho tiram o sono de 32% dos entrevistados no país.
Em contrapartida, dados do Dieese apontam que a cada 10 trabalhadores
autônomos, oito não contribuem com a previdência social. Na prática, há um
baixo índice de pessoas que poupam para o futuro. Na análise do consultor e
empreendedor serial Guilherme de Almeida Prado esse comportamento se apresenta
por uma série de motivos que, quando combinamos, tornam o futuro financeiro do
brasileiro uma bomba-relógio.
No país, a educação financeira é um desafio a ser
enfrentado, na opinião do consultor. “O interesse por finanças é ditado por uma
situação extrema, ou seja, somente quando o problema surge. Há um baixo
compartilhamento de informações sobre o tema. Além disso, não dá status social;
a pessoa que poupa é vista como o que não aproveita a vida; uma pessoa sovina e
desprovida de interesse pelas coisas boas da vida”, analisa, acrescentando que
quem poupa tem que lidar com os pedidos de empréstimos de familiares e amigos.
Na Konkero, de janeiro a novembro deste ano, foram
13 milhões de visitas, sendo 200 mil com dúvidas sobre previdência pública e
privada. Entre os internautas que acessaram para buscar informações sobre o
tema, 61,3% são mulheres; na análise da faixa etária, 37% têm entre 25 e 34
anos; 22% entre 35 e 44 anos; 17% entre 45 e 54 anos; 12% entre 55 e 64 anos; e
3% com mais de 65 anos. Entre os mais jovens – com 18 a 24 anos –, o índice é
de 9%.
Motivos
Entre os motivos para a baixa adesão, sobretudo de
autônomos, Almeida Prado enumera quatro razões. Em primeiro lugar, a
dificuldade de recolher recursos: o contribuinte tem que preencher guia; buscar
códigos; calcular – algo que não é trivial. Em segundo, a falta de informação.
Diferente do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – que emite um
extrato com o saldo – a previdência não deixa claro esse saldo, fazendo com que
o brasileiro não saiba quando vai se aposentar; quais recursos já poupou. Na
avaliação do consultor, o brasileiro não sabe o que ganha com isso!
O terceiro motivo está no fato de o governo não
lembrar aos que não estão contribuindo; seria um extrato com um lembrete para
tornar mais palpável todo o processo de contribuição. E, por último, o
brasileiro só descobre os erros que cometeu no recolhimento quando solicita a
aposentadoria, ou seja, não há uma correção gradativa dos eventuais enganos
cometidos – sobretudo de valores. “Todos os quatro motivos fazem com que os
brasileiros fiquem mais desconfiados do processo. A ideia de contribuir em um
carnê e um dia se aposentar é muito distante. E, mesmo os que aderem a
contribuição se ressentem de um processo tão complexo e burocrático”, afirma.
Dicas para poupar para a aposentadoria
Na percepção de Guilherme de Almeida Prado, o ideal
é ter uma reserva adicional, além da aposentadoria do INSS, para garantir uma
velhice tranquila.
Nesse contexto, o plano de previdência privada é uma boa
alternativa, mas deve ser analisado e escolhido sem pressa. “Compare bem as
opções disponíveis, pois essa será uma decisão de muitos anos. Procure escolher
planos de previdência de instituições sólidas; fuja de planos de previdência
que cobram taxa de carregamento – que é um dinheiro que você paga assim que
aplica o dinheiro. Hoje em dia já existem muitas opções que não cobram nenhuma
taxa de carregamento”, afirma, acrescentando que o ideal é procurar planos de
previdência com taxas de administração menores. “Quanto maior a taxa de
administração, mais dinheiro será tirado do plano para pagar o banco. O ideal é
comparar o histórico de rentabilidade e o risco dos planos de previdência.
Histórico de boa rentabilidade não é garantia de boa rentabilidade futura, mas
é um indicativo”, avalia.
De acordo com o consultor é comum os melhores
fundos de previdência exigirem um investimento inicial maior. Nesse caso, se a
pessoa não tem todo o dinheiro necessário, pode investir em outra aplicação até
atingir o mínimo necessário. “O Tesouro Selic pode ser uma alternativa
interessante. Se o investidor já começou a poupar para aposentadoria,
excelente! Aí o próximo passo é ir atrás de seguros para o patrimônio.
Acidentes de carro, incêndios de residência, internações hospitalares, tudo
isso são surpresas que estamos sujeitos e que, se acontecerem, vão acabar ou
reduzir muito a reserva financeira. Por isso, é fundamental pensar em começar a
ter seguros de patrimônio, saúde, entre outros”, finaliza.
Konkero
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