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segunda-feira, 22 de junho de 2020

ABLC promove campanha Proteína Básica


Ação social visa a arrecadar fundos para comprar e distribuir alimentos de alto valor nutricional a comunidades carentes


A pandemia de Covid-19 agravou a crise econômica no Brasil. Milhões de pessoas ficaram desempregadas e sem ter como se sustentarem financeiramente, com dificuldades até para comprar alimentos. Com o intuito de mitigar essa situação, pessoas físicas e organizações sociais doam cestas básicas à população mais necessitada. A Associação Brasileira Low Carb (ABLC) alerta, contudo para o baixo teor nutritivo dos alimentos presentes nessas cestas, que são compostas em sua grande maioria por carboidratos refinados, entre os quais açúcar, biscoitos, farinha de milho e trigo, fubá, macarrão etc. Em suma, uma dieta propícia para o surgimento de doenças crônicas, como diabetes, esteatose hepática e obesidade.

Nesse sentido, a ABLC está promovendo a ação social Proteína Básica, cujo intuito é arrecadar fundos para comprar e distribuir alimentos de alto valor nutricional a comunidades carentes. Conforme o médico, diretor-presidente da ABLC, José Carlos Souto, na compreensão da entidade, a cesta básica padrão apresenta deficiências de fontes de proteína de alto valor biológico, por isso a associação pretende angariar e oferecer à população alimentos como frango, carne e ovos.

A campanha surge como consequência dos valores da entidade, entre os quais a responsabilidade social, que associação coloca em prática suprindo às necessidades das pessoas referente a informações precisas e científicas sobre saúde, alimentação e qualidade de vida. "Por causa da situação atual do país, e detectando o baixo valor nutricional dos alimentos que compõem a cesta básica tradicional, a diretoria da ABLC entendeu que, além do papel informacional da instituição, fazia-se necessária uma ação concreta", esclarece Souto. Para colocar em prática o projeto Proteína Básica, a ABLC deseja contar com o auxílio da comunidade e de empresas parceiras.

Souto faz questão de salientar que o objetivo da campanha promovida pela entidade é complementar a doação de cesta básica tradicional e não combatê-la. "Ela tem o seu papel e  ainda que não seja perfeita, quem não come há varios dias irá se beneficiar dela. A doação desse tipo de cesta é, portanto, algo muito bem-intencionado", declara.


Alimentação rica em calorias e pobre em nutrientes

De acordo com o endocrinologista e diretor-científico de medicina da ABLC, Rodrigo Bomeny, o Brasil vive um paradoxo nutricional: a população está cada vez mais com sobrepeso e obesa, contudo, os índices de desnutrição aumentam. "Isso acontece porque a alimentação das pessoas é baseada em calorias vazias (carboidratos ultraprocessados e açúcares), com baixa quantidade de nutrientes. Ou seja, trata-se de uma alimentação com excesso de energia e falta de proteína", explica.

Essa alimentação de baixa qualidade, por sua vez, acarreta uma série de problemas de saúde. "Diversos estudos indicam que a deficiência de proteínas na dieta está associada a uma resposta imunológica comprometida, bem como a um risco aumentado de obesidade e doenças metabólicas, tais como diabetes", diz Bomeny. Por sua vez, é sabido que, além de idosos, indivíduos portadores dessas doenças apresentam elevado risco de desenvolver quadro mais graves da Covid-19, o que, por vezes, suscita a morte desses pacientes.

Pesquisa realizada pela Universidade de Nova York demonstra essa relação. O estudo analisou, entre março e abril de 2020, informações sobre 4103 pacientes diagnosticados com Covid-19 da cidade norte-americana, sendo que 44,6% tinham doenças cardíacas, 39, 8% apresentavam obesidade e 31,8% sofriam de diabetes. Conforme o levantamento, do total de infectados, 48,7% (1999) precisaram ser hospitalizados. Cruzando os dados de todos dos pacientes, os pesquisadores chegaram a conclusão de que comorbidades, entre as quais obesidade e diabetes, e idade são fortes preditores de hospitalização.

O médico José Carlos Souto afirma que no Brasil há uma estreita relação entre pobreza e doenças crônicas. Souto lembra que dados recentes da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), promovido pelo Ministério da Saúde, mostraram que quanto menor for a escolaridade e renda, maior a incidência de sobrepeso, obesidade e diabetes na população.

Não à toa a Covid-19 se torna mais letal à medida que avança pelas áreas mais pobres do país. Na cidade de São Paulo, por exemplo, levantamento realizado pela prefeitura municipal, com base em dados coletados até 5 de junho, indica que as regiões periféricas das Zonas Norte e Sul apresentam o maior número de mortes pela doença. Além de estarem sob condições sanitárias mais precárias, o que enfraquece as medidas de prevenção de contaminação pelo vírus, as pessoas residentes nestas localidades também apresentam saúde debilitada, muitas vezes ocasionada por um alimentação de baixo valor nutricional.

É justamente esta população que é alvo das campanhas de doação de cestas básicas típicas, cuja composição é formada em sua grande maioria por carboidratos refinados, que levam, conforme o diretor-presidente da ABLC, ao consumo excessivo de calorias com deficiência de nutrientes, e a baixa ingestão de ´proteína de alto valor biológico. "O maior problema nutricional de países como o Brasil não é a desnutrição calórica nas camadas menos favorecidas, e sim a desnutrição proteica", afirma.

Este é o motivo pelo qual a ABLC optou por enfatizar em sua campanha de doação de alimentos o que julga ser a principal deficiência nutricional em pessoas necessitadas: proteínas de boa qualidade.


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