Ampliação de aquisições locais intensificam
rigor com análise de oportunidades; consultoria comenta preocupações mais
frequentes
O
cenário político-econômico aliado ao preço atraente de ativos nacionais, à
abundância de recursos naturais e ao tamanho do mercado consumidor brasileiro
reforçam entre chineses a percepção do Brasil como grande oportunidade para
investimentos.
“Se
inicialmente os interesses eram focados apenas em recursos naturais e alimentos
para abastecimento do mercado interno chinês, desde 2014 o Brasil é visto como
relevante plataforma de crescimento para a indústria chinesa escoar sua
produção e excedentes”, afirma Fernanda Barroso, diretora geral do escritório
brasileiro da Kroll, líder global em gestão de riscos, investigações, compliance, segurança
cibernética e resposta a incidentes.
E
assim como crescem as cifras trazidas pelo gigante asiático ao país e muda-se o
tipo de investimentos, tem se intensificado a preocupação com os riscos
oferecidos em negócios locais. “Junto com a ampliação e diversificação de
investimentos, evoluiu também a atenção com conformidade e políticas
anticorrupção”, afirma Barroso.
“Temos
observado uma grande procura por FCPA (Foreign
Corrupt Practices Act) due-diligence
por clientes da China com interesses em nossa região”, completa,
referindo-se ao marco legal norte-americano de combate à corrupção
transnacional.
De
acordo com a executiva, esse movimento não se restringe apenas ao fato de
muitas operações envolverem ativos de empresas listadas em bolsa, relacionadas
na operação Lava Jato ou vinculadas a estatais. Para ela, tem havido uma
disposição crescente do governo chinês nos últimos anos em implementar
programas anticorrupção no país.
Tal
disposição ajuda a explicar o segundo ponto de atenção bastante observado, que
diz respeito a questões trabalhistas e ambientais. “Eles buscam entender como
atuar no Brasil sem ferir códigos nesses dois âmbitos, tendo em vista as
grandes diferenças entre as legislações chinesa e brasileira. ”
Já
o terceiro se refere a dúvidas quanto ao surgimento de políticas protecionistas
após o pleito presidencial em 2018, alterando o contexto hoje propício a novos
entrantes no mercado nacional. “A conjuntura atual é bastante favorável a
investidores que querem exportar tecnologia e comprar ativos de infraestrutura,
por exemplo, mas a indefinição quanto às perspectivas pós-eleições tem
inspirado cuidados entre os chineses”, conta a diretora da Kroll.
Esse
foco em aquisições busca não apenas atender objetivos estratégicos chineses do
ponto de vista social e econômico, mas também financeiro. “O setor privado na
China tem ganhado mais importância para o governo. Desse modo, surgem novos
perfis de investidores, que se preocupam muito com a qualidade dos ativos em
suas aquisições e participações societárias”, explica Barroso.
“Esse
maior senso de oportunidade com vista a retornos cada vez mais competitivos com
certeza traz reflexos ainda mais sensíveis em análise e gestão de riscos. O
que, em última instância, beneficia tanto compradores como vendedores”, avalia
a executiva.
Kroll
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