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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Relação entre Instagram e Ortorexia Nervosa é tema de pesquisa inédita apresentada no Congresso Brasileiro de Nutrologia



Aumento dos sintomas do transtorno alimentar está relacionado ao uso excessivo da mídia social


Pesquisa que relaciona o uso excessivo do Instagram com o aumento dos sintomas de Ortorexia Nervosa – a obsessão por comer alimentos saudáveis – foi apresentada e analisada durante a 21º edição do Congresso Brasileiro de Nutrologia, em São Paulo. A pesquisa foi conduzida por especialistas de Londres (Inglaterra) e publicada em junho no periódico mundialEating and Weight Disorders. No Congresso, a médica nutróloga e Diretora do Departamento de Transtornos do Comportamento Alimentar da Associação Brasileira de Nutrologia - Abran, Dra. Maria Del Rosario, ministrou uma aula sobre a pesquisa que demonstrou a mudança do comportamento alimentar de mulheres que acessaram redes sociais.

Entre outros aspectos, o estudo realizado exclusivamente com quase 700 mulheres - o maior número de participantes com 24 anos e IMC de 22,14 (peso ideal) - comprova que acessar o Instagram por mais de 30 minutos em exposição a imagens de alimentos saudáveis aumenta consideravelmente os sintomas de ortorexia nervosa. "Conversar sobre alimento saudável é muito bom, mas tornar isso uma obsessão pode prejudicar a saúde física e o comportamento social da pessoa, e ainda pode se transformar em uma doença.

 Em consultórios, vemos muitos casos que as pessoas são inspiradas por blogueiras fitness e consideram como ideal o prato "saudável" apresentado por determinadas personalidades do mundo digital. Isso é preocupante pela disseminação de informações sem evidências científicas e que podem provocar prejuízos à saúde de pessoas de grupos mais vulneráveis", afirma a médica nutróloga.

O aumento de risco de ortorexia nervosa não está relacionado à opção nutricional. "O que precisamos desmitificar é que uma pessoa vegetariana não é ortorexa ou possui um distúrbio alimentar", diz a médica nutróloga. Na pesquisa, 28% das mulheres eram veganas, 24% onívoras e 12% vegetarianas.
"Com esse estudo, pudemos começar uma discussão sobre o papel desempenhado pelas mídias sociais modernas no início e na progressão dos principais transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e a própria ortorexia nervosa" completa Dra. Maria Del Rosário.


Seriam as redes sociais os novos prescritores de dietas?

De acordo com a Dra. Maria Del Rosário, o "uso das redes sociais está em crescimento e o que mais nos preocupa é a questão da saúde mental", afirma. Além disso, ela lembrou que de ano em ano surgem novas dietas para seguirmos: "Já tivemos dietas sobre chá verde, quinoa, óleo de coco, ração humana, chia, suco verde, entre tantas outras. Contudo, a velocidade e a exposição de conteúdos trazidas por algumas blogueiras, muitas vezes sem nenhum apoio científico ou médico, pode levar as pessoas à uma alienação", diz a diretora da ABRAN.

A médica nutróloga cita o exemplo da disseminação da Placentofagia pelas redes sociais. A placentofagia é a nutrição a partir da placenta do recém-nascido, prática comum entre os animais mamíferos – mas pode apresentar riscos à saúde. "Vimos no Brasil e nos Estados Unidos um grande crescimento da placentofagia entre os humanos, incluindo venda de cápsulas de placenta.

Mas até qual ponto isso é saudável? ", indaga e comenta de uma recente revisão científica com ausência de benefícios clínicos associados a essa prática.

Essa questão foi levantada por um alerta do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, publicado, em 28 de agosto no American Journal of Obstetrics & Gynecology. O comunicado foi gerado a partir de um caso de um bebê que apresentava grande resistência a uma sepse – conjunto de graves manifestações em todo o organismo produzidas por uma infecção. Após investigações clínicas, foi descoberto que durante a gravidez a mãe havia ingerido cápsulas de placenta contaminada pela bactéria Streptococcus do grupo B. O órgão regulador norte-americano recomendou que os médicos desestimulem o uso dessas cápsulas e a placentofagia em função do alto risco de contaminação de mães, crianças, e fetos em desenvolvimento.





ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia




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