É mais do que
sabido pela ciência médica que existe uma relação intrínseca entre as doenças
do corpo e os transtornos da mente. Existem muitos estudos realizados
comparando estatisticamente as condições psicológicas dos pacientes e os
problemas de saúde que os acometem. A tradição védica aborda de forma simples o
funcionamento do corpo. Como professor de vedanta, escuto muitas histórias de
vários alunos e alunas que se deparam com doenças difíceis, entre elas os
cânceres de mama e de útero. Então, metafisicamente, além
das questões hereditárias há, sem dúvida, um quadro emocional que leva ao
desenvolvimento de doenças.
O útero
na medicina oriental simboliza a criatividade, pois é o orgão capaz de gerar,
de criar. Portanto, quando uma mulher está criativa, consegue expor
suas ideias e se sente motivada e reconhecida, seu útero se mantém saudável.
Por outro lado, se ela se sente tolhida, ou dependente de alguém, incapaz
de criar, esta condição faz com que ela não se escute e, portanto, não consiga
se expor para o mundo, perdendo a sua capacidade de criar. E a
reflexão dessa perda de criar, na mulher, traz o câncer de útero. “Observo
o perfil entre as alunas que apresentam esse tipo de doença e percebo o quanto
elas têm dificuldade em se abrir e em se colocar verdadeiramente para o
mundo.
Esta negação da própria identidade promove dentro de si mesma uma morte:
a morte da sua própria criatividade, a qual é transferida para este órgão do
corpo, que adoece”, destaca Jonas Masetti, mestre em Vedanta.
No caso
da mama, a questão é um pouco diferente. Não tem a ver com a criatividade,
mas sim com a doação, com o cuidado ao outro. É muito comum as pessoas acharem
que o amor é algo incondicional e que as pessoas precisam encontrá-lo.
Mas, a verdade é que qualquer um de nós quando impaciente, com fome, em
qualquer uma das necessidades básicas não atendidas, não temos a mesma capacidade
de se doar. É como se antes de ajudar o próximo, fosse necessário nos ajudar
primeiro. É como numa situação crítica em um avião. É preciso colocar a máscara
em si mesmo para sobreviver e depois ajudar o outro. Isso é natural.
Quando dissemos que o amor é incondicional, existe uma condição, e a condição
é: o outro tem que estar disposto a receber o nosso amor. E quando o outro
recebe, nós recebemos também quando damos. Quando a gente dá um abraço em
alguém que quer ser abraçado, a gente recebe o abraço; quando a gente beija, a
gente é beijado; quando a gente ama, a gente também se sente amado.
“O câncer de mama vem quando existe um disparate muito grande entre o
quanto essa pessoa dá para o mundo e o quanto ela acha que recebe do
mundo. Ela se coloca em situações onde ela dá sem receber proporcionalmente, ou
está dando para pessoas que não estão interessadas em receber. O câncer surge
em pessoas que não conseguem se colocar adequadamente na posição
de amar o próximo e tem dificuldade de expressar este sentimento”,
complementa Masetti.
Segundo a ciência oriental, existem
duas energias que regem em nosso corpo: Yin e Yang. O Yin é a
energia representada pelo feminino, da doação, do acolhimento, do passivo, do
escuro, noturno e no desenho do Yin e Yang é representado pela cor preta, lado
esquerdo da esfera. O Yang é o princípio ativo, masculino, diurno, luminoso e
quente. Está representado pelo lado direito da esfera, na cor
branca. Existe uma conexão muito grande entre a capacidade de doação a uma
outra pessoa e a aptidão em cuidar do outro. Sendo assim, a conexão da doação
ao próximo é feminino e é representado pela energia Yin.
“É muito comum mulheres que tenham um
desequilíbrio da sua energia Yin ter dificuldade afetiva, dificuldade
de toque nas outras pessoas, de olhar nos olhos etc, o que pode gerar um câncer
de mama”, diz Masetti. E é muito comum as pessoas chamarem
essas mulheres de masculinas, mas a verdade é que elas são ‘não femininas’,
porque o oposto do feminino não é o masculino, o oposto do feminino é o ‘não
feminino’; e o do masculino é o ‘não masculino’. Uma mulher inteira é masculina
e feminina; um homem inteiro é feminino e masculino, porque força e
sensibilidade não opostas e quando estão equilibradas, essas pessoas podem
aproveitar melhor o mundo. De acordo com Masetti, o desequilíbrio entre esses
fatores é o que gera nos homens e nas mulheres as diversas doenças que existem.
“Qualquer estudo mais aprofundado da ciência da medicina oriental poder
explicar estas nuances. As energias desequilibradas geram doenças. E o câncer
de mama é uma dessas condições”, afirma Masetti.
Portanto, segundo Masetti, para
evitar os cânceres de útero e de mama, as mulheres devem ativar a sua
criatividade, expor seus sentimentos, se dedicar ao outro de forma a
não ter expectativa e não cobrar das pessoas um retorno. “Aprenda a se soltar,
a expressar seus sentimentos e a amar sem cobranças”, finaliza o mestre.
Sobre
a Vedanta
Vedanta é o nome do
estudo realizado a partir do final dos Vedas – quatro escrituras básicas da
cultura hindu, que deu origem ao conceito de autoconhecimento. Na sua
etimologia o termo vedanta possui dois significados: ‘aquilo que se encontra ao
final dos Vedas’, pois ‘anta’ em sânscrito significa ‘fim’; e também, ‘o
conhecimento final’, já que a palavra ‘veda’ também significa simplesmente
‘conhecimento’.
O estudo consiste em uma
mudança cognitiva, a correção de uma visão sobre o mundo e si mesmo. A visão
errônea é a causa do sentimento de limitação, impotência e incompletude, que é
básico em todo o ser humano.
Desse modo, Vedanta não é
considerada uma religião. O conhecimento proposto se dá pelo uso de um meio
externo ao sujeito. Assim como a ‘olho nu’ não somos capazes de ver a si mesmo,
ninguém é capaz de ‘ver’ o ‘eu’. Portanto, Vedanta é como um espelho: funciona
como meio de conhecimento para aquilo que não podemos ver sozinhos.
Jonas Masetti - chamado na Índia de
Vishvanatha, brasileiro, tem 36 anos, e é mestre em Vedanta – estudo milenar do
autoconhecimento. É discípulo do Swami
Dayananda Saraswati, considerado o maior mestre de Vedanta da
atualidade, tendo vivido por quatro anos na Índia, onde se formou Mestre em
Vedanta pelo Ashram do Swmi Dayananda em Coimbatore em 2013.
É formado em engenharia mecânica pelo
IME (Instituto Militar de Engenharia), foi sócio fundador da Morning Star
Consulting, onde atuou no mercado financeiro e de multinacionais
como consultor de negócios. Sua empresa chegou a ser uma das maiores na
área de consultoria em gestão e estratégia para grandes empresas, chegando a
ter 100 funcionários em 2003. Apesar de todo o sucesso profissional, Masetti
buscava uma resposta e se manteve firme neste propósito, passando por diversos
grupos e professores, até chegar à Índia.
Fundou em 2013 o Vedanta.Life, instituto
de espiritualidade, que tem por objetivo ser um agente transformador de pessoas
para a construção de um mundo melhor para todos por meio da disseminação do
Vedanta. O Instituto agrega uma comunidade com mais de 30 mil pessoas e mais de
400 alunos regulares. O conhecimento do Vedanta é disseminado por meio de aulas
online, usando tecnologia de ponta, que permite alcançar alunos em outros
países, tais como Estados Unidos, Portugal, México e África, bem como
pessoalmente em eventos pontuais e retiros espirituais junto à natureza ou
dentro de ambientes empresariais, focado aos líderes das companhias.
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