Tecnologia inédita
no Brasil faz exame detalhado da lágrima que interfere na visão e nos resultados das cirurgias de
ceratocone., refrativa e catarata.
A poluição típica da primavera somada à baixa umidade
do ar faz 12% dos brasileiros sofrerem com a síndrome do olho seco. Mulheres e idosos são os grupos de maior
risco, mas a disfunção da lágrima também acontece entre jovens. Uma pesquisa
online feita pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido
Burnier em Campinas com 315 portadores de ceratocone, doença que afina e faz a
córnea tomar a forma de um cone, mostra
que neste grupo a incidência de olho seco chega a 24%, o dobro da população
geral. A boa notícia é que o especialista acaba de trazer para o Brasil uma
nova tecnologia capaz de diagnosticar até casos assintomáticos da síndrome. O
equipamento foi lançado no início deste mês em Lisboa durante o congresso da
ESCRS (European Society of Cataract & Refractive Surgery). O médico afirma que substitui o diagnóstico
subjetivo por avaliações objetivas que podem ser visualizadas pelo paciente. A
avaliação contém informações das alterações nas três camadas da lágrima – mucina,
aquosa, lipídica – e das glândulas de meibomio responsáveis por 80% da camada
lipídica do filme lacrimal.
Qualidade
de visão
Queiroz Neto conta que a possibilidade de ver a melhora
da disfunção lacrimal durante o acompanhamento médico do olho seco tem
estimulado a adesão ao tratamento entre europeus assintomáticos. Para ele, o
mesmo deve acontecer por aqui porque toda pessoa fica estimulada a seguir um
tratamento quando consegue enxergar a melhora. Em quem apresenta sintomas,
afirma, o olho seco causa coceira, queimação, olhos vermelhos e irritados,
sensibilidade à luz, desconforto para dirigir, trabalhar no computador, ler e
ver televisão. Tanto nos casos sintomáticos como nos assintomáticos, o
oftalmologista afirma que a falta de lágrima deixa a visão embaçada além de
poder desencadear alergia, conjuntivite, inflamação na córnea e danos nas
glândulas de meibomio.
“Mesmo que não cause outras doenças, o olho seco causa
perda da visão funcional. Por isso, compromete o resultado das cirurgias de
ceratocone, refrativa e catarata” pontua. Para quem tem ceratocone, a coceira
nos olhos é o principal fator de risco evitável da progressão da doença.
Colírio
e cirurgia preventiva
O oftalmologista destaca que a maioria das pessoas com
olho seco acreditam que podem usar qualquer lágrima artificial e por isso
pioram a síndrome. “Os colírios com conservante podem tornar o problema crônico
porque algumas pessoas são alérgicas”, afirma. A reação é ainda mais frequente
em quem tem ceratocone. Isso porque na pesquisa feito pelo médico 50% dos
participantes tinham algum tipo de alergia contra 20% a 30% da população. A
dica é escolher lágrima artificial sem conservante ou com conservante virtual
que desaparece quando em contato com a superfície do o olho” afirma.
A única cirurgia que previne a progressão do ceratocone,
pondera, é o crosslink – associação de vitamina B2 (riboflavina) e radiação UV
(ultravioleta) para aumentar a resistência da córnea em até três vezes. A má notícia é que este tratamento não pode
ser feito em ceratocone avançado. O especialista diz que cicatrizes na córnea
sinalizam que já passou da hora de tenta evitar a progressão.
Lente escleral
A evolução do ceratocone
pode dificultar a adaptação de lente de contato rígida para corrigir ao
ceratocone. Segundo Queiroz Neto, uma alternativa pode ser a lente escleral que
invés de ficar apoiada na córnea se apoia na esclera, parte branca do olho.
Outras vantagens deste tipo
de lente são a maior estabilidade no olho, a diminuição da evaporação da
lágrima e, consequentemente do olho seco, além de reter menos corpos estranhos.
Anel
intracorneano
Quem não consegue uma correção visual satisfatória com
lente de contato deve consultar um oftalmologista sobre o implante de anal
intracorneano. Trata-se de um implante na camada interna da córnea, o estroma, para
aplanar seu formato.
Transplante
Queiroz Neto afirma que o ceratocone responde por 7 em
cada 10 transplantes de córnea no Brasil, apesar de todos avanços de tratamento
e cirurgia que podem evitar o procedimento. A cirurgia manual exige 3 vezes
mais tempo de recuperação e número de pontos, mas ainda é a mais realizada no
país. O primeiro passo para manter a integridade do olho é consultar o
oftalmologista periodicamente e ter a máxima atenção com a lubrificação ocular,
conclui.
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