Combinação de
domínios, como autocontrole, empatia e decisões responsáveis, podem prevenir
consequências provocadas pelo mau uso das redes sociais via celular
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)
aprovou, nesta quarta-feira (11), uma proposta do governo do Estado de São
Paulo que permite o uso de celular em sala de aula para fins pedagógicos. Com
as mudanças, crianças e jovens dos ensinos Fundamental e Médio
poderão utilizar aparelhos em sala de aula em atividades pedagógicas e
orientadas por educadores. A proposta foi encaminhada pelo governador Geraldo
Alckmin, em 2016, após pedido feito pelo secretário da Educação, José Renato
Nalini.
A educadora Tania Fontolan, diretora geral do
Programa Semente, considera que é importante incorporar esses recursos ao processo
educativo: “A escola prepara para a vida social e, efetivamente, usamos
celulares e a internet em nosso dia-a-dia não somente para a comunicação, mas
também como recursos de pesquisa para solucionar problemas. A escola não pode
ignorar essa realidade e funcionar como um mundo desconectado da vida real”,
afirma. No entanto, a educadora alerta para a necessidade de
celulares e internet em sala de aula se articularem às finalidades
pedagógicas das atividades em que serão utilizados.
Para ela, sem um monitoramento adequado de sua
utilização, esses recursos se tornam elementos de dispersão dos alunos,
mantendo-os alheios ao que acontece na aula, transportando-os para sites ou
games fora do universo escolar. “Trabalhar com os alunos os momentos adequados de
utilização e os problemas que devem tentar solucionar durante as aulas é
essencial”, alerta a educadora.
Outro aspecto a ser considerado é que, sem o uso
adequado, usar celulares e a internet também na escola aumenta a exposição de
jovens e crianças às redes sociais. Segundo Tania, na mesma proporção em
que a internet pode ser muito útil para trabalhar, estudar e transmitir
conhecimentos, quando não utilizada corretamente, pode ser extremamente
perigosa, principalmente nas mãos de crianças e adolescentes.
“Infelizmente, é comum a ocorrência de agressões
virtuais – como o cyberbullying, e outras consequências
prejudiciais às crianças e aos jovens. Por vezes, eles são alvos de ataques ou
até os causadores da ação, já que a imaturidade e a falta de informação para
lidar com uma ferramenta de alcance universal podem causar danos de grande
repercussão”, destaca.
Tania acredita que a instantaneidade das redes
ofusca o entendimento do que é público (o que pode ser compartilhado) e do que
é privado (o que deve ser mantido em sigilo). “Antes, espalhar um boato tinha
consequências menos dramáticas. Agora, uma vez divulgado, não há limite de
tempo e espaço”. Além disso, Tania pontua que o anonimato e a “distância” que o
agressor possui do seu alvo passam a impressão de impunidade. “Temos uma ideia
de falsa proteção e falsa realidade, uma sensação de encorajamento. É muito
mais fácil ofender alguém virtualmente”, diz.
Um outro agravante vem a ser a impulsividade que a
rede social induz.
Antigamente, era mais complicado compartilhar um boato ou
espalhar uma notícia. Hoje, basta um click. Tania alerta que falta
discernimento para analisar notícias e boatos antes de dividir com amigos. “As
pessoas não avaliam a questão antes de publicar. A instantaneidade induz ao
impulso, e nisso, amplificamos as consequências do assunto em questão”, diz.
Prevenção
Como a internet é imediata, é preciso avaliar todos
os pontos e as consequências: a questão jurídica, a reputação social e o bullying.Para
Tania, uma combinação de empatia com decisões
responsáveis e autocontrole pode prevenir
consequências negativas nas redes sociais. Algumas escolas brasileiras já
têm experimentado ensinar a lidar com emoções como as abordadas no Programa
Semente, que já está presente em dezenas de escolas brasileiras, sendo
utilizado atualmente por cerca de 20 mil alunos.
Como a escola e os pais podem ajudar?
Sabendo que esses jovens estão cada vez mais usando a internet como ferramenta para fazer as atividades escolares e, portanto, estão mais sujeitos a navegar no mundo virtual, é preciso atuar na prevenção. Acredita-se que o amadurecimento é um processo gradual, por isso, trabalhar o emocional da criança o mais cedo possível é o primeiro passo para que ela cresça hábil emocionalmente. Além disso, quanto menor a faixa etária, maior deve o monitoramento do uso das redes, e os responsáveis por isso são os pais, que devem ser o maior exemplo de responsabilidade e empatia para os pequenos.
Sabendo que esses jovens estão cada vez mais usando a internet como ferramenta para fazer as atividades escolares e, portanto, estão mais sujeitos a navegar no mundo virtual, é preciso atuar na prevenção. Acredita-se que o amadurecimento é um processo gradual, por isso, trabalhar o emocional da criança o mais cedo possível é o primeiro passo para que ela cresça hábil emocionalmente. Além disso, quanto menor a faixa etária, maior deve o monitoramento do uso das redes, e os responsáveis por isso são os pais, que devem ser o maior exemplo de responsabilidade e empatia para os pequenos.
Os educadores também têm um importante papel nessa
trajetória, que é explicar com dinâmicas e de forma didática as consequências
da irresponsabilidade, e como praticar a empatia. “Tudo isso cria uma atitude
mais responsável diante das coisas. Gera pessoas melhores”, conclui Tania.
Programa
Semente
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