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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Quatro razões para o homem expandir seu cérebro feminino



O cérebro das mulheres e dos homens é um só. É constituído pelos mesmos grandes blocos. Já a intimidade das redes que conectam os neurônios entre si revela uma outra história. 

As mulheres são criaturas emocionais; os homens, seres objetivos. Elas realizam multitarefas, ao passo que eles aprofundam o foco.

Tanto na esfera do trabalho como nas relações interpessoais, um cérebro mais capacitado a entender o que se passa no do outro leva vantagem. Por isso, há pelo menos quatro razões pelas quais o homem deveria considerar expandir o seu “cérebro feminino”.

1. Criatividade
Estudos recentes revelam que os tentáculos dos neurônios cerebrais da mulher têm longo alcance, com frequência conectando-se com neurônios de áreas mais distantes, do hemisfério oposto. Para a mulher, esse aspecto é importante por que a natureza a capacitou a poder fazer e pensar outras coisas enquanto, por exemplo, estiver cuidando de seu bebê.

Homens criativos precisam de conexões deste tipo. Estudos conduzidos na Universidade Northwestern, por John Kounios e Marc Beeman, demonstraram que o momento do “Ahá!” das soluções criativas é precedido por um pico cerebral de ondas gama, formada por ondas que alcançam 40 Hz de frequência. O ritmo beta, por exemplo, que está ativo quando estamos ocupados com uma tarefa importante como deslindar equações matemáticas complexas, tem frequência entre 12 e 30 Hz. Já ritmo mais rápido gama sinaliza que uma ideia nova está sendo formada porque um conjunto de neurônios de áreas distantes do cérebro estabeleceu contato  – o que não acontece meramente por acaso. Sem essa articulação de redes formadas por neurônios distantes, algo que as mulheres realizam com facilidade, ideias novas não surgem. A articulação entre neurônios em departamentos diferentes é qualidade bem vinda para o cérebro do homem.

2. Tintas emocionais
Mulheres transferem informações mediante a reprodução de diálogos. Imagine a Vera e o Alcido chegando em casa. Ele diz “Encontrei a Valéria, esposa do Agenor; ela me disse que em breve farão uma viagem ao México”. Isso é bastante diferente do que dizer “Amor, encontrei a Valéria, sabe, a mulher com quem seu amigo Agenor se casou recentemente, e ela me disse bem assim: sabe Vera, estou tão feliz, o Agenor propôs que fossemos comemorar nosso primeiro ano de casados na praia de Aruba, no México, o que você me diz disso?”. Esse “O que você me diz disso?” pertence à reprodução do diálogo entre elas, mas colocada dessa forma pode ser interpretada como uma sugestão de uma viagem para Vera e Alcido. A reprodução de informações mantendo a estrutura do diálogo em que elas foram geradas apresenta uma vantagem na forma da presença das tintas emocionais que dão vida ao assunto. A reprodução sucinta, objetiva, as remove. Usar desse expediente quando Alcido fosse falar com os colaboradores na empresa seria uma forma eficaz de ativar a empatia – e a adesão -- da equipe a uma nova ideia.

3. Empatia e perdão
A área cerebral evolutivamente mais recente chama-se de córtex pré-frontal. Nessa região, desenvolvem-se qualidades humanas como o planejamento de longo prazo, a moral e a capacidade de perdoar. Pesquisa publicada em 2010 na Revista Latino-americana de Psicologia e conduzida por pesquisadores espanhóis na Universidade do País Basco, demonstrou que pais perdoam mais que os filhos e que as mulheres são mais inclinadas a perdoar do que os homens.

Embora os motivos para essa diferença não sejam claras, uma hipótese é que quando os neurônios do cérebro se articulam para tornar um ressentimento “mais fácil de ser esquecido”, o perdão surge como uma possibilidade. Por padrão educacional, as mulheres desenvolvem desde cedo a qualidade da empatia, e por essa razão, perdoam mais facilmente. Como empatia é uma qualidade exigida entre equipes de colaboradores nas empresas globais, homens empáticos poderão ser levados a esquecer de ressentimentos passados. Como diz o ditado, águas passadas não movem mais moinhos.

4. Descoberta pessoal
As organizações modernas exigem colaboradores com flexibilidade social.  O Google criou uma forma de educação continuada para seus funcionários para que eles pudessem desenvolver qualidades emocionais e maior convivência entre equipes. Levou vários anos para que a experiência pudesse ser desenvolvida, mas deu tão certo que o programa Search Inside Yourself (Procure Dentro de Você Mesmo) é um sucesso marcado por entrosamento entre colaboradores, muitos depoimentos de crescimento pessoal e uma maior produtividade empresarial.

Mais inclinadas aos relacionamentos pessoais por natureza, as mulheres veem nas relações de trabalho uma forma de por em prática recursos emocionais. Elas percebem que a organização lhes dá a oportunidade de pertencer a uma equipe, conectar-se a outras pessoas na mesma situação que ela e entregar resultados que possuem mais significado. 

Homens, por outro lado, entendem que o local de trabalho é um ambiente competitivo. Um estudo recente da Universidade de Chicago descobriu que os homens são 94%mais propensos do que as mulheres para se candidatar a um emprego cujo salário depende de sobrepujar algum colega de trabalho. As conexões dos neurônios masculinos, sob a batuta da dopamina, encontram no trabalho o fórum para aplicar habilidades, produzir resultados e bater concorrentes.

Procure Dentro de Você Mesmo é uma ferramenta feminina que, quando bem utilizada por mulheres e homens, conduz a resultados incríveis. Vale a pena tentar.




Dr. Martin Portner - Neurologista e Mestre em Neurociência pela Universidade de Oxford e especialista em Mindfulness. Há mais de 30 anos divide suas habilidades entre atendimentos clínicos e palestras, treinamentos e workshops sobre sabedoria, criatividade e mindfulness. www.martinportner.com.br


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