Projeto reduz a burocracia desde o
ingresso na universidade até o reconhecimento do diploma no Brasil
A possibilidade de tornar-se médico através de um curso de boa qualidade e com custos acessíveis é o que tem motivado mais estudantes a encararem um percurso mais longo até o diploma. Não somente pela distância geográfica: desafios ainda maiores devem ser encarados por aqueles que buscam a formação no exterior – se não foram contempladas, as diferenças regulamentares dos cursos em relação ao Brasil podem colocar em cheque a possibilidade do profissional revalidar seu diploma ao retornar para o país.
De olho nessa lacuna, um projeto voltado especialmente para brasileiros busca facilitar o caminho até o diploma e ainda melhorar as chances de obtenção do Revalida – a parceira educacional entre o Instituto Sul-Americano de Pesquisa e Desenvolvimento (ISPED) e a Universidad de Morón da Argentina (UM) oferece um programa adaptado ao estudante brasileiro que contempla desde sua ambientação ao país vizinho, o ingresso na universidade e uma grade curricular adequada aos moldes das Instituições brasileiras. O objetivo do programa é criar uma ponte de formação médica que possibilite a pronta inserção do profissional em sua área após seu retorno ao Brasil.
Crescente demanda
Criado em 2009, o projeto nasceu da necessidade em atender a demanda crescente de alunos que buscavam a formação médica em universidades argentinas – de acordo com Rodrigo Galhardo Diretor Geral do ISPED – “A princípio, o principal atrativo para os estudantes foi, sem dúvidas, o custo mais baixo da formação, em muitos casos até 3 vezes menor do que os praticados pelas instituições privadas brasileiras. Porém, as vantagens não se limitam à isso: o país também possui excelentes universidades e mestres referência na área médica – ou seja, a formação de nível tão bom quanto a das melhores universidades brasileiras por preços mais acessíveis motivou uma maior procura pelos cursos de Medicina nas universidades parceiras e daí surgiu a necessidade de adaptação, especialmente por existirem diferenças substancias entre o padrão universitário brasileiro e o argentino, desde o ingresso à faculdade até a obtenção do diploma.”Diferenças culturais
Muito além do idioma, as diferenças começam logo ao tentar se inscrever numa universidade no país vizinho – ao contrário do Brasil, não existe vestibular, mas um curso preparatório que antecede o ingresso na universidade “Na Argentina, dependendo da instituição de ensino, o aluno que concorre à um de curso Medicina pode levar de 4 meses à 1 ano estudando matérias relacionadas a essa especialidade. Este curso, que chamamos de curso básico do ingresso, também possui uma prova final que funciona como processo seletivo, de acordo com o número de vagas da universidade. A diferença primordial para o tradicional vestibular brasileiro é que ele é muito mais específico, servindo até mesmo como preparatório para o que o aluno enfrentará nos anos seguintes.” – explica Galhardo – “Esse é um dos primeiros pontos contemplados pelo programa: o aluno brasileiro passa por um processo de seleção adaptado, dentro dos moldes nacionais. Essa prova é aplicada em diversas cidades do Brasil e o aluno aprovado não precisa realizar o curso de ingresso ou qualquer outro exame na Argentina, sendo inscrito automaticamente no curso de Medicina. Além disso, este aluno passará por uma adaptação prévia, através de aulas que abordam questões culturais como idioma, ambientação e diferenças básicas da terminologia médica no país.” – complementa. Os brasileiros participantes do projeto iniciam os estudos antes dos demais alunos e seguem assistindo aulas voltadas especificamente para adaptação ao longo do curso.Diferenças regulamentares
Para o especialista, talvez o principal diferencial da parceria é que, com a criação do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Revalida) instituído pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Ministério da Saúde, também em 2009, surgiu também a necessidade da adaptação do curso para atender as normas da legislação brasileira e possibilitar que esses alunos estivessem aptos a se candidatar ao exame ao retornar para o Brasil. “Ainda que, em geral, as disciplinas médicas sejam similares em qualquer lugar do mundo, as regras para que um profissional seja reconhecido como médico no Brasil são mais rigorosas quanto ao conteúdo programático do curso frequentado”Galhardo alega que, ao contrário do que muitos estudantes possam pensar, essa preocupação deve anteceder a formação e ser uma das primeiras questões observadas por aqueles que buscam a formação no exterior “Além do projeto já se enquadrar na premissa do Ministério da Educação brasileiro de que somente diplomas emitidos por universidades regulamentadas e autorizadas pelo órgãos competentes de seus respectivos países sejam aptos a participar do Revalida, o principal diferencial do ISPED é que adequamos o curso para a realidade da prática médica no Brasil, incluindo no histórico do curso matérias que são específicas em nosso país e que os alunos não teriam no exterior. Isto, por sua vez, pode gerar uma grande vantagem no momento da prova, pois sua preparação deu-se ao longo dos 6 anos do curso. Temos visto que essas matérias são em boa parte cobradas no Revalida e que são vistas como complexas aos formados no exterior, justamente por não terem obtido tais conhecimentos nas instituições estrangeiras.”
Moldado para os brasileiros
Buscando atender tanto os detalhes burocráticos quanto as normativas da legislação brasileira, o ISPED desenvolveu em parceria com a Universidad de Morón um conteúdo programático especialmente voltado para essa demanda: com carga horária complementar de 1.700 horas/aula, o curso tradicional ministrado pela universidade portenha adequa-se ao padrão dos cursos oferecidos pelas universidades brasileiras. Porém, mais do que apenas equiparar a carga horária, o projeto busca utilizar esse conteúdo programático extra para preparar o aluno para a prova em si “Historicamente, o Revalida possui taxas de aprovação baixas – provavelmente não pela complexidade da Medicina, que é equivalente em qualquer lugar do mundo – mas por analisar, em grande parte, questões pertinentes à prática médica no país, como o próprio Sistema Único de Saúde – questões que, em geral, não são contempladas pelas universidades estrangeiras.” – explica o Diretor Geral do ISPED “Justamente por isso, incorporamos matérias para tratar questões próprias da realidade da Medicina no Brasil afim de deixar o aluno não somente apto a realizar a prova, mas a ter um bom desempenho na avaliação.” – explica.Expectativa é aumentar a aprovação no Revalida
A expectativa do Instituto é que a qualidade do projeto reflita no resultado de seus alunos nas próximas edições do Revalida “Por trabalharmos com referências da área como a própria Universidade de Morón – cujo vice-reitor é o consagrado Dr. Domingo Liotta (médico argentino indicado ao Prêmio Nobel co-criador do coração artificial) – temos absoluta certeza de que o projeto vai contribuir para formação de excelentes profissionais, aptos a ingressar na área médica no Brasil. “ – de acordo com Galhardo, o Instituto espera obter bons resultados nos próximos anos, em vista da primeira turma formada que, certamente, terá participando das edições futuras do exame. Motivados pelo recorde do índice de aprovação no ano de 2015 – de acordo com dados divulgados pelo MEC, dos 1.683 aprovados no Revalida, 54,7% era brasileiros – o Instituto espera contribuir para alta desse índice no futuro “Além dos primeiros formandos, cuja performance no exame poderemos avaliar a partir do próximo ano, atualmente contamos com cerca de 350 alunos neste projeto e esperamos iniciar um ciclo de formação otimizada voltada especialmente para a realidade brasileira e, dessa forma, contribuir para que os índices de aprovação entre brasileiros sejam ainda maiores nos próximos anos.” – conclui.Fonte: Instituto Sul-Americano de Pesquisa e Desenvolvimento – ISPED
Nenhum comentário:
Postar um comentário