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sábado, 27 de maio de 2023

Dia dos Namorados: 'Dating Burnout' - Quando a busca pelo par perfeito vira frustração

Psicóloga fala sobre como lidar com essa expectativa


O Dia dos Namorados está chegando, mas muitas pessoas ainda estão em busca do par perfeito. Mas, a pessoa ideal realmente existe?

 

Segundo Tatiane Paula, Psicóloga Clínica, fomos condicionados a desenvolver a busca do par ideal, e enfatiza que desde que o mundo é mundo as pessoas desejam estar apaixonadas, encontrar alguém para amar, abraçar e estabelecer vínculos duradouros.

 

A paixão desencadeia atividade aumentada áreas subcorticais associadas a euforia, recompensa imediata e motivação, área tegmentar ventral, núcleo caudado, putâmen ricos de neurônios dopaminérgicos – dopamina neurotransmissor aumenta paixão.

 

“Você já deve ter se deparado com filmes clichês de comédias românticas e em algum momento se projetou pensando em ter aquilo na sua vida! O que as pessoas se esquecem que a arte traz uma ideia romantizada e bem distorcida do que de fato temos que estabelecer de critérios muito mais importantes para assim se considerar preparado, para buscar o par ideal... E estar madura (o) suficiente para dar esse passo, não em relação a ser digna de ser amada (o) por outra pessoa, e sim antes de tudo ter clareza da sua relação consigo mesmo! destaca a psicóloga.

 

A pessoa ideal passa a existir se você tiver clareza antes de tudo quem é você! Quando você tem clareza sobre seus valores e cria hábito de estar bem consigo mesma (o) estamos falando de totalidade de alguém que busca referências de uma pessoa que também passou pelo processo de autoconhecimento compatível com seu processo de evolução! Nesse sentido podemos dizer que sim! exista “o par ideal!”, porque antes de tudo você encontrou a melhor versão sua que passa refletir em relações futuras mais saudáveis e duradouras.

 

Idealização trata-se de percepção distorcida das qualidades de uma pessoa que ficam ressaltadas e minimização dos prováveis defeitos. Alguns sinais de prejuízos da idealização são: baixo auto estima, tendência a se colocar em segundo plano em relação a ideia de ilusão que a pessoa faz em relação ao outro, dependência emocional, necessidade de aprovação e validação do outro, submissão em relação ao que pensa para agradar, comum afastamento do convívio rede de apoio (amigos e familiares), dificuldade de estabelecer autonomia, auto eficácia, esquema de comportamento marcados por aumento de priorizar desejos do parceiro idealizado e vazio existencial em relação a si mesma (o); visão romantizada em relação a comportamentos e inadequações realizados pelo parceiro.

 

O uso excessivo dos apps de relacionamento pode levar a um desgaste extremo, conhecido como Dating Burnout. A psicóloga, Tatiane Paula, conta que as queixas mais comuns dos pacientes é a rejeição, ausência de curtidas, ausência de respostas, comprometimento e aumento de cobranças relacionadas à aparência (comparação excessiva a modelos de beleza padrão que recebem mais match), aumentando níveis de crenças distorcidas e confirmadas a partir de tentativas mal sucedidas, potencializando sentimento de ser dispensáveis e sem valor (ativa esquemas de comportamentos desamparo e desvalor).

 

O excesso de estímulos e informações no cérebro ficará tendencioso a entrar em sobrecarga e aumento altos níveis de estresse, as atividades cerebrais passam a ficar em estado constante de alerta, com uso excessivo de aplicativos de relacionamentos pode potencializar riscos de ansiedade, depressão, baixo auto estima entre outros espectros associações sintomas que requer tratamento psicológico e psiquiátricos. 

 

“Excesso de idealização pode levar níveis altos de frustrações porque não é real os romances que visualizamos em: livros de romances, filmes, novelas e produções artísticas e a sensação que fica desse altruísmo que nos é ensinado é de vazio porque é romantizado a ideia de abrir mão de si mesmo (a) em nome do amor, isso é abandonar-se e seguir rumo a ser séria candidata (o) a viver relacionamento abusivo, por essa busca de satisfação através da validação do outro”, alerta a psicóloga.

 

Para finalizar, Tatiane Paula compartilha algumas dicas para quem está em busca de um amor:

 

·        Tenha clareza das suas emoções: se preparar para entender o momento em que está vivenciando é essencial, para entender se há espaço para entrar uma nova pessoa na sua vida e que de fato as suas experiências de relacionamentos anteriores tenham sido resolvidas e entendido da forma como encerrou ciclos, essencial para estar aberta (o) para permitir que outra pessoa te acesse de forma integral sem resquícios de mágoas e ressentimentos em relação ao que você pode não ter resolvido nas relações anteriores, tenha responsabilidade afetiva!

 

·        Pensar que você deve estar inteira (o) para iniciar novo ciclo para encontrar uma pessoa inteira também na sua totalidade de entrega para desenvolver vínculos e conhecer o melhor que você pode contribuir sem interferências de quem você foi nas outras relações. Antes de idealizar e projetar promessas em que não pode cumpri-las se consulte se de fato isso é sentimento novo que está surgindo por essa nova pessoa ou se trata-se de carência sua em que você possa estar se beneficiando quando essa outra pessoa te dá atenção – cuidado para não confundir carência por interesse!

 

·        Ter clareza do que está sentido: muito importante relação consigo mesma (o) até para entender o que está buscando quando falamos de busca do par ideal e entender o que deseja é uma etapa importantíssima! O que você valoriza em uma pessoa que possa desenvolver em você admiração? O que não pode faltar em um relacionamento? Quais são os valores que você busca nessa pessoa em potencial? E quais são as situações e comportamentos que são incompatíveis com os seus valores pessoais? Você está buscando relacionamento com profundidade ou relações casuais? Acredite! Faz muita diferença quando você define com quem você pode dar o próximo passo! Ter clareza dos critérios em que você estabelece quando está à procura do par ideal, ajuda muito a encontrar seu par ideal, que serve para você e isso diminui as chances de frustrações.

 

·        Definir características ideais do que é um bom relacionamento para você: com o boom de apps e através dos filtros que os apps definem um bolha um perfil a quem se adequa ao que idealiza de pessoa ideal... porém não podemos deixar de pensar que definição dos filtros nos traz a impressão de superficialidade e interfere na possibilidade de pessoas se relacionarem e de se conhecer como era em tempos offline em que primeiro avaliamos quem era a pessoa como essência e não a profissão, a bolha social pelo qual a pessoa pertence, os lugares que ocupa na camada social... então menos filtros (status) ... sair desse nicho de superficialidade pode te proporcionar a conhecer pessoas incríveis!

 

·        Focar em ser mais, trocar experiências se permitir a conhecer parceiro (a) ideal é aquele (a) que você se sente bem, pode ser você! Independentemente do status que ela ocupa é reconhecer a essência, o diamante passa por um processo intenso de lapidação para se tornar uma pedra linda e preciosa... pense nisso!

 

·        Identificar atributos físicos e mentais: não iremos ser hipócritas que a primeira coisa que avaliamos no estágio inicial é o que se vê! Todos nós fazemos avaliação positiva ou negativa quando estamos estágio inicial, porém como se diz ditado muito popular ... não julgue livro pela capa, atributos físicos não pode ser critério que sustenta o par ideal e sim atributos que você deve avaliar quando existe critérios que você considera muito relevante para encontrar par ideal e principalmente o que sustentará a relação será esses critérios da forma como você se relaciona com essa pessoa, ritmo comportamental, aspectos psicológicos dessa pessoa da dinâmica de funcionamento dela se de fato harmoniza com seu ritmo quando se fala de relação profunda e longa muito importante!

 

 

·        Avaliar como a pessoa reage às situações, comunicação é a base fundamental de qualquer relação, se há cumplicidade, respeito...confiança... independente da forma física que a pessoa possa apresentar, avaliar a essência vale muito mais! Analisar se todos os critérios que você observar na pessoa em potencial, tem coisas em comum com você que se harmoniza com seu nível de expectativas e com seu ritmo de vida: hobbies, visão e perspectivas futuras, valores pessoais.

 

·        Ter muito cuidado com fase (paixão): relações que iniciam intensas são mais tendenciosas para hiper estimulação cognitiva em que críticas ficam comprometidas e dessa forma, você poderá desejar permanecer nesse status de sensações agradáveis e provavelmente se não compreender da fase e que está passando poderá acreditar que se trata do amor da vida, assumir compromisso nessa fase é perigoso, vá com calma! Conheça muito bem sobre tudo da pessoa que você considerar em potencial para então definir se vale a pena assumir um compromisso (fase importante para contar com a sua rede de apoio, família, amigos, te ajude a entender o que está correndo com você).

 

·        Definir par sem criar muitas expectativas: Muito comum criar expectativas quando trata-se de conhecer pessoas em potencial, falando do uso apps facilitam nesse processo de acessar informações de hobbies, músicas favoritas, viagens e estilo de vida que a pessoa tem, muitas vezes a identificação com estilo de vida que harmonizam com expectativas do que se espera do par ideal, pode prejudicar muito processo de conhecer pessoas, as redes e o contato através de troca de mensagens não são garantias que você tenha intimidade com essa pessoa, significa contato apenas isso! Contenha nível de expectativas, relações são construídas com tempo, troca de mensagens apps potencializam padrões de ansiedade e inseguranças de demandas pessoais, muito importante conhecer pessoalmente e desenvolver contato contínuo para estabelecer mais critérios para definir se de fato a pessoa é a mesma que se apresentou virtualmente.

 

·        Não estreitar repertório: é muito comum pessoas se acomodar na facilidade que aplicativos proporciona, mas muito importante sair frequentar lugares que haja interações com pessoas, ampliar repertórios favorece muito ao estar lugares que condizem com sua personalidade, lugares que tenha relação com seu universo interno!

 

Seja paciente! Não existe receita de como fazer, existem orientações que você deve se basear sem passar por cima dos seus valores, sem criar expectativas que fogem muito da sua realidade e ao mesmo tempo respeitar seu processo, antes de tudo relacionamento consigo mesmo é fundamental, para definir critérios e ao mesmo tempo favorece e será ótimo para estar em sua própria companhia enquanto está na procura da pessoa certa para você! Para ter um relacionamento saudável de qualidade é importante estar bem consigo mesma (o).

 

Fonte: Tatiane Paula - Psicóloga Clínica
@tatianepaula.psi


Ciúmes pode não ser inofensivo

Psicanalista aponta sinais que indicam que uma mulher pode estar vivendo um relacionamento abusivo neste Dia dos Namorados

 

Nunca se ouviu falar tanto em ciúmes e relacionamento abusivo quanto hoje, principalmente com as redes sociais disponíveis para todos. O relacionamento deixa de ser algo “privado’’ quando é exposto e traz riscos, sejam estes físicos ou psicológicos. É importante que cada vez mais pessoas saibam identificar os sinais, para poderem sair de uma relação que não lhe faz bem.

Ciúmes é considerado uma emoção natural dentro de uma relação, e por muitos é considerado saudável e até necessário para ser um casal sucedido. Quantas vezes você já ouviu que um pouquinho de ciúme é bom? 

Segundo a psicanalista Regina Braghittoni, o real problema é quando ele se torna excessivo e controlador. "Existem comportamentos padrões que habitam muitos casos de relacionamento abusivo. Pode começar com o isolamento e você para de falar com amigos e família, pode ser a proibição ou manipulação, de certos tipos de roupa, por exemplo. O ciúme tira a liberdade, já que o parceiro ciumento vai querer sempre estar atento a suas conversas ou suas redes sociais”, diz a especialista.

O excesso dessa emoção definitivamente atrapalha os casais, e muitas vezes uma das partes sai mais prejudicada, já que passa a existir um desequilíbrio. “O ciúme normal é um sentimento natural em que você expressa emoções relacionadas ao medo de perder a pessoa amada. Mas pode levar a um relacionamento abusivo, já que o parceiro ciumento tende a ignorar que seu comportamento causa desconforto na vida de seus parceiros”, diz Regina. 

Críticas à aparência, piadas e brincadeiras que magoam, ameaças, chantagens e manipulação são apenas alguns dos sintomas. Atitudes como as citadas, se caracterizam como ofensa e abuso verbal e estão previstas na Lei Maria da Penha como formas de violência psicológica. Ou seja, não é apenas em casos de agressão física que cabe denúncia. 

No Dia de São Valentin ou Namorados, que será dia 12 de junho em 2023, reflita sobre os relacionamentos a sua volta e os que vê na internet. Com as redes sociais, o assunto tem ganhado mais notoriedade. Cada vez mais mulheres têm coragem de expor o que acontece com elas e inspiram outras a terem força e buscarem ajuda.

 

Regina Braghittoni - Psicopedagoga e Psicanalista de adolescentes e adultos
@regina.braghittoni


Unbossing: já imaginou trabalhar sem chefe na empresa?

O psicólogo Wagner Rodrigues explica esse conceito paradoxal


O termo Unbossing que quer dizer literalmente "sem chefe" ganhou notoriedade com o sucesso do livro dos autores dinamarqueses Lars Kolind e Jacob Botter lançado em 2012. Kolind implantou um modelo de gestão sem estrutura hierárquica tradicional numa fábrica de aparelhos auditivos em Copenhague. A empresa vinha mal, mas a partir das mudanças feitas por Kolind, começou a apresentar bons resultados.

Apesar de Kolind e Botter mencionarem no livro que Unbossing é um movimento e não apenas um conceito, o psicólogo Wagner R., especialista em psicodinâmica do trabalho, acredita que a humanidade ainda precisa de mais engajamento da comunidade corporativa mundial e de mais exemplos práticos de sucesso.

Para enfrentarem a rapidez das mudanças no mercado e a concorrência por clientes e pelos melhores talentos, as empresas precisam de líderes que promovam um ambiente colaborativo e participativo, inclusivos e saibam desenvolver sua equipe.

Uma pesquisa da empresa Mindsghit com 1260 pessoas que procuravam emprego mostrou que 60% das pessoas já haviam tido problemas de relacionamento com algum chefe. Os entrevistados responderam o que consideram importante para um bom chefe ou líder responsável e comprometido (84%), saber comunicar (83%), possuir empatia (81%), ter capacidade de inspirar (72%) e bom em reconhecer méritos (70%).

Entretanto, o psicólogo pontua que há uma lição que ainda precisa se aprendida pelas organizações: de nada adianta mudar o organograma e fazer com que seus os líderes passem por um processo de conscientização para mudarem de comportamento, sem mudar a cultura e os sistemas de gestão : “eu observo que a ideia do unbossing ganhou mais vulto após a pandemia porque, mesmo com todos os percalços com o home office, as pessoas conseguiram manter e até melhorar seu desempenho sem uma supervisão mais direta. Além disto, boa parte dos colaboradores, em especial os millennials e a geração Z, querem manter a autonomia experimentada neste período.”

É preciso reforçar que uma estrutura sem chefes não quer dizer sem liderança. “O objetivo do unbossing é eliminar aquelas estruturas antiquadas e engessadas, acabando com a figura do chefe centralizador, que é incapaz de desenvolver, inspirar ou facilitar a vida da sua equipe", explica.

A figura do líder que ajuda na criação de um ambiente colaborativo, de laços de confiança e desenvolve as pessoas para que sejam mais autônomas, continua sendo muito desejada, garante Wagner : “hoje já se espera que o líder colabore de forma ativa para um ambiente psicologicamente seguro e estimule uma relação mentalmente saudável do ser humano com seu o trabalho. Por isto uma parte importante do programa de saúde mental da People F1rst DPO, o 4HUMAN, é devotada aos líderes. ”

Para Wagner R., a maturidade dos colaboradores também é relevante para o bom funcionamento de uma organização unbossed. “A nossa cultura corporativa ainda revela traços de paternalismo e assistencialismo, logo, muito colaboradores ainda relutam em assumir liberdade e a autonomia que lhes cabem, porque a contrapartida diretamente proporcional é a responsabilidade. É fundamental saber que o fato de não precisar prestar contas para um chefe não significa que o colaborador não precisará prestar contas para alguém”, reforça e lista os benefícios:

·        Estruturas mais enxutas e processo decisório mais ágil

·        aumento da capacidade criativa

·        melhor nível de engajamento

·         competências de liderança de um grupo maior de pessoas.

O psicólogo conclui: “com uma equipe empoderada, autônoma e engajada alguns setores podem funcionar até melhor sem a figura de um chef. Este personagem corporativo deixou de fazer sentido há muito tempo, mas é claro todas as equipes funcionam bem com a presença de um líder engajado, empático, que dá o exemplo e comprometido .”

 

Wagner Rodrigues - psicólogo, pós-graduado em marketing e comunicação empresarial pela ESPM e MBA com ênfase em gestão de pessoas pela FIA/USP. Por mais de vinte anos ocupou cargos de alta gestão em grandes empresas de diversos segmentos. Realiza trabalhos de consultoria para a implantação do programa 4HUMAN de saúde mental em corporações.



"Sextou" é a gíria mais falada pelos brasileiros; saiba lista completa

Plataforma Preply encontrou quais são os jargões mais utilizados pela população no cotidiano para "hablar" com a galera

 

Preply


Seja no ambiente de trabalho, em casa, na Internet, com os amigos, colegas de trabalho ou familares, as gírias dominam o jeito que as pessoas se comunicam e faz parte do dia a dia dos "manos" e dos "parças" no Brasil. Quem fala essas expressões pela "zueira" ou porque quer "biscoito" está "hitando", no "hype" e é um "ícone". 

É o que descobriu a Preply, plataforma online de idiomas, que fez uma pesquisa com os termos mais usados pelo pessoal no país. Entre os achados estão as mais ditas pela turma, como o famoso "sextou", que lidera a listagem com 74%, seguido de "treta" (64%), "zueira" (62%) e "trocar ideia" (62%). 

Apesar de serem "massa" e bastante utilizadas pela população, as mesmas gírias podem ser irritantes ou causarem desconforto e deixar a galera "pistola". Segundo a Preply, 43% dos entrevistados acham chato o uso de jargões durante uma conversa, sendo "ranço" a palavra mais odiada por elas, com 30%, seguida de "lacrou" (29%), "abestado" (28%) e "crush" e "sextou", empatadas com 25%.

De acordo com o levantamento, de maneira geral, as mulheres se sentem mais aptas para usar gírias do que os homens, sendo que ambos já precisaram consultar online pelo menos uma vez o significado de algum jargão para entender o que ele significava. Já 33% dos entrevistados enfrentaram um "perrengue" e tiveram que perguntar para uma pessoa mais jovem sobre o sentido de uma dessas expressões.

 

Preply


TikTok e Instagram são as plataformas onde mais "bombam" as gírias

Mas e onde "ficar por dentro" de tudo isso? Conforme a pesquisa da Preply, o principal lugar em que os brasileiros descobrem novos termos é na Internet (64%), atrás apenas do aprendizado com amigos (70%), seja ele virtual ou presencial. 

Quando o "papo" são as redes sociais, o TikTok e o Instagram dominam a preferência de onde aprender esses jargões, sendo que estão quase empatadas em 55% e 54%, respectivamente. Já o terceiro local preferido dos internautas é o Twitter (22%). Além disso, o levantamento mostrou que 38% conhecem gírias em filmes e séries e 14% com músicas.

"As redes sociais vieram para popularizar ainda mais o uso de gírias no país e, não por acaso, é por lá que vemos o surgimento de jargões e expressões. Algumas, inclusive, são derivadas do inglês e de outros idiomas. Ademais, existem os termos que mudam de região para região, como 'arretado', 'borodogó' e 'tri'. Isso só nos mostra a enorme diversidade linguística que há no Brasil", afirma o gerente de sucesso de alunos na Preply Mustafa Ali Sivisoglu.


Confira a lista das dez gírias mais faladas no Brasil e os seus significados:

  1. Sextou (comemoração da chegada da sexta-feira)
  2. Treta (confusão, briga)
  3. Zueira (brincadeira, bagunça)
  4. Trocar ideia (conversar)
  5. Crush (pessoa que desperta atração em outra)
  6. Perrengue (quem está adoentado ou enfraquecido)
  7. Firmeza (alguém ou algo positivo)
  8. Lacrou (arrasou)
  9. Abestado (bobo, tolo)
  10. Ranço (incômodo, desprezo)

*A pesquisa foi realizada em abril com 1584 respondentes das cinco regiões do Brasil

 


Preply
https://preply.com/pt/



Ao pó retornarás

 Não se trata exatamente de ter medo. Também não me parece que seja raiva. Mas isso, de que eu vou desaparecer do mundo, não me agrada muito. Talvez seja o que eu sinto: certa tristeza de fundo por saber que vou morrer.

Se eu acreditasse nessas coisas em que muitas pessoas acreditam ou fazem de conta acreditar, se eu pudesse me enganar como tantos conseguem, tudo ficaria mais fácil, haveria uma alegriazinha besta de vez em quando.

Eu até aceitaria euforias oficiais: saracotear no carnaval ou torcer aos gritos por algum time de futebol. Mastigo uma inveja enorme de quem consegue, mas nunca garrei gosto: se me vejo nessas coisas, vejo que não vou bem.

A Zelig (Woody Allen) só lhe doía morrer porque não concluiria um livro sobre o qual mentira. Disse que o houvera lido; jamais o lera. Não é o bastante para lamentar a morte, ainda que todo motivo seja motivo para não morrer.

A mim me importuna o assunto em si. Eu gosto tanto da vida que me aborrece essa sina de morrer. Um filósofo chamado Martin Heidegger considera que somos um “ser-para-a-morte”. Então, haveria um nada a fazer.

É claro que Heidegger tem razão. Não obstante a razão filosofal, nisso, sou de outra turma: um escritor de nome Elias Canetti vê na morte um inimigo que avança contra nós e que deve ser recuado. Propõe combate. É épico.

Há outros pensadores com outras ideias. Eu tenho a morte como algo que não enxergo, mas pressinto: a funesta está por aí. Ela me espera; eu não quero ir. É isso: não sei detê-la. Tenho que refutá-la, mas não sei saber como.

E o mais terrível é não saber como saber. Ninguém sabe. A insurgência contra os limites implacáveis da vida me lembra as opiniões assentadas sobre o tema. Nelas encontram-se fundamentos que eu classificaria em três tipos:

Os de fundo religioso resolvem a questão apostando em outra oportunidade; os fatalistas afirmam que vamos morrer e pronto; os esforçados defendem que a vida deve ser bem vivida, que o só havê-la já enseja se deleitar.

Os religiosos, eu os tenho sob suspeita: desesperam-se quando estão perto da feliz outra chance, ou se um ser amado a teve (afora o católico Agostinho). Os fatalistas são os mais racionais, mas não me animam a existência.

Com ressalvas, fico com os esforçados. Sua proposição colabora com a vida, mas aí mesmo é que não quero morrer. Faço o meu contentamento e morro? Não, não me agrada. Quero seguir no desfrute do bom de viver.

A morte não é nem mesmo o reverso da vida. A morte é nada. Tão quanto não éramos nada antes de nascer, não seremos nada depois de morrer. A morte é só uma inimiga inevitável: eu terei de encontrá-la; ela me vai matar.

Há duas atitudes possíveis diante dessa fatalidade. Uma é admitir que ela está lá e que um dia me vence, mas realizar o impossível para postergá-la. Então, adotadas as carecidas cautelas, deixar de lado a apreensão com o fado.

A outra é morrer por antecipação: transcorrer a vida rendendo homenagem à morte: embirrar-se e não fruir as coisas que os sentidos permitem. Ocupar-se em demasia com o desfecho imperativo da vida é desperdiçá-la.

Então, construir-me como se para sempre, como obra de arte (Nietzsche). A educação sofisticada dos sentidos é o melhor investimento do tempo de viver. Isso, durante a minha vida, nem a morte me vai tirar. Se tentar, reajo.

Compreendo sentidos como as faculdades tipicamente humanas de perceber, apreender e vivenciar as coisas, atendendo a mais do que os instintos e fazendo além do que cumprir normativas morais não refletidas.

Os sentidos são a minha hipótese de ter prazer com o corpo, de larguear o intelecto: pensar-me, saber-me, gozar-me. Tomo domínio do que a vida fez de mim e, sobre o que quer que tenha feito, faço-me meu criador (Sartre).

Construo a minha arte; invenção minha de mim: dou-me um modo de vida e vou vivê-lo. Ao fim do meu tempo cotejarei prazeres e pesares: realizarei um encontro contábil dos ganhos e gastos do gozo da minha existência.

Os gastos serão ralos, pois não apliquei em dissabores de travanca. Alguns ganhos: os prazeres com que me deparei foram celebrados. Então sim, e já isso nada me importa, sobrará pó, que ao pó retornará.

 

Léo Rosa de Andrade
Doutor em Direito pela UFSC.
Psicanalista e Jornalista.


Ciência comprova: Sentimentos da mãe durante a gestação refletem nos comportamentos na infância

De acordo com Olivia Tani, terapeuta materno-infantil, estudos comprovam que o bebê é um ser consciente mesmo em ambiente intrauterino; e que ele tem sentimentos conforme o que vivencia na gestação 

 

A gravidez é um momento em que o corpo da mulher passa por mudanças físicas e hormonais. Nessa fase, a mulher fica mais suscetível e passa por várias emoções durante os meses de gestação. Emoções essas que são perceptíveis pelo bebê já dentro da barriga - e isso vai moldando seus comportamentos desde o momento em que nasce e ao longo da vida.   

A terapeuta materno-infantil Olivia Tani (@olivia_tani no Instagram) explica que o bebê tem uma "memória intrauterina", com informações e sentimentos adquiridos enquanto era formado no ventre da mãe. "O que os filhos manifestam na infância é reflexo do que eles sentiram quando estavam ainda na barriga. O ideal é que a mãe tenha priorize uma gestação saudável não só fisicamente, mas também emocionalmente. Além da alimentação adequada, os nutrientes emocionais são fundamentais para que o bebê se desenvolva da melhor forma possível.”   

Essa conexão entre o bebê e a mãe é tão importante que, no momento em que ele está se desenvolvendo, a genitora é o universo dele. "Todo bebê está conectado nos sentimentos e pensamentos da mãe. Ele recebe constantemente mensagens através da placenta e do cordão umbilical", complementa Olivia.  

Tudo o que o feto vivenciou durante a sua formação, pode ser manifestado de alguma forma desde bebê. Por exemplo, uma criança que não come direito, tem o sono desregrado, é muito insegura e agitada, entre outros sintomas, pode ser reflexo do que a mãe passou durante os 9 meses de gestação.    

E como cuidar dessas disfunções na criança resultantes das experiências intrauterinas? Olívia explica que para tudo o que houve de difícil no início de vida tem uma solução. "Os pais precisam estar atentos que cada dificuldade dos filhos tem raiz nas memórias vividas no útero e no nascimento. Afinal, os bebês são a continuação dos fetos que foram construídos por completo a partir das experiências intrauterinas. E para cuidar dessas memórias, as terapias holísticas vêm para auxiliar nesse processo", explica. 

Portanto, é essencial que toda a sociedade colabore e contribua para cuidar das gestantes em todos os aspectos, pois tudo o que ela vive imprime uma memória no filho sendo gestado. E para que esses bebês se tornem adultos física e emocionalmente mais saudáveis, é preciso proporcionar um período de maior tranquilidade para as mulheres grávidas.  

Olívia Tani - mãe de duas crianças, terapeuta holística materno infantil e ajuda mães que não encontraram nos tratamentos “convencionais” as melhorias que buscavam para as dificuldades dos filhos. Enfrentou muitas dificuldades no puerpério do primeiro filho. E, após o nascimento do segundo, o primogênito teve uma mudança brusca de comportamento.

Para enfrentar as dificuldades com a maternidade, ela foi em busca de estudos e terapias. E foi fora do Brasil que encontrou a solução que mais fez sentido, de olhar para os filhos desde a sua origem. 

O conhecimento que ela divulga hoje tem embasamento científico, porém ainda é pouco conhecido no Brasil. Por ter obtido os resultados que buscava de forma rápida e surpreendente, Olívia sentiu que sua missão no mundo era propagar esse conhecimento para outras mães que enfrentam tantos obstáculos na maternidade. Já são mais de 7 mil mães ajudadas desde 2016 e hoje conduz uma comunidade de centenas de mães que aprendem várias terapias para utilizarem no cuidado das diversas dificuldades dos filhos atuando desde as memórias intra-uterinas.

 

Olívia Tani - terapeuta holística com especialização em Psicologia Pré e Peri Natal, única brasileira a integrar a turma de 2018 do curso Pre Natal, Birth and Attachment Psychology (Psicologia Pré-Natal, do Nascimento e Vínculo) com Myrna Martin, Elsa Asher e Chanti Smith, nos Estados Unidos. E associou este conhecimento à constelação familiar, terapia floral e Thetahealing ®



O menino do cérebro quebrado

Durante os anos de Ensino Fundamental, o menino Jim Kwik teve um acidente grave, com um trauma de Crânio que lhe causou sequelas de dificuldades de aprendizado: não conseguia manter o foco nas aulas e nas lições, aprendia com dificuldade e sua Memória também era falha. Ele demorou três anos a mais que seus colegas para se alfabetizar. Um dia, uma professora de sua escola se referiu a ele como “o menino com o Cérebro quebrado”. As pessoas pensam que as crianças não entendem e esquecem. Mas elas entendem e não esquecem esse tipo de conversa. 

Para melhorar a sua capacidade de leitura, Jim começou a ler gibis dos X-Men. A identificação era imediata: crianças que eram diferentes e por isso, estigmatizadas e rejeitadas, eram acolhidas na escola do professor Xavier (de onde deriva o nome X-Men, os homens do Professor Xavier) e onde as causas de sua exclusão acabavam virando seus superpoderes. Jim Kwik leu que a escola dos X-Men ficava em sua cidade, o condado de Westchester, Nova York, e passava horas andando com sua bicicleta, tentando encontrar o professor Xavier. Isso foi mais uma decepção em sua infância. A escola só existia nos gibis. 

Jim Kwik não sabia, mas no seu futuro ele iria cumprir a mesma tarefa dos X-Men: transformar a sua ferida em um superpoder. Quando estava na faculdade, continuava indo mal, pensando em desistir. Um amigo o convidou para passar um feriado com seus pais. O pai de seu amigo percebeu sua angústia e vontade de desistir. Foi na prateleira e pegou livros de auto-desenvolvimento e mentalização. Além desses livros, esse momento marcou um ponto de virada para o garoto: ele não era o menino do Cérebro quebrado, seu Cérebro era um supercomputador que podia e devia ser reprogramado. Só que isso leva tempo e demanda esforço e repetição. 

O rapaz ficou apaixonado por uma ideia que mudou a trajetória de sua vida: as escolas ensinam o que aprender, não como aprender. Ele começou a estudar como aprender. O principal insight que abriu muitos caminhos foi que o aprendizado é um ato ativo, não um engolir passivo de informações. Nosso modelo de educação vem do século XVIII e visava criar força de trabalho em escala, com capacidade de repetição de tarefas e aprendizado passivo. Jim Kwik transformou seu aprendizado em um processo ativo. Para isso, desenvolveu seus três Ms: Mindset, Método e Motivação. Quem trabalha com qualquer grupo, não só de alunos, mas grupos de trabalho ou de gestão de projetos, sabe a dificuldade que é implantar um sistema como esse. 

O Mindset é a mentalidade. Acho que a mentalidade mais difícil de se implantar é a que abriu todos os caminhos para Jim: uma mentalidade de Desenvolvimento. O seu Cérebro pode ser treinado para se desenvolver. Tem um potencial imenso e normalmente pouco utilizado. E aqui vai uma opinião desse que vos escreve: a mentalidade é de tolerar e mesmo se alimentar dos erros como forma de aprendizagem. Temos gerações de pais apavorados e com medo de traumatizar os filhos, isso tem criado, como tenho repetido nesses artigos, gerações de jovens fragilizados, que não tem método ou entendimento da resolução de problemas. Daí passamos para os itens mais difíceis da lista: o Método e a Motivação. Para ter um, tem que ter o outro. A motivação para Jim Kwik era deixar de ser o menino do Cérebro quebrado. Hoje ele é um treinador das habilidades que lhe faltavam na escola: Foco, Memória, capacidade de Aprendizado. O método é aprender como se você fosse ensinar para alguém aquela matéria. Aprender a partir do compreender. Isso pode transformar sua dificuldade em um superpoder. Foi exatamente o que transformou o menino do Cérebro quebrado no treinador de Supercérebros. 

Hoje ele ganha fortunas ensinando o óbvio: para chegar em qualquer lugar, é preciso ter Motivação de enfrentar suas dificuldades. Método para saber fazer perguntas, e as perguntas levam ao entendimento. E Mindset que você pode treinar seu Cérebro para desenvolver habilidades e abrir caminhos para seu futuro.

 E você? Está pronto para virar um X-Men? 


Marco Antonio Spinelli - médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo, psicoterapeuta de orientação junguiana e autor do livro Stress - o coelho de Alice tem sempre muita pressa


Como a falta de bem-estar emocional prejudica o seu sucesso

Descubra como construir o seu sucesso e crescimento profissional através desse pilar

 

O bem-estar emocional é uma parte fundamental para a saúde, felicidade e sucesso das mulheres. É importante que exista um cuidado redobrado nesse campo para evitar o estresse, a ansiedade e a depressão, afinal, manter um equilíbrio emocional saudável pode ajudar a lidar com os desafios da vida, sejam eles relacionados ao trabalho, relacionamentos, família ou outras áreas da vida.

Uma das principais maneiras de cuidar do bem-estar emocional é através da prática da autoaceitação. As mulheres, muitas vezes, se pressionam para se encaixar em padrões de beleza ou comportamento impostos pela sociedade. Isso pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima. Por isso, é importante que elas se aceitem como são, ao conseguir trabalhar isso, se tornam mais confiantes e satisfeitas com sua aparência e personalidade.

Outra maneira importante de cuidar do bem-estar emocional é através do cultivo de relacionamentos positivos. As mulheres precisam de conexão emocional com outras pessoas para se sentirem bem consigo mesmas. Isso pode incluir amigos, familiares e parceiros românticos, ajudando a se sentirem apoiadas, amadas e valorizadas.

A prática da autocompaixão também pode ser recompensadora para o bem-estar emocional das mulheres, o que envolve tratar-se com gentileza e empatia. Muitas vezes, somos muito críticas conosco e nos culpamos por nossos erros. A autocompaixão pode ajudar a fortalecer a compreensão para aceitar as falhas como parte natural do processo de aprendizado e crescimento.

O cuidado com a saúde física também é importante para o bem-estar emocional das mulheres. A prática de exercícios físicos regulares, alimentação saudável e descanso adequado pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade. Além disso, a prática de atividades que proporcionam prazer e relaxamento como meditação, ioga ou algum outro hobby pode ser gratificante para a saúde mental.

Finalmente, é importante que as mulheres procurem ajuda profissional se estiverem vivenciando problemas emocionais. A terapia e o processo de autoconhecimento podem ser uma maneira eficaz de lidar com problemas como ansiedade, depressão, estresse ou trauma emocional. Um profissional treinado pode ajudar a identificar os problemas e desenvolver estratégias eficazes para lidar com eles.

Em resumo, o bem-estar emocional é fundamental para a saúde e a felicidade das mulheres. A prática da autoaceitação, a construção de relacionamentos positivos, a autocompaixão e o cuidado com a saúde física podem ajudar a manter o equilíbrio emocional saudável. Além disso, é importante procurar ajuda profissional se necessário. Com essas práticas, as mulheres podem alcançar uma vida emocionalmente rica e satisfatória.


 

Priscila Guskuma – Treinadora Comportamental. Fundadora do IGDH (Instituto Guskuma de Desenvolvimento Humano), Ministrou treinamentos e palestras para empresas como: Porto Seguro, Shell, Locaweb, Google, Feira do Empreendedor do Sebrae. Empreendedor.



Tá na hora de tirar a camisa xadrez


O despertador do iPhone 14 Pro toca às 5h30. Eu me levanto e vou ao banheiro para lavar o rosto. Na sala, peço à Alexa para me informar a temperatura e a previsão do dia. Pego uma xícara de café na minha máquina e me sento para ler, no meu iPad Pro, as principais notícias do dia sobre tecnologia, conferir a bolsa de Nova York e os tweets do Elon Musk. 

Após fazer outras atividades diárias, pego o meu carro e ouço os áudios do WhatsApp, envio e-mails e faço ligações, tudo pelo bluetooth. Por fim, chego na minha obra, onde visto a minha botina suja, com bico rasgado, a minha calça jeans com marcas de ferrugem do vergalhão e a minha tradicional camisa xadrez. E, fazendo isso, é como se dissesse: “Ah, agora sou engenheiro raiz, tirem essas tecnologias de perto de mim”. Isso soa familiar?

Existem diversos fatores que contribuem para a baixa adoção de tecnologia na construção de edifícios no Brasil. Segundo o estudo “Produtividade e oportunidades para a cadeia de construção”, da Deloitte, um dos principais motivos é a cultura conservadora do setor que, muitas vezes, é resistente a mudanças e inovações. Além disso, a falta de conhecimento e capacitação dos profissionais da área em relação às novas tecnologias também é um obstáculo. Outro fator que o estudo menciona é o alto custo de investimento em inovação que, muitas vezes, é visto como um gasto desnecessário pelas empresas da área. Aliás, a falta de padronização e interoperabilidade entre as diferentes soluções disponíveis no mercado também pode dificultar a adoção.

Compreendo tudo isso, mas, afinal de contas, será que veicular um QR Code para a análise e visualização de projetos é um custo tão alto assim? Fazer uma pergunta técnica para uma IA (Inteligência Artificial) disponível no WhatsApp é tão caro? Implantar ferramentas que centralizem as informações em um único lugar irá estourar o orçamento? Pouco provável. 

Há uma verdade que o engenheiro raiz se recusa a enxergar: como as construtechs podem ajudar na produtividade da construção de edifícios de diversas maneiras. Uma das principais, é por meio da adoção de tecnologias inovadoras que permitem a automatização de processos, redução de erros e retrabalhos, aumento da eficiência e produtividade.

Além disso, as startups podem oferecer soluções integradas que conectam diferentes atores da cadeia de construção, como projetistas, construtores, fornecedores e clientes, permitindo uma gestão mais eficiente e colaborativa do projeto. A propósito, as construtechs também podem oferecer soluções de análise de dados e IA, permitindo uma tomada de decisão mais confiável e uma gestão mais eficiente dos recursos. 

Por vezes, o setor de construção civil também utiliza o argumento de que o segmento é grotesco e não está preparado para a cultura da tecnologia. Na visão de muitas pessoas os mestres de obras, pedreiros, serventes e demais profissionais não têm acesso a dispositivos ou, até mesmo, não saberão utilizar as inovações nas obras, o que não é verdade. Hoje, a maioria dos brasileiros têm acesso a smartphones e já estão acostumados a utilizar apps em seu dia a dia. Prova disso, há mais celulares inteligentes (242 milhões) do que habitantes (214 milhões) no país, segundo um levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas), com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Ainda assim, existe uma certa resistência quando falamos em levar a tecnologia para os times de campo, como se as equipes não fossem se adaptar a essa evolução. Os times de campo precisam assumir que já são usuários da tecnologia, seja ao enviar uma foto ou vídeo pelo WhatsApp ou, até mesmo, ao fazer a compra de um bilhete QR Code para o uso do transporte público. Estamos caminhando para uma nova era! Quantas vezes as tecnologias que surgiram para a construção civil foram tidas como elementos muito à frente das suas necessidades? Foi assim com o CAD e com a RA (Realidade Aumentada). A verdade é que, quando comparados com outros setores, ainda seguimos com processos construtivos arcaicos simplesmente pelo “medo do novo” ou por acharmos tecnologias caras

Se pararmos para analisar, o dia a dia de um engenheiro de obra, em sua maioria, está ligada ao uso da tecnologia. O celular de última geração, a Alexa, o carro com bluetooth, o computador, etc. O engenheiro que usa a tecnologia em cada momento do seu dia precisa implementar todos os recursos disponíveis também no canteiro de obras - onde, por vezes, ainda há muita resistência para aderir a soluções inovadoras.

Está na hora de deixar de lado a velha camisa xadrez para se tornar o engenheiro tecnológico que a nova geração da construção civil não apenas merece, mas precisa ter.

 

Cícero Sallaberry - sócio-fundador da Construflow. Formado em Engenharia Civil pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), possui experiência em gestão de canteiro de obras de grandes construtoras e em projetos na plataforma BIM. Além disso, é empreendedor na área de inovação e tecnologia, incentivador da mudança de mentalidade e melhoria da produtividade da construção civil.

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