O mau hábito de não usar camisinha durante a
relação sexual é a principal causa do contágio do HPV, vírus que pode causar
lesões no corpo e é capaz de desenvolver um câncer
O
carnaval é uma eventualidade cheio de surpresas boas. Festas, momentos de
lazer, diversão, folia e algumas paqueras. Essas situações são motivo de grande
preocupação dos órgãos de saúde E pode trazer uma outra surpresa nada
agradável: a contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Em
oportunidades como o carnaval AS pessoas acabam se esquecendo da prevenção
durante o ato sexual e contraem doenças como o HPV.
Dados
do Ministério da Saúde divulgados em dezembro de 2017 certificaram que 54,6%
dos jovens brasileiros entre 15 e 25 anos têm prevalência de HPV. Essa
estatística foi concluída a partir de um estudo feito com 5.812 mulheres e
1.774 homens, que foram entrevistados e fizeram exames nas 26 capitais e no
Distrito Federal.
“O
HPV é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo Papilomavírus humano.
Trata-se de um vírus que atinge a pele e alguns tecidos com a possibilidade de
causar verrugas e outros tipos de lesão. O nome HPV é uma sigla em inglês para
a palavra Papiloma Virus Humano e existem mais de 200 tipos, sendo que cada um
deles pode causar lesões em diferentes partes do corpo. O contágio pode
acontecer a partir de uma única exposição e a forma mais comum para a
transmissão é a relação sexual”, esclarece a ginecologista Raquel Martins
Soares, sócia da clínica Femminile Ginecologia.
Uma
das práticas que mais levam ao contágio do HPV é a falta de camisinha durante
uma relação sexual. Esse comportamento tão criticado pela comunidade médica é
mais comum ao longo do período de carnaval. “Com a chegada do carnaval, as
pessoas tendem a esquecer da camisinha. Esse hábito não é nada saudável.
Principalmente para as mulheres porque em determinados casos, quando o vírus
acomete a mucosa do útero, ele é capaz de provocar até mesmo um câncer de colo
de útero”, explica a ginecologista.
Os
sintomas vão além das verrugas e podem ser notados tanto na genitália quanto em
outras partes do corpo. A aparição pode ter início a partir dos dois primeiros
meses após o contágio, mas também pode jamais surgir – o que não torna o vírus
inativo no organismo e também não o desqualifica para a contaminação de
terceiros. No caso da mulher, uma opção de exame que detecta o vírus é o
Papanicolau.
“O
Papilomavírus humano é sorrateiro. Em 95%, o paciente está infectado e o vírus
não SE manifesta. Mesmo assim, caso essa pessoa infectada tenha relações
sexuais sem camisinha, a probabilidade de contaminação é muito grande. Por isso
entramos numa série de cuidados preventivos que devem ser respeitados tanto no
carnaval quanto em qualquer outra época do ano”, comenta Dra. Raquel.
Além
do uso do preservativo, existem outras formas de prevenção. Uma delas é a
vacina, que está disponível de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS)
para meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, pessoas que vivem com HIV
e pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos. Apesar de ser um
método preventivo de combater a doença, a vacina não serve como tratamento e a
imunização não impede em totalidade que a ação cancerígena do vírus. Por isso é
importante, mesmo com a vacinação, que o paciente continue usando preservativo
durante as relações sexuais.
“O
HPV não tem cura definitiva. O que podemos fazer é controlá-lo. Já o tratamento
depende de alguns fatores como a idade do paciente, o tipo do vírus, a extensão
da lesão ou verruga, a localização das mesmas e também do quanto o paciente foi
acometido. Podemos recorrer à métodos que envolvem desde ácidos até o
tratamento com laser. Se for o caso de um câncer de colo de útero decorrente do
HPV, o tratamento é cirúrgico e pode haver a retirada do colo. Em casos mais
graves, até mesmo o útero e as estruturas adjacentes podem ser retiradas!,
conclui Dra. Raquel.
Vacinação
do HPV em jovens mineiros
Em
Minas Gerais, o HPV já é diagnosticado como um problema logo ao analisar os
gráficos de vacinação. Segundo informações de um boletim da Secretaria de
Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) divulgado em dezembro de 2017, a meta
é de que 80% das meninas entre 9 e 15 anos sejam vacinadas contra a doença,
porém, a média de vacinação é de apenas 54,29% do público. Por outro lado, o
quadro é ainda mais complicado para os meninos. A meta da SES/MG também é de
80%, mas apenas 26,95% do público está vacinado.
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