O sentimento em relação ao
desempenho da economia brasileira em 2020 é de otimismo. Isso se deve ao fato
de o governo ter feito parte da sua lição de casa e criado um ambiente
econômico um pouco menos hostil para o ano que se inicia.
A nova gestão federal demonstrou ter a
capacidade de negociar e articular com o Congresso a implantação de medidas tão
urgentes e necessárias para tirar o país da recessão. A aprovação da reforma da
Previdência, por exemplo, deve gerar uma economia de R$ 800 bilhões nos
próximos 10 anos. Também houve o encaminhamento de três propostas de emenda à
Constituição (PEC), que tratam do ajuste fiscal e da descentralização de
recursos para estados e municípios.
As reformas tributária e
administrativa, assim como o projeto para acelerar a
privatização das empresas estatais serão tratadas em breve. Vale lembrar que,
em 2019, o governo já vendeu mais de R$ 100 bilhões de ativos e fez várias
concessões para empresas privadas na área de infraestrutura, principalmente
portos e aeroportos.
Faz muito tempo que não temos
um cenário tão positivo com expectativas de estabilidade no longo prazo, a começar pela taxa Selic, hoje a mais baixa da história – 4,5% ao ano.
Além da taxa básica de juros reduzida, a inflação novamente deve ficar abaixo
da meta de 4,25%. Outro ponto é a dívida pública brasileira em relação ao PIB,
que está em queda e deve atingir 77,3%, ao invés dos planejados 80,3% para 2019.
Diante desse cenário,
investidores e consumidores estão mais otimistas. O índice de confiança do
empresário publicado pela Fecomércio-PR em dezembro foi de 127,2 pontos. É o
maior índice registrado desde dezembro de 2012, quando atingiu 121
pontos.
Em pesquisa realizada no fim
de ano, a maioria dos mais de 200 associados da AHK confirmou essa percepção
positiva, e muitos preveem a expansão de seus negócios e novos investimentos.
Inclusive, as possibilidades de negócios
aumentam ainda mais em 2020 para as indústrias associadas à AHK Paraná. Em março, uma delegação de empresários alemães das áreas de
energia renovável, meio ambiente, automação, mecânica e automotiva estará em
Curitiba. O objetivo da comitiva será fazer negócios com parceiros brasileiros.
Diálogo, cooperação e
livre-comércio
Decorridos 9 anos sem
assinatura de um acordo econômico significativo e após inacreditáveis 20 anos
de inércia, o Mercosul assinou em 28 de junho o tão esperado e propalado acordo
comercial com a União Europeia. Foi um gol de placa marcado por Brasil e
Argentina que finalmente decidiram jogar juntos e aproveitar o enorme potencial
que esse acordo trará para ambos.
Baseado no diálogo político,
na cooperação econômica e no livre-comércio, o acordo deverá ser ratificado
pelos parlamentos nacionais dos países membros, bem como pelo Parlamento
Europeu. Estima-se que entrará em vigor dentro de dois anos.
Em um clima de tensões e
incertezas no comércio internacional, especialmente entre EUA e China, essa
assinatura ressalta o compromisso dos dois blocos com a abertura econômica e o
fortalecimento das condições de competitividade.
O acordo eleva a um novo
patamar as relações econômicas e políticas entre o Brasil e a União Europeia e
sinaliza que os tratados de livre-comércio passam a ser componentes essenciais
da nova política comercial brasileira, tão necessária para tornar o Brasil um
player importante e competitivo na economia mundial.
Avançamos em 2019, mas
precisamos continuar neste caminho para combater a ineficiência estatal em
todos os níveis, reduzir o inchaço da máquina pública e continuar a combater a
corrupção que ainda assola o nosso país.
É necessário, ainda,
facilitar o investimento privado nacional e estrangeiro na infraestrutura,
reduzir a intervenção estatal, desburocratizar, desregulamentar e intensificar
a privatização das empresas estatais, abrir o nosso mercado e garantir
segurança jurídica aos investidores.
Andreas Hoffrichter - diretor da Câmara de
Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná) e Conselheiro de Administração
certificado pelo IBGC.
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