Geledés
Pesquisa enfoca tema no Brasil e no Uruguai
A pesquisa 'Falar ou callar? Realidades de mulheres
sobreviventes frente à violência doméstica no Brasil e no Uruguai (2002-2006)'
está inserida na proposta do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero
(LIEG/Unesp/Marília) de incentivar e atuar para o fortalecimento do campo dos
estudos de gênero e tem como autora a doutoranda Camila Rodrigues da
Silva.
A pesquisa tem objetivo identificar o impacto no
que se refere a implementação da Lei de Violência Doméstica instaurada no
Uruguai em 2002 frente a Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha no Brasil, bem como suas
possíveis mudanças, permanências e conflitos no cotidiano de mulheres urbanas e
todos os níveis sociais.
A ideia em privilegiar as cidades de São Paulo e
Montevidéu como foco de análise deve-se ao fato de que nestas cidades as
transformações e mudanças provocadas pelo movimento feminista assumiram novas
configurações e novas formulações produzindo novos modos de vida. A aluna foi
guiada pela morosidade do judiciário brasileiro e as dificuldades de aprovação
e real implementação da Lei Maria da Penha (constatações realizadas em sua
pesquisa de mestrado na cidade de Marília em 2012) e o cenário de lutas das
mulheres uruguaias e as inúmeras dificuldades apresentadas para a aprovação e
efetivação da Lei de combate a Violência Doméstica no Uruguai.
Essas realidades que se assemelham, também são
observadas nas participações em eventos internacionais que motivaram e
influenciaram na luta pelos direitos e combate a violência contra as mulheres
que, entendidos como processos, resultaram nas instaurações das Leis de Combate
a Violência Contra as Mulheres em cada país.
Como metodologia de análise utiliza o olhar
comparativo sob a perspectiva das histórias cruzadas frente as realidades
jurídicas nas cidades de São Paulo (Brasil) e Montevidéu (Uruguai),
pertencentes a países latino-americanos inseridos no bojo de mudanças e
transformações dos movimentos feministas contemporâneos que assumem novas
reconfigurações e formulações.
O uso das histórias cruzadas e do método das
oralidades permite buscar especificidades destas configurações que não são
isoladas e que se cruzam e entrecruzam evidenciando as tramas de vida, as
experiências e cotidianos distintos de mulheres que, diante de anos de
silêncio, decidiram contar a sua história vivenciando uma nova condição
além-sobrevivência.
Diante de um novo contexto latino-americano que
evidencia as diferenças entre as mulheres e suas demandas ressaltando lugares
de poderes privilégios, geradas por classe, raça/cultura, identidade sexual,
lugar ou idade que o trabalho se propõe trazer colaborações para o campo das
pesquisas sobre violência de gênero e experiências subjetivas de mulheres
sobreviventes frente ao impacto das leis de combate a violência contra a mulher
a partir de um olhar comparativo sob a perspectiva da história cruzada em
países como Brasil e Uruguai. Olhar com mais atenção para as possibilidades da
comparação e dos cruzamentos contribui para a produção historiográfica
brasileira trazendo para a reflexão novos problemas e questões promovendo o que
Prado (2005) chama de “conexões globalizantes” (PRADO, 2005:30).
Camila Rodrigues da Silva - Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília (2016). É pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG/Unesp), membro do Grupo de Pesquisa Cultura e Gênero e membro do Grupo de Estudos Mundo Contemporâneo (GEMUC/Unesp) . Revisora eletrônica e apoio técnico da Revista Aurora – Revista dos discentes de pós-graduação em Ciências Sociais da Unesp/Marília (2015-2016). Graduada em Ciências Sociais – Bacharel pela Universidade Estadual Paulista campus de Marília (2013). Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista campus de Marília (2012). Tem experiência na área de Sociologia e Antropologia com ênfase em Relações de Gênero, Feminismos, Violência contra a mulher.
Fonte: http://www.unesp.br/
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