O
psicólogo especialista em sexualidade e casais Oswaldo M. Rodrigues Jr. diretor
do InPaSex (Instituto Paulista de Sexualidade de São Paulo) explica que há
milênios existe uma forma cultural iniciada na Europa de que na época da folia
de Carnaval as pessoas se deixam levar pela euforia e ficam mais vulneráveis ao
sexo. Ele conta que antigamente os grupos sociais desenvolveram isso como forma
de facilitar a reprodução, valorizando as emoções associadas ao sexo através
destas festividades até por isso que, culturalmente, a quaresma na sequência
veio como uma forma de penitência para o que se havia feito durante o carnaval.
Para entender melhor esse mecanismo, o
psicólogo explica o que acontece com os pensamentos do ser humano nessa época
do ano: “A espera da semana de carnaval faz com que muitos criem expectativas
de como será, e isso é o que facilita este mecanismo de euforia crescente que
se produz diariamente até o dia da festa. Se temos vivências prazerosas com as
folias de carnaval, nós tendemos a repetir e a cada ano aumentar a expectativa
para que o prazer conhecido seja repetido. Este é o elemento motivador: buscar
aquela sensação reconhecida como prazer”, menciona o especialista.
É verdade que há sim um aumento de
parcerias sexuais durante o Carnaval e essas vivências são compartilhadas com o
contato físico que não existe na rotina da maioria das pessoas. “Brincar o
carnaval num bloco de rua e esfregar-se em todos, ter o contato físico sem
medos de se sentir abusado ou de estar sendo percebido como abusador gera a
euforia de liberdade, facilitando estar com várias pessoas concomitantemente ou
em sequência, sem se importar com o estabelecimento de um relacionamento após”,
fala Oswaldo que complementa “Para algumas pessoas esta vivência é extremamente
forte, a tal ponto dela sofrer por não viver isso o restante do ano, mesmo
tentando contatos rápidos nos fins de semana. Pessoas que buscam estes padrões
para os relacionamentos de longo prazo tendem a sobrevalorizar o carnaval, e
tendem a desvalorizar os relacionamentos baseados em afetos de longo prazo”.
O psicólogo ainda alerta que ao viver
estas formas de expressão emocional, seja por ser assim independentemente do
carnaval, algumas pessoas podem desenvolver dificuldades de estabelecer
relacionamentos de longo prazo posteriormente.
A real influência da folia no lado
psicológico
As folias de carnaval e todas as outras
festividades que ocorrem com o uso de álcool e outras substâncias são formas
das pessoas buscarem vivências diferentes do cotidiano. Algumas procuram estas
situações para escapar do mal-estar que não suportam, outras para tentar
encontrar momentos de satisfação. Algumas apenas sabem seguir estes mecanismos
de satisfação, permanecendo dependentes deles. Estes últimos encontram no
carnaval um momento extra através do qual podem sentir-se iguais aos outros,
sem serem rejeitados por estarem alcoolizados ou sob o uso de substâncias.
Também existem pessoas que usam o
carnaval para se darem o direito de viver um momento diferente, emoções
diferentes, e depois retornarem ao cotidiano comportado, regrado. Assim
equilibra o ano, seguindo regras sociais e sem importunar aos vizinhos.
As dicas do especialista
Para aproveitar sem receio, Oswaldo
fala que é preciso que cada um saiba o que a folia de carnaval significa para
si mesmo. “Para os solteiros é importante compreender o que se busca e saber
como encontrar algo que dê poder sobre cada um e sobre o ambiente é a chave de
sucesso para os dias de folia. Já os casais que apreciam juntos a brincadeira,
terão mais um momento para dividirem na vida, mas aqueles que divergem opiniões
de como aproveitar esses dias terão um problema para solucionar e administrar”,
finaliza. “Para estes últimos o melhor a fazer é dedicarem-se a outras
atividades comuns aos dois sem correrem riscos de dissabores”.
Oswaldo M.
Rodrigues Jr - Psicólogo formado pela UNIMARCO (1984);
foi Secretário Geral e Tesoureiro da WAS – World Association for Sexology
(2001-2005); Presidente da ABEIS – Associação Brasileira para o Estudo da
Inadequação Sexual (2003-2005); dedica-se a tratar de problemas sexuais junto
ao InPaSex – Instituto Paulista de Sexualidade – do qual é fundador e diretor.
Autor de mais de 100 artigos científicos e mais de 35 livros, dentre eles:
Parafilias (Ed. Zagodoni) Terapia da Sexualidade (2 vol., Ed. Zagodoni); editor
chefe da Revista Terapia Sexual : clínica, pesquisa e aspectos psicossociais e
co-cordenador do CEPES – Curso de Qualificação em Psicoterapia Sexual do
Instituto Paulista de Sexualidade..
Nenhum comentário:
Postar um comentário