O
baixo rendimento nos estudos ou desinteresse pelas atividades podem estar
relacionados com dificuldades de enxergar
Muitos
pais estão terminando os preparativos para volta às aulas. Mas, além de cuidar
da compra de novos materiais, uniformes, livros, também é importante pensar na
saúde visual do seu filho. De acordo com o levantamento realizado pelo CBO,
aproximadamente 20% das crianças em idade escolar apresentam problemas
oftalmológicos por causa de erros refracionais não corrigidos. Dessas,
estima-se que 5% apresentem menos de 50% da visão normal.
“É muito comum no dia a dia do consultório descobrirmos erros de refração, que
é como denominamos a miopia, astigmatismo e hipermetropia, em crianças que tinham
problemas de aprendizagem ou comportamento na escola. Para
evitar isso, aproveitar para ir ao
oftalmologista no início do ano é uma grande oportunidade de começar as aulas
da melhor maneira”, orienta o oftalmologista Geraldo Canto, da Clínica
Canto.
Os
problemas de visão mais comuns na infância são hipermetropia (dificuldade para
enxergar de perto) e miopia (dificuldade para enxergar de longe), mas as
crianças também podem desenvolver astigmatismo (dificulta visão de longe e
perto), estrabismo e insuficiência de convergência (dificuldade dos dois olhos
em trabalhar coordenadamente, causando diversos sintomas).
Como as crianças não percebem que têm dificuldade para enxergar, é importante
que os pais fiquem atentos no comportamento delas. “Quando a criança tem alguma
dificuldade visual, costuma ter dores de cabeça,
desinteresse pelo estudo, baixo desempenho escolar, fica muito próxima da
televisão e de aparelhos eletrônicos ou tem mania de franzir os olhos para
conseguir enxergar. Caso perceba essas atitudes em seu filho, é importante
procurar um oftalmologista”, ressalta o oftalmologista.
As dores de cabeça e desinteresse nas atividades escolares também
podem ser um sinal de cansaço visual, que costuma ocorrer após longos períodos
de leitura ou estudo em condições inadequadas. “Nesse caso, não se trata de
nenhum problema visual, é apenas um desconforto por atitudes inadequadas na
hora de estudar. A recomendação é que se evite ambientes escuros, lembrando que
mesmo durante o dia pode haver necessidade de ligar a luz, que a intensidade da
iluminação da tela do computador ou tablet não seja muito alta e que sejam
feitas pausas a cada 20 minutos, orientando a criança a olhar para o horizonte
ou algum lugar mais longe pela janela, o que ajuda a descansar a visão”,
explica Geraldo Canto. “Mas, caso surjam sintomas, é importante fazer uma
consulta com o oftalmologista para saber se realmente é apenas um desconforto
visual ou se existe algum erro de refração”, salienta.
Segundo o oftalmologista, o ideal é que o acompanhamento seja
realizado anualmente e iniciado antes mesmo da alfabetização. “A primeira
consulta da criança deve ser feita entre os seis a 12 meses de idade, quando já
é possível verificar a existência de um grau mais elevado, diferença de visão
entre os olhos, diferença de grau ou fixação do olhar. Desse período até ela
ser capaz de se expressar sozinha, o exame é feito pela avaliação dos olhos
depois de uma dilatação da pupila. A partir do momento em que a criança já
consegue se comunicar e se demontra colaborativa, já começamos também a usar
imagens de desenhos, números ou letras”, detalha.
Adaptação aos óculos
Quando a criança é muito nova, nem sempre é feita uma indicação de óculos. “As
muito jovens com graus baixos não costumam ter prescrição
de óculos, exceto exista alguma dificuldade visual ou estrabismo que seja
detectado no exame. No geral, recomendamos óculos para crianças quando elas têm
hipermetropia acima de 3 graus, miopia acima de 1,5 graus e astigmatismo acima
de 1,5 graus. Mas, varia muito conforme avaliação de cada caso”, considera.
Se os óculos forem
necessários, é recomendado que os pais incentivem seus filhos a usarem o
acessório. “É essencial que a criança aprove o modelo de armação que irá usar.
Além disso, os pais devem explicar a importância dos óculos, demonstrar como
pode ser divertido e até um objeto de moda. Assim, fica mais fácil se adaptarem
a ele. Podem, inclusive, mostrar personagens famosos que também utilizam
óculos”, aconselha Geraldo Canto. “No caso das crianças mais novas, os pais
devem procurar as armações com elásticos, cuidando apenas para que o modelo não
fique apertado”, acrescenta.
As lentes de contato, embora possam ser utilizadas pelas crianças, são mais
indicadas somente para situações específicas. “As lentes de contato exigem
cuidados com higiene e manutenção para não ocorrer infecções e outros problemas
oculares. O uso delas por crianças necessita de uma supervisão constante dos
pais, que na correria do dia a dia, nem sempre é possível. Por isso, costumamos
indicar somente para atividades pontuais, como esportes ou eventos sociais”,
orienta o oftalmologista. “Em alguns casos especiais, como pacientes muito
jovens que já foram submetidos à cirurgia para catarata congênita, a lente de
contato também pode ser utilizada.”
A cirurgia só é
indicada a partir dos 18 anos, mesmo que a criança tenha um grau alto de
miopia, hipermetropia ou astigmatismo. “Antes dessa idade, ainda não existe uma
estabilidade do grau e a córnea ainda não está rígida, o que aumenta o risco de
complicações”, afirma Geraldo Canto.
Clínica Canto
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