Nas últimas décadas, as
mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no ambiente corporativo, antes
dominado pelo sexo masculino. Há quem acredite que o mundo do trabalho já não
faz distinções por gênero – mas não é bem isso que acontece quando se trata de
cargos de liderança.
Apesar de representarem
43,8% dos trabalhadores no Brasil, as mulheres ocupam apenas 37% dos cargos de
gerência, de acordo com o IBGE. Quando se trata dos comitês executivos das
grandes empresas, esse número cai para 10%. Além disso, elas ainda recebem o
equivalente a 76% do salário dos homens.
Essa desigualdade de
gênero ainda é recorrente nas empresas em todo o mundo. Neste ano, um relatório
da consultoria americana Boston Consulting Group (BCG) mostrou que, ainda que
aspirem cargos de liderança, as mulheres são desencorajadas a chefiar. Entre os
motivos estão as microagressões que sofrem no dia a dia, a falta de
oportunidades ao longo da carreira e, ainda, a falta de exemplos de mulheres na
liderança.
Em empresas mais diversas
com relação ao gênero, todos os funcionários se sentem encorajados a aspirar
cargos de direção. Para as mulheres, enxergar outras pessoas do sexo feminino
na chefia pode incentivá-las a buscar o crescimento na carreira.
E essa diversidade não é
importante apenas para encorajá-las, mas também pode trazer resultados
financeiros para as companhias. De acordo com um estudo de
2016 do Peterson Institute for International Economics, empresas com
ao menos 30% de presença feminina em cargos executivos têm um lucro 15% maior.
Para mudar esse cenário,
as empresas precisam criar políticas de recursos humanos mais inclusivas, sem
qualquer distinção por gênero. Mas isso não é papel apenas do profissional de
RH: tanto a direção da empresa quanto os funcionários precisam trabalhar juntos
para tirar as ideias do papel e colocá-las em prática.
De acordo com a
consultoria BCG, algumas ações podem ser tomadas para garantir uma empresa mais
igualitária: nos processos seletivos, é recomendado que haja um número igual de
homens e mulheres, o que garantirá um quadro de funcionários mais misto. Além
disso, incluir as mulheres nas interações cotidianas e na tomada de decisões é
fundamental para que elas se sintam, de fato, parte da equipe.
Outra questão fundamental
para garantir a equidade é a criação de políticas que garantam a permanência
das mulheres nas empresas, facilitando o equilíbrio entre vida pessoal e
profissional. Entre elas, a licença maternidade para o pai e a mãe, a
instalação de berçário nos escritórios, a adequação de metas após o retorno da
licença-maternidade, o home office e a flexibilização de horários de entrada e
saída.
A superação das diferenças
precisa partir de todos, em um esforço coletivo para transformar a cultura
interna da organização. Quando as lideranças entendem isso, conseguem conscientizar
toda a empresa e minimizar qualquer tipo de resistência. Uma sociedade mais
justa exige a igualdade de gênero em todos os seus ambientes – e o mundo
corporativo não pode estar isolado da realidade.
Claudia Regina Araujo dos Santos -
especialista em gestão estratégica de pessoas, palestrante, coach executiva e
diretora da Emovere You (www.emovereyou.com.br).
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