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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Por que há poucas mulheres em cargos de liderança?



Nas últimas décadas, as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no ambiente corporativo, antes dominado pelo sexo masculino. Há quem acredite que o mundo do trabalho já não faz distinções por gênero – mas não é bem isso que acontece quando se trata de cargos de liderança.

Apesar de representarem 43,8% dos trabalhadores no Brasil, as mulheres ocupam apenas 37% dos cargos de gerência, de acordo com o IBGE. Quando se trata dos comitês executivos das grandes empresas, esse número cai para 10%. Além disso, elas ainda recebem o equivalente a 76% do salário dos homens.

Essa desigualdade de gênero ainda é recorrente nas empresas em todo o mundo. Neste ano, um relatório da consultoria americana Boston Consulting Group (BCG) mostrou que, ainda que aspirem cargos de liderança, as mulheres são desencorajadas a chefiar. Entre os motivos estão as microagressões que sofrem no dia a dia, a falta de oportunidades ao longo da carreira e, ainda, a falta de exemplos de mulheres na liderança.

Em empresas mais diversas com relação ao gênero, todos os funcionários se sentem encorajados a aspirar cargos de direção. Para as mulheres, enxergar outras pessoas do sexo feminino na chefia pode incentivá-las a buscar o crescimento na carreira.

E essa diversidade não é importante apenas para encorajá-las, mas também pode trazer resultados financeiros para as companhias. De acordo com um estudo de 2016 do Peterson Institute for International Economics, empresas com ao menos 30% de presença feminina em cargos executivos têm um lucro 15% maior.

Para mudar esse cenário, as empresas precisam criar políticas de recursos humanos mais inclusivas, sem qualquer distinção por gênero. Mas isso não é papel apenas do profissional de RH: tanto a direção da empresa quanto os funcionários precisam trabalhar juntos para tirar as ideias do papel e colocá-las em prática.

De acordo com a consultoria BCG, algumas ações podem ser tomadas para garantir uma empresa mais igualitária: nos processos seletivos, é recomendado que haja um número igual de homens e mulheres, o que garantirá um quadro de funcionários mais misto. Além disso, incluir as mulheres nas interações cotidianas e na tomada de decisões é fundamental para que elas se sintam, de fato, parte da equipe.

Outra questão fundamental para garantir a equidade é a criação de políticas que garantam a permanência das mulheres nas empresas, facilitando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Entre elas, a licença maternidade para o pai e a mãe, a instalação de berçário nos escritórios, a adequação de metas após o retorno da licença-maternidade, o home office e a flexibilização de horários de entrada e saída.

A superação das diferenças precisa partir de todos, em um esforço coletivo para transformar a cultura interna da organização. Quando as lideranças entendem isso, conseguem conscientizar toda a empresa e minimizar qualquer tipo de resistência. Uma sociedade mais justa exige a igualdade de gênero em todos os seus ambientes – e o mundo corporativo não pode estar isolado da realidade.






Claudia Regina Araujo dos Santos - especialista em gestão estratégica de pessoas, palestrante, coach executiva e diretora da Emovere You (www.emovereyou.com.br).




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