Já é tradição
na virada do ano que os analistas se debrucem sobre o balanço dos doze meses
que se passaram e arrisquem previsões para período dos 365 dias que se inicia.
Também é praxe que a grande maioria pince os eventos, dados e resultados mais
sombrios do ano que passou e usem os mesmos óculos acinzentados para projetar o
futuro imediato.
Entretanto,
como em tudo na vida, é necessário usar uma boa dose de equilíbrio tanto ao
olhar o passado quanto ao que se esperar no novo ano. Senão, vejamos. Parece
que 2016 dificilmente se librará do estigma que o marca como o pior ano da
história recente do país, carregando uma bagagem extremamente negativa:
impeachment da presidente da República, enxurrada de denúncias de corrupção e
de prisão de lideranças políticas e empresariais, taxas recordes de desemprego,
aumento da violência, além de trágicos acidentes, como a queda do avião da
Chapecoense.
Mas essa marca
calcada sobre 2016 será justa? Terão sido mesmo doze meses somente de más
notícias? A resposta é não, pois é preciso colocar na balança fatos como a
tranquila eleição de novos prefeitos e vereadores, com surpresas que podem se
revelar benéficas. Isso, se se concretizarem as promessas de cortes de despesas
supérfluas e busca de eficiência no serviço público. Vale também incluir na
cesta dos pontos positivos a desaceleração da inflação; a ação da justiça
contra a corrupção e a sangria dos cofres públicos; o sucesso da Olimpíada do
Rio. E o envio ao Congresso de reformas há muito reivindicadas por quem quer
ver o Brasil ingressar na tão sonhada fase de desenvolvimento sustentável.
Entre elas, a fixação de um teto para adequar os gastos públicos à receita dos
municípios, estados e União; a mudança no currículo do ensino médio, com um
olhar para o mercado de trabalho; as alterações para conter o crescente déficit
da Previdência Social. Como se vê, 2016 não foi um ano totalmente perdido, pois
os primeiros passos foram dados rumo à direção correta. Mas o caminho é longo e
ainda há muito chão a percorrer.
Luiz Gonzaga Bertelli - presidente do Conselho de
Administração do CIEE
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