O presidente Michel Temer anunciou na última semana que os trabalhadores poderão sacar todo o saldo de suas contas inativas do FGTS, visando a injeção de R$ 30 bilhões na economia. Neste momento, o trabalhador precisa ser orientado para não colocar em risco a sua reserva financeira.
O objetivo é que os valores sejam usados para quitar dívidas, mas não haverá vinculação, portanto é imprescindível discutir a importância de preservar as garantias para o futuro. Considerando que a grande maioria dos brasileiros não poupa dinheiro, o FGTS força o trabalhador a ter uma reserva e estar minimamente precavido para imprevistos. A previsão do governo é que cerca de 10,2 milhões de pessoas possam fazer saques em suas contas do FGTS inativas até 31 de dezembro de 2015.
Essa liberação pode comprometer ainda mais a situação dos brasileiros no longo prazo, gerando maior endividamento e inadimplência, problemas seríssimos em nosso país, agravados com o desemprego e a crítica situação econômica atual, que precisam ser resolvidos com educação financeira na base. Os brasileiros precisam aprender a lidar com o dinheiro de forma sustentável desde a infância, para que consigam alcançar seus objetivos ao longo da vida com segurança financeira.
O que vejo, entretanto, é que o investimento em educação vem sendo deixado de lado, enquanto o FGTS vem sendo posto como a “salvação” dos brasileiros, já que neste ano foi disponibilizado também para ser usado como garantia em empréstimos consignados. Ações como essas colocam a população em sério risco de perder uma importante garantia financeira – que, para muitos, é a única.
Para quem está inadimplente, a principal orientação é: conheça verdadeiramente a sua condição financeira e trace um planejamento para sair dessa situação. Não é com pressa, trocando uma dívida por outra, que o problema irá se resolver, pelo contrário. A mudança precisa ser comportamental, a fim de eliminar costumes e hábitos que levam ao consumismo não planejado e descontrolado.
Conheça orientações para sair das dívidas:
Caminhos alternativos para fugir do endividamento são possíveis. Pensando nisso, veja algumas orientações que indicam como resolver o problema definitivamente:
- Se você possui diversas dívidas, mas ainda não está inadimplente, cuidado! A situação é bastante preocupante. Levante todos os valores e estabeleça uma estratégia para que continue adimplente. E lembre-se, estar endividado nem sempre é um problema; o problema é quando não se consegue pagar esse compromisso;
- Se já estiver inadimplente, antes de sair negociando, tenha total conhecimento de sua situação. Faça um diagnóstico financeiro, registrando o que ganha e o que gasta, e conheça o seu verdadeiro “eu financeiro”;
- Faça um apontamento de despesas diárias, separado por tipo de despesas, durante os próximos 30 dias. Esse é o caminho para que fique tudo mais claro. Somente assim poderá cortar gastos e reduzir excessos;
- Muitas vezes, é importante dizer “devo, não nego, pago, como e quando puder”. Nunca se deve procurar o credor (pessoa ou instituição para quem se deve) antes de ter domínio completo da sua situação financeira;
- A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, portanto procure por linhas de créditos mais baixas. Porém, é importante frisar, isso não resolve a causa do problema;
- No planejamento para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos. Geralmente são as de cartão de crédito e cheque especial;
- Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que cabem em seu orçamento;
- Antes de pagar as dívidas, é preciso reunir a família (inclusive as crianças), apresentar o problema e discutir as alternativas. Saiba que, para pagar as dívidas atrasadas, terá que repensar o seu padrão de vida, pois a sua força de pagamento será reduzida nos próximos meses, com o incío do pagamento das parcelas;
- Não existe uma porcentagem exata do quanto terá que direcionar para pagar suas dívidas, isso dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
- Além de pagar as dívidas, procure guardar dinheiro para fazer suas próximas compras à vista e obter descontos. Mesmo endividado, inicie o projeto de vida de ser independente e sustentável financeiramente. E não se esqueça: é preciso respeitar o dinheiro e entender que ele é um meio e não um fim.
Reinaldo Domingos -
doutor em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de
Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do
best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da
primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.
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