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quinta-feira, 17 de março de 2022

Dia do Cuidador de Idosos: saiba o que é preciso para se tornar um bom profissional da área

Data é comemorada no próximo dia 20 de março 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento na expectativa de vida dos brasileiros vem crescendo, logo, medidas estão sendo tomadas para garantir uma melhor qualidade de vida para os idosos. A partir disso, a busca por cuidadores de idosos, profissionais que ajudam a proporcionar cuidados e assistências para os mais velhos e sua família, vêm crescendo.  

Durante a pandemia da Covid-19, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apontou que algumas empresas do segmento chegaram a registrar um crescimento de 50% na busca por esse serviço, devido a familiares buscando diminuir as possibilidades de contágio do vírus e para auxiliar os pacientes acima de 60 anos que ficaram com sequelas da doença e necessitavam de ajuda.  

Contudo, a ascensão dessa profissão não é recente, em 2018, a profissão de cuidadores de idosos foi a que mais cresceu no país, com um aumento de 500%, mostrou uma pesquisa no mesmo instituto.  

Dessa forma, o Grupo Said Rio, empresa de cuidadores de idosos, resolveu contar algumas das principais características para se tornar um bom profissional da área, em homenagem ao Dia do Cuidador de Idosos, que é comemorado no dia 20 de março. 

“Primeiro de tudo é preciso estar atento a cada detalhe, ter calma e paciência para lidar com desafios do dia a dia, tanto do profissional quanto do idoso, saber se comunicar de forma verbal e não verbal, para levar confiança ao se expressar com o paciente, da mesma forma que é muito importante ter uma escuta empática e humanizada, respeitando as emoções do idoso”, conta Danila Jones, fundadora do Grupo Said Rio.  

Além disso, ela complementa afirmando que, como o mundo está em constantes transformações e trazendo novidades e inovações no segmento da saúde, é importante estar sempre bem informado, realizando estudos e cursos constantes de aprimoramento, e sendo criativo ao levar novas formas de estimulação para os mais velhos, pois cada se adapta de maneiras diferentes. 

Por fim, ela deixa um recado e agradecimento. “O Grupo Said gostaria de parabenizar todos os cuidadores de idosos. A toda nossa equipe, obrigada pela parceria e dedicação. O ato de cuidar demanda muito além de habilidade e profissionalismo, é também um ato de amor, de empatia e de sensibilidade. Escolher ser cuidador é se comprometer com a vida e sua longevidade, seus desafios e limitações e buscar ao máximo promover qualidade de vida e bem estar.”


 
Said Rio


Dia Mundial da Saúde Bucal. Veja dicas de Especialista Para Cuidar da S ua Boca.


O que você sabe sobre saúde bucal? “Quando desenvolvemos hábitos de higiene com a intenção de melhorar nosso bem-estar bucal, nem sempre conhecemos os problemas que eles podem nos causar. Focamos muito em dentes e damos pouca prioridade para gengiva, língua, bochecha e lábios." explica a cirurgiã dentista e especialista em saúde bucal, Bruna Conde.

Ainda que haja bastante informação disponível, existem muitas pessoas que não dispensam o cuidado necessário com a saúde bucal. Por outro lado, há quem se preocupe, mas na tentativa de acertar, acabam pecando pelo excesso. “Um dos erros mais comuns é escovar os dentes e esquecer de higienizar a língua." comenta a Dra. Bruna Conde. “Não adianta ter os dentes limpos e a língua suja. Além de contribuir para o mau hálito, as bactérias presentes na língua podem ir para os dentes e vice e versa prejudicando a saúde bucal completa do paciente." completa a dentista.

Bruna Conde listou algumas práticas que podem estar prejudicando seus dentes. Confira como impedir isso:
 

1- Escovar logo depois de comer
Sua rotina matinal inclui a escova de dentes logo após o café da manhã? Parabéns por escová-los regularmente, mas o horário precisa de ajustes.“
Quando puder, espere cerca de 20 minutos após alimentação para escovar os dentes. “A saliva é um agente protetor e precisa desse tempo para agir para auxiliar na prevenção e proteção dentária. Se utilizar imediatamente o creme dental e escova pode prejudicar a ação natural da saliva." esclarece Dra. Bruna Conde.
 

2- Mastigar gelo
O gelo não tem calorias nem açúcar, refresca nos dias quentes, costuma ter pH neutro e não gruda nos dentes. Mas também tem seu lado negativo. “O gelo é duríssimo”. “Mastigá-lo prejudica os dentes, porque provoca rachaduras e fraturas no esmalte e nas obturações. Além disso, a exposição constante a temperaturas baixas pode provocar hipersensibilidade da dentina. Às vezes o desgaste é tão grande que muda a mordida, provocando dor nos músculos do maxilar." explica Bruna.

3- Vinho em excesso
É verdade que o vinho tinto contém substâncias que aumentam o colesterol bom e promovem a saúde do coração. Mas bebericar, ou seja, fazer a taça de vinho durar duas horas, faz com que os dentes sejam constantemente comprometidos.
Segundo a dentista Bruna, beber vinho em pequenos goles significa uma exposição ao ácido a cada gole. Isso não quer dizer que você deva tomar tudo de uma vez, mas beba água junto com o vinho ou coma queijo para neutralizar o ácido.

4- Fumar
Você provavelmente já ouviu falar que o cigarro amarela os dentes. O que é de fato uma verdade, “a nicotina acaba se acumulando na superfície dos dentes, criando o aspecto manchado. Além disso, fumar traz uma série de outros riscos para sua saúde, incluindo o câncer bucal.” alerta a especialista em saúde bucal.

5- Morder balas e doces muito duros
Rapadura, pé-de-moleque, balinhas caramelizadas… docinhos deliciosos para adoçar o dia. Entretanto, é preciso ficar de olho nesses doces com a textura mais dura. Por ser necessário chupá-los, o açúcar presente nas balas fica em contato com nossos dentes durante muito mais tempo, o que aumenta o risco de cáries. Além disso, não é recomendado mordê-los, já que esse ato pode quebrar dentes, obturações e lentes de contato.
 

6- Escovar os dentes rapidamente e com força
Bruna Conde explica que a escovação diária é essencial para um sorriso bonito e saudável, mas isso também está relacionada à forma como você escova os dentes. “Nada de fazê-lo rapidamente e, muito menos, aplicando força demais. Além de não promover uma limpeza profunda, deixando restinhos escondidos entre os espacinhos da boca, você corre o risco de machucar as gengivas.” diz a dentista.
 

7- Abrir embalagens com os dentes
Apesar de muito comum, o hábito de abrir embalagens ou mesmo a garrafinha de água com os dentes não é nada saudável para a saúde bucal.
De acordo com a especialista, a força excessiva utilizada no gesto pode estressar a estrutura dos dentes, causando fraturas e trincas. Além disso, a embalagem pode permanecer intacta, às custas de um dente dolorido. Melhor poupar o estresse e ter o alcance das mãos qualquer outra ferramenta, como uma tesoura.

8- Morder tampas e pontas de canetas
Muitas pessoas que têm esse hábito nem sequer se dão conta disso. Em momentos de estresse ou concentração, leva-se a caneta à boca quase que por instinto, triturando o plástico com os dentes sem se dar conta do estrago. Esse ato parece aliviar a tensão emocional na hora, claro, mas o prejuízo realmente não vale a pena.


 “Assim como abrir embalagens com a boca, forças excessivas e hábitos parafuncionais (involuntários) frequentes acabam causando um estresse excessivo e anormal na estrutura do dente e do periodonto, podendo causar trincas ou fraturas.” fala a Dra. Bruna Conde, especialista em periodontia.

Além disso, o hábito força a musculatura da mastigação com movimentos repetitivos, o que pode gerar dores e disfunções musculares e articulares.


Dra Bruna Conde – CRO SP 102038

Cirurgiã Dentista


Março Azul Marinho: Seis fatos importantes que você deve saber sobre câncer colorretal

No mês de conscientização e prevenção deste tipo de câncer, oncologista responde dúvidas a respeito da doença que ocupa a segunda posição no ranking dos tumores malignos mais frequentes no Brasil

O câncer colorretal compreende todos os tumores que acometem o intestino grosso e o reto. Atualmente, ocupa a segunda posição entre os tumores mais frequentes nos homens e também nas mulheres no Brasil. É também, a terceira causa de morte no país! São aproximadamente 40 mil casos por ano, com uma estimativa de aumento significativo até 2030, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Diante da sua importância, no mês de conscientização sobre a doença, o oncologista David Pinheiro Cunha, sócio do Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia, responde seis perguntas importantes sobre esse tipo de câncer que todos devem saber. Confira:


1) É possível reduzir o risco de desenvolver o câncer colorretal?

A predisposição genética individual para se desenvolver um câncer ainda não pode ser modificada, porém a minoria dos cânceres tem origem hereditária. Sabemos que evitar a exposição aos fatores risco pode reduzir de forma significativa as chances de ter um câncer de intestino. Por isso, é importante um estilo de vida saudável, com atividade física regulares, manter o peso adequado, realizar dieta rica em fibras, evitar o tabagismo, etilismo, o excesso de carne vermelha e embutidos.


2) A idade avançada é o principal fator de risco para o câncer colorretal?

A maioria dos tumores de intestino ocorre após os 50 anos. Outros fatores de risco importantes são a história familiar de câncer colorretal, obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de carne vermelha (acima de 500 gramas por semana) ou alimentos processados, dieta pobre em frutas ou fibras. Outras condições como a pólipos e adenomatosa familiar, câncer hereditário sem pólipos e, doença de Crohn e retocolite ulcerativa, também aumentam de forma expressiva o risco.


3) Na fase inicial, o câncer colorretal é uma doença silenciosa, não causa sintomas. Como diagnosticar cedo?

Na fase inicial o câncer de intestino pode ser assintomático. Com o aumento do tamanho da lesão os sintomas podem se desenvolver. As principais queixas são: alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados), dor ou desconforto abdominal, fraqueza ou anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração na forma das fezes, massa abdominal ou sangue nas fezes. É importante salientar que muitas vezes esses sintomas também estão relacionados a doenças benignas, por isso a importância de sempre passar por uma avaliação médica.


4) A colonoscopia pode prevenir o câncer colorretal?

O câncer de cólon na maioria das vezes tem origem a partir de um pólipo no intestino. Essas lesões são inicialmente benignas, mas podem sofrer atipias durantes os anos e desenvolver o câncer. Durante o exame de colonoscopia pode ser realizada a retirada dos pólipos ainda nos estágios iniciais, evitando a formação do câncer. No Brasil,esse exame é recomendado para homens e mulheres entre 50 a 74 anos. Em casos de história familiar para câncer de intestino, o exame deve ser realizado 10 anos antes da idade que o familiar apresentou o diagnóstico.


5) A maioria dos casos é curada com o tratamento?

Quando o diagnóstico é realizado em fases iniciais a chance de cura é acima de 80%. Por isso a importância de realizar o exame de rastreamento como a colonoscopia e sempre investigar precocemente os sintomas relacionados à alteração do hábito intestinal ou sangramento. O tratamento depende de diversos fatores como localização tumor, tamanho e se ocorreu a disseminação para outros órgãos (metástase). Na doença localizada, a cirurgia é o tratamento, podendo ser associada a quimioterapia no pós-operatório. Já na presença de metástase, o tratamento geralmente se inicia com quimioterapia associada a anticorpos.


6) O fígado é o local mais frequente de metástase?

Metástase é quando o câncer dissemina do local de origem para outros órgãos. Quando isso ocorre as chances de cura reduzem de forma significativa. O principal local de metástase do câncer de intestino é o fígado, seguido pelo pulmão. Nestes casos, os tratamentos mais empregados são as quimioterapias, associadas ou não aos anticorpos monoclonais. Recentemente foi aprovado no Brasil o uso da imunoterapia para pacientes com metástase com deficiência em genes relacionados ao reparo do DNA, com excelentes resultados!

 


David Pinheiro Cunha - graduado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas). Fez residência em Clínica Médica pela PUC Campinas. Possui residência em Oncologia Clínica pela Unicamp, e título de especialista em Oncologia Clínica pela Associação Médica Brasileira – AMB/SBOC. É membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO). David é sócio do Grupo SOnHe –Oncologia e Hematologia, e atua na oncologia do Instituto do Radium, do Hospital Santa Teresa, do Hospital Madre Theodora e na Santa Casa de Valinhos.

 

Grupo SOnHe - Oncologia e Hematologia

www.sonhe.med.br 

@gruposonhe


Estudo revela como o desequilíbrio da microbiota intestinal pode levar à doença de Parkinson

Agregados de ɑ-sinucleína em células intestinais. A imagem de microscopia confocal mostra uma célula enteroendócrina, com núcleo celular em azul, citoesqueleto de actina marcado em verde e agregados citoplasmáticos da proteína ɑ-sinucleína (crédito: Matheus de Castro Fonseca/CNPEM)

 

Há evidências crescentes de que a microbiota intestinal pode influenciar no desenvolvimento e na progressão de distúrbios neurodegenerativos. Dois estudos recentemente publicados por pesquisadores brasileiros não só reforçam essa hipótese como descrevem o mecanismo pelo qual a disbiose – como é chamado o desequilíbrio entre espécies bacterianas patogênicas e benéficas no intestino – pode favorecer o surgimento da doença de Parkinson.

A investigação foi conduzida com apoio da FAPESP por pesquisadores ligados ao Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que integra o complexo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas. Parte dos resultados foi publicada em fevereiro, no periódico iScience. O segundo artigo foi divulgado este mês na revista Scientific Reports.

“Estudos têm mostrado que o diagnóstico da doença de Parkinson ocorre tardiamente. E que o distúrbio pode se originar muito mais cedo no sistema nervoso entérico [que controla a motilidade gastrointestinal], antes de avançar para o cérebro por meio das fibras autonômicas”, diz à Agência FAPESP Matheus de Castro Fonseca, coordenador da pesquisa.

De fato, vários trabalhos recentes relataram consistentemente a existência de disbiose intestinal em portadores de Parkinson esporádico (casos em que não há um fator genético envolvido), reportando uma maior abundância da espécie bacteriana Akkermansia muciniphila em amostras fecais desses pacientes, quando comparados ao grupo-controle.

“Foi recentemente descrito que células específicas do epitélio intestinal, chamadas de células enteroendócrinas, possuem muitas propriedades semelhantes às dos neurônios, incluindo a expressão da proteína α-sinucleína [αSyn], cuja agregação está sabidamente relacionada com a doença de Parkinson e com outras doenças neurodegenerativas. Por estarem em contato direto com o lúmen intestinal – isto é, o espaço interior dos intestinos – e se conectarem por sinapse com os neurônios entéricos, as células enteroendócrinas formam um circuito neural entre o trato gastrointestinal e o sistema nervoso entérico, sendo assim um possível ator-chave no surgimento da doença de Parkinson no intestino”, informa Fonseca, que atualmente realiza uma pesquisa de pós-doutorado sobre o tema no California Institute of Technology (Caltech), nos Estados Unidos.

Com esses conhecimentos em mente, o grupo do CNPEM buscou entender se os produtos secretados pela bactéria Akkermansia muciniphila poderiam iniciar a agregação da α-sinucleína nas células enteroendócrinas. E se a αSyn agregada nessas células poderia, então, migrar para terminações nervosas periféricas do sistema nervoso entérico.

“Constatamos que as proteínas secretadas pela bactéria, quando cultivadas na ausência de muco intestinal, induzem uma sobrecarga na sinalização intracelular de cálcio das células enteroendócrinas. Isso gera estresse nas mitocôndrias dessas células [as organelas responsáveis pela produção de energia]; síntese e liberação de espécies reativas de oxigênio [que em excesso danificam as estruturas intracelulares]; e, então, agregação da proteína αSyn”, conta Fonseca.

“Além disso, quando cultivamos juntos as células enteroendócrinas e os neurônios, vimos que a proteína αSyn agregada pode ser transferida de um tipo celular para outro”, acrescenta.

A descoberta é muito importante, pois mostra que a disbiose intestinal pode levar ao aumento de espécies de bactérias que, eventualmente, contribuem para a agregação da αSyn nos intestinos. E que essa proteína pode então migrar para o sistema nervoso central, configurando um possível mecanismo de surgimento da doença de Parkinson esporádica.

“A cascata de reações pode começar nos intestinos e subir para o cérebro. Pessoas com predisposição à doença Parkinson esporádica geralmente apresentam, muitos anos antes, quadros recorrentes de constipação intestinal. Em nosso estudo com modelos animais, verificamos uma correlação direta entre disbiose intestinal e Parkinson”, comenta Fonseca.


Novas estratégias de prevenção

Os estudos sobre os microbiomas presentes no organismo humano estão avançando rapidamente. E há uma crescente compreensão da correlação entre o desequilíbrio da microbiota intestinal e as doenças neurodegenerativas – não apenas Parkinson, como também Alzheimer e até mesmo autismo. Revisões alimentares, com vista a reequilibrar a microbiota intestinal, e transplante não invasivo de microbiota intestinal, por meio de cápsulas, podem ser importantes recursos para prevenir essas doenças.

“As doenças neurodegenerativas ainda não têm cura. Por isso, a prevenção é fundamental. Antes o foco das pesquisas era o cérebro. E, com décadas de estudos, não se avançou muito nesse sentido. Agora estamos redirecionando o foco, do cérebro para os intestinos. E as novas descobertas parecem muito promissoras. É muito mais fácil modular a microbiota intestinal do que enfrentar um quadro estabelecido e consolidado no sistema nervoso central”, sublinha Fonseca.

O estudo recebeu financiamento da FAPESP por meio de um Auxílio à Pesquisa Regular e de uma Bolsa de Mestrado. Também se beneficiou com o uso das instalações e equipamentos do Instituto Nacional de Fotônica Aplicada à Biologia Celular, sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e patrocinado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os dois estudos publicados pelo grupo de Fonseca são de acesso aberto e podem ser consultados on-line.

O artigo Transcellular propagation of fibrillar α-synuclein from enteroendocrine to neuronal cells requires cell-to-cell contact and is Rab35-dependent está acessível em: www.nature.com/articles/s41598-022-08076-5.

Já o estudo Akkermansia muciniphila induces mitochondrial calcium overload and α-synuclein aggregation in an enteroendocrine cell line pode ser encontrado em: www.cell.com/iscience/fulltext/S2589-0042(22)00178-X?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS258900422200178X%3Fshowall%3Dtrue.

 

 

José Tadeu Arantes

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/estudo-revela-como-o-desequilibrio-da-microbiota-intestinal-pode-levar-a-doenca-de-parkinson/38159/


Pacientes com Asma Grave sofrem com a dificuldade do diagnóstico

Relato mostra como ainda existe tanto desconhecimento em relação a Asma Grave  


Pacientes que sofrem com Asma Grave, a forma mais severa da doença, relatam que realizar o diagnóstico desta enfermidade não foi tão simples. O caminho percorrido foi demorado e só chegou após vários exames clínicos, troca de terapias e consultas com vários médicos.  

Para a presidente da Associação Brasileira de Asma Grave (ASBAG), Raissa Cipriano, “a falta de informação e o direcionamento tardio para um especialista são obstáculos na jornada do paciente com Asma Grave”. Infelizmente, adultos levam em média quatro anos até chegarem ao seu diagnóstico definitivo e crianças chegam a levar um ano.  

G.C., 8 anos, filha de Raissa, sofria com os sintomas desde os primeiros meses de vida, mas só recebeu o diagnóstico de Asma Grave aos 2 anos de idade. “Passamos por vários médicos, inúmeras crises, 32 internações e necessidade de uso constante de oxigênio. Foi apenas com 4 anos que ela recebeu o tratamento adequado. Hoje, tem uma vida normal, corre, brinca, vai à escola, mas antes se cansava para falar, para ir do sofá da sala ao banheiro e não conseguia alcançar a irmã mais nova nas brincadeiras”, conta Raissa.  

O relato acima mostra que ainda há muito desconhecimento por parte dos pacientes sobre os tipos de asma e as formas mais eficazes de terapia. A asma é considerada grave, ou severa, quando o paciente continua apresentando sintomas e crises mesmo usando regularmente doses elevadas de corticoide inalatório com outra(s) medicação(ões) de controle associada(s)¹.  

Asma Grave é aquele tipo da doença que não está controlada, apesar de o paciente se medicar com doses máximas preconizadas de broncodilatadores e de corticoides inalatórios. Neste caso, fica indicada a utilização de medicamentos imunobiológicos para que se possa estabelecer o controle da doença ²“, explica Antônio Condino Neto, médico e professor Titular do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

 

Diagnóstico demanda exames clínicos  

Outro ponto levado em conta durante o diagnóstico é a frequência nas internações, que muitas vezes podem necessitar de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). A Asma Grave pode se desenvolver em qualquer idade³.  

Pacientes com Asma Grave geralmente demonstram redução significativa de sua função pulmonar quando submetidos a um exame de espirometria. Apesar da espirometria ser importante, o exame clínico aliado ao histórico do paciente são suficientes para se estabelecer o diagnóstico¹. O asmático grave frequentemente também recebe a prescrição de corticoides orais para complementar seu tratamento, o que pode trazer consideráveis efeitos adversos para a sua saúde4. Por estas razões, pneumologistas alertam sobre a importância de estar acompanhado por um especialista.  

Atualmente os pneumologistas contam com a possibilidade de prescrever imunobiológicos para pacientes com Asma Grave. Os imunobiológicos são terapias alvo-específicas que mudaram o manejo de várias doenças inflamatórias crônicas, caso da Asma Grave7,8. De última geração, esses medicamentos conseguem oferecer uma solução terapêutica para os casos da doença que não respondem ao tratamento convencional9. 

Além disso, os imunobiológicos possibilitam ao paciente um tratamento menos nocivo à saúde já que o uso de corticoides orais por muito tempo pode provocar efeitos colaterais importantes no organismo 10. Doenças metabólicas como obesidade e diabetes, aumento da pressão arterial, problemas oculares, osteoporose, retardo de crescimento em crianças, alterações no sistema imunológico e até mudanças de comportamento, são alguns desses efeitos 10.  

Hoje, com os tratamentos imunobiológicos, as pessoas que sofrem de Asma Grave podem melhorar sua qualidade de vida ao voltarem a realizar atividades simples, antes restritas por conta da doença, tais como caminhar, praticar exercícios e etc. 

Nós dispomos de uma diversidade de medicamentos e modalidades de tratamentos, que permitem que uma pessoa com Asma Grave possa controlar sua doença e ter uma vida normal”, explica o professor e doutor Condino Neto.



Referências:
1. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Acesso em 10 de janeiro de 2022.

2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Emescam Cartilha Asma. . Acesso em: 09/09/2021
3. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Acesso em 10 de janeiro de 2022.
4. AAAAI (American Academy off Allergy Ashtma e Immunology). Acesso em 17 de janeiro de 2022.
5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Emescam Cartilha Asma. Acesso em: 09/09/2021.
6. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Acesso em: 10 Fevereiro 2022.
ANTONICELLI, L., et al. Asthma severity and medical resource utilization. European Respiratory Journal, 23- 34: 723-729, 2004.
7. CHUNG, KF. et al
International ERS/ATS guidelines on definition, evaluation and treatment of severe asthma. Eur Respir J, 43(2):343-73, 2014
8. SOCIEDADE        BRASILEIRA        DE        PNEUMOLOGIA         E                                TISIOLOGIA.         Acesso em: 10 Fevereiro 2022
9. Asthma Australia. What treatments are used for severe asthma? Acesso em: 10 Fevereiro de 2022.

“Chip da Beleza” vulgariza um tratamento sério

Implantes hormonais têm indicações bem estabelecidas, entre elas menopausa e hipogonadismo


O hormônio gestrinona está sendo usados como o “Chip da Beleza”, porém, associações médicas contraindicam o seu uso para fins estéticos. 

Na mulher, a gestrinona tem a ação de inibir o hormônio feminino, suspendendo o ciclo menstrual e proporcionando o ganho de massa muscular. Por isso, passou a ser conhecido como chip da beleza. A gestrinona, inclusive, é considerada doping pela Agência Mundial Antidoping por esses efeitos androgênicos potentes que essa medicação tem. 

Na entrevista que segue, a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato explica quando os implantes hormonais podem ser recomendados e quais os riscos dos chamados chips da beleza.

 

Qual diferença entre implante hormonal e chip da beleza?

O chip da beleza é um termo que se popularizou para se identificar alguns implantes hormonais geralmente associados à ação anabólica, eventualmente gestrinona e testosterona. Sabemos que alguns hormônios aumentam a massa muscular e diminuem a gordura subcutânea quando associado a um treino e alimentação saudável. No entanto, o uso de hormônio para fins estéticos é absolutamente avesso aos endocrinologistas. O chip vulgariza um tratamento sério. Não é um chip, mas um tratamento hormonal e nós, endocrinologistas, não somos a favor de hormônios para fins estéticos. Hormônios só devem ser indicados quando há deficiência hormonal.

 

Para que serve o implante hormonal?

Os implantes hormonais servem para fazer a reposição quando necessário, principalmente os esteroides sexuais – testosterona e estradiol - para pessoas que têm deficiência e indicação dessa reposição. Temos algumas opções subcutâneas no mercado na forma transdérmica e na forma de géis, uma via considerada melhor que a via oral para reposição hormonal.

 

Para quais distúrbios hormonais o implante está indicado?

As principais indicações são para:

- Hipogonadismo: Em homens se refere a uma condição que cursa com a queda dos níveis de testosterona e pode estar associado à síndrome metabólica, obesidade, diabetes, e até mesmo ao envelhecimento, quando chamamos frequentemente essa situação de andropausa. Também pode ser congênito.

- Retirada cirúrgica de ovários

- Menopausa precoce

- Menopausa fisiológica tradicional

 

Qualquer mulher que está na menopausa pode fazer uso de implante hormonal?

Mulheres com câncer de mama, eventos trombóticos e infarto, por exemplo, não estão indicadas a fazer o uso de reposição normal. É preciso individualizar para chegar ao melhor tratamento.

 

Quanto tempo o implante hormonal fica sob a pele?

Depende do tipo de implante que está sendo usado, pode ficar de seis a oito meses. Existem os implantes absorvíveis, que não precisam ser retirados, e os feitos de silicone, que precisam ser removidos após o período determinado pelo especialista.

 

Existe efeitos adversos? Se sim, quais?

Os efeitos são os mesmos de qualquer reposição hormonal, só é uma via diferente. Lembrando que a via oral tem mais efeitos adversos no fígado e piora da libido.

 

O implante hormonal é aprovado pela Anvisa?

Sim, é aprovado como uma forma de reposição hormonal, mas reforço que não é recomendado usar para fins estéticos.

 

Pode ser feito por farmácias de manipulação?

Atualmente, os implantes só são manipulados, o que tem o lado positivo e negativo. Não existe um implante padronizado pela indústria farmacêutica. O lado bom é que você pode personalizar a reposição hormonal. O lado ruim é que a manipulação tem todas as suas dificuldades inerentes à farmácia de manipulação.

 

Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP

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Dor crônica ganha alívio através de impulsos elétricos

Intensidade de energia é controlada por médico treinado para incidir sobre regiões específicas do sistema nervoso e assim transformar as sensações

 
Dor crônica é um tormento e quando já se tentou de tudo e ainda assim ela permanece chega a ser desesperador. Mas há uma luz no fim do túnel: o tratamento de Estimulação Medular, que por meio de impulsos elétricos na medula há a supressão da dor. 

De acordo com a neurocirurgiã Juliana Zuiani, de Campinas, o método de neuromodulação consiste no envio de impulsos através de eletrodos implantados sobre a medula. Movidos a um gerador de energia -- um neuroestimulador ou um marca-passo neurológico --, os pulsos elétricos provocam alteração nos circuitos cerebrais, mudando a sensação da dor. 

“Na prática, o funcionamento é simples. A energia elétrica é emitida em doses controladas para regiões específicas do sistema nervoso. Neste processo, fibras medulares são despertadas ou inativadas para controlar a dor, além de ocorrer alteração de microcirculação sanguínea e modulação de circuitos cerebrais no centro de controle da dor”, explica.

 

Peixe elétrico 

Não é de hoje que se recorre a energia elétrica para tratamento da dor. Gravuras do Egito antigo (600 a.C.) mostram uma espécie de peixe elétrico do rio Nilo (Torpedo Fish) sendo usado como terapia em pacientes. 

Os primeiros marca-passos implantáveis foram os cardíacos, surgidos na década de 1940. O avanço tecnológico permitiu o desenvolvimento de baterias portáteis de longa duração, bem como de eletrodos que se moldam entre a coluna vertebral e a meninge, que reveste a medula espinhal (espaço epidural). Essa evolução viabilizou o implante marca-passo neurológico e possibilitou o cuidado e o alívio para dores intratáveis. 

“Dependendo da região da medula que recebe os estímulos, o cérebro interpreta como um formigamento leve ou uma massagem no local onde antes existia a sensação de dor. A sensação gerada é agradável e substitui a dor”, enfatiza Dra. Juliana. 

Segundo ela, existem métodos de estimulação medular que funcionam em determinadas frequências e que o paciente nem percebe que algo está acontecendo. A programação dos geradores de pulsos é feita por médico treinado. O especialista vai escolher quais polos dos eletrodos estarão com cargas positivas, negativas ou neutras. “Há muitas combinações e o treinamento do médico é para que se evite uma programação ineficaz”.  

As principais indicações para o tratamento de dor crônica são para pacientes com dores neuropáticas refratárias às terapias clínicas e multidisciplinar, como por exemplo, Síndrome de Dor Regional Complexa, Síndrome Pós-Laminectomia, dor associada a vasculopatia de membros inferiores (dor vascular nas pernas), angina refratária (dor de angina - apenas para casos já tratados pelo cardiologista e que persistem com dor), radiculopatia crônica (dor irradiada), neuropatia diabética, entre outras.  

”Para saber se o problema é tratável por esse método, deve-se procurar um especialista em dor ou um neurocirurgião funcional para avaliação”, recomenda Juliana. Outras utilizações com resultados promissores, mas ainda em fase experimental são reabilitação de pacientes com lesão medular, auxílio na recuperação da marcha (voltar a andar), melhora de espasticidade em casos selecionados, progresso de marcha em pacientes com Doença de Parkinson, entre outros. 

O procedimento pode ser realizado com anestesia local ou geral. Vai depender da técnica aplicada e da tolerância do paciente. Essa cirurgia demora entre 40 minutos até duas horas, conforme o caso. 

As quatro marcas de Estimuladores Medulares disponíveis no Brasil são: Medtronic (EUA); Abbott - St. Jude Medical (EUA); Boston Scientific (EUA) e StimWave (EUA). A Dra. Juliana frisa que cada marca tem suas peculiaridades, mas todas são sólidas no mercado, com qualidade técnica e garantia, além de possuírem equipe disponível para auxílio ao paciente. É importante suporte vitalício para os aparelhos, uma vez que os implantes podem durar o resto da vida, com eventual troca de geradores, já que possuem bateria com vida útil variável.

 

Dra. Juliana Zuiani - Formada em Medicina pela Unicamp, onde também fez Residência Médica em Neurocirurgia; Especialização em Neurocirurgia Funcional na Universidade de Toronto - Canadá, e aperfeiçoamento na Cleveland Clinic -- EUA; Especialização em microcirurgia no ICNE - SP com o Prof. Dr. Evandro de Oliveira; Título de especialista em Neurocirurgia; Membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e da Sociedade Brasileira de Estereotaxia e Neurocirurgia Funcional; Coordenadora da Divisão de Neurocirurgia Funcional do Hospital da PUC Campinas.


Cirurgiões de São Paulo conscientizam população sobre câncer colorretal


O câncer de intestino, ou colorretal, encontra-se entre os mais frequentes tipos de câncer em nosso país. Em homens fica atrás somente dos episódios da próstata. Entre as mulheres, figura imediatamente após os casos de câncer da mama.

 

Conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 40 mil novos casos são diagnosticados por ano, muitos deles relacionados a fatores evitáveis como má alimentação, tabagismo e inatividade física.

 

Ao menos por enquanto, as perspectivas para o futuro próximo são preocupantes. Estima-se que, em 2030, a despesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com pacientes diagnosticados com a doença supera em mais de 80% à de anos recentes *.

 

Há três anos, 2018, foram desembolsados pelo SUS aproximadamente R$ 545 milhões com procedimentos hospitalares e ambulatoriais para atender pacientes com câncer colorretal, com 30 anos ou mais. Para 2030, o INCA projeta a necessidade de um orçamento específico de R$ 1 bilhão*.

 

O cirurgião do aparelho digestivo e coloproctologista Dr. Roger Beltrati Coser, pontua que o câncer colorretal é tratável, a despeito de ser a terceira neoplasia de maior mortalidade no país. Tal doença geralmente é curável ao ser detectada precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos, e em alguns casos, pode também ser curada até nas formas mais avançadas.

 

          “Se diagnosticado em fase inicial, o tratamento tende a ser menos invasivo, com menor custo para o sistema de saúde, além de apresentar índice de cura elevado”, argumenta Roger Coser, que também é diretor do Capítulo de São Paulo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. 

Ele considera fundamental que os cidadãos tenham ciência disso, para que fiquem atentos aos programas de prevenção e rastreamento.

 

Justamente visando à conscientização social, o Capítulo São Paulo do CBC tem trabalhado firme na campanha Março Azul Marinho, recentemente incluída no calendário oficial da saúde com a aprovação pelo Senado Federal do Projeto de Lei 5.024/2019.

 

“Devemos ter muita atenção quanto a sintomas de desconforto abdominal, cólicas / dores abdominais e sinais como emagrecimento e sangramento nas fezes. Se ocorrerem, é necessário procurar imediatamente o coloproctologista ou o cirurgião do aparelho digestivo. A prevenção e rastreamento é fundamental no câncer colorreal, uma vez que a grande maioria dos tumores em estágios iniciais não causa sintomas evidentes.”

 

 O rastreamento consiste na realização de exame para diagnosticar casos de câncer colorretal em pacientes sem sintomas da doença, justamente com o objetivo de identificar tais tumores em estágios mais iniciais. A recomendação atual é iniciar o rastreamento a partir dos 45/50 anos de idade ou antes caso recomendado pelo seu médico.

 

“Quem tem história familiar de câncer de intestino precisa de atenção especial e investigação genética”, acentua Roger Coser. “A polipose adenomatosa familiar é uma doença genética que pode levar ao aparecimento de câncer em pessoas  jovens. Esses pacientes devem iniciar o acompanhamento médico já na infância, na adolescência.

 

Quanto à prevenção, é essencial fazer a lição de casa básica: alimentação saudável, evitar a obesidade, prática de atividade física, não exagerar do consumo de álcool, não fumar. É mister ainda reduzir a ingestão de carne vermelha e de processadas, como presunto, linguiça, salame, bacon, mortadela, salsicha.

 

 O menu ideal tem como base verduras, legumes, frutas, cereais, grãos, sementes. Enfim, a receita comum e a mais eficiente para viver bem.

 

 

* Dados Inca 


Má qualidade do sono pode também ser um risco de doenças cardíacas

 Cerca de dois terços dos adultos da população brasileira apresentam prejuízos na qualidade do sono. A incidência entre jovem desse tipo de problemas tem sido mais frequentemente notada. Aumento da pressão arterial, envelhecimento dos vasos e risco para a ocorrência de arritmias, infarto e derrame podem ser consequências

 

Dormir está longe de ser perda de tempo. Muito pelo contrário, quem dorme pouco pode estar negligenciando tempo de vida. No Dia Mundial do Sono, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Associação Brasileira do Sono (ABS) alertam para a estreita relação entre uma rotina de sono de qualidade e a incidência de doenças cardiovasculares. 

A presença de distúrbios de sono é frequentemente observada na população mundial. No Brasil,  a qualidade de sono ruim é uma realidade para muitos. Dados extraídos recentemente de base populacional mostram que cerca de dois terços dos brasileiros apresentam uma qualidade do sono prejudicada. Em um estudo recente, foi identificada uma maior prevalência de má qualidade do sono entre a população mais jovem, o que não era notado em estudos anteriores. Além disso, a pandemia e situações como a guerra podem prejudicar ainda mais o sono. É o que explica Luciano Drager, professor associado do Departamento de Clínica Médica da FMUSP, especialista da SBC, presidente da Associação Brasileira do Sono (Biênio 2022-2023) e um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo. 

Múltiplos fatores contribuem para este cenário, incluindo os maus hábitos de sono, o excesso de exposição à luz e interação com a Internet, além de problemas pessoais, familiares e financeiros. De acordo com especialistas, a qualidade do sono pode ser comprometida por uma série de distúrbios. A privação dele, insônia e distúrbios respiratórios, como a chamada apneia do sono, são alguns deles. 

As consequências vão além do desconforto de não ter um sono restaurador e estão relacionados a problemas cardiovasculares. Evidências científicas apontam que estes distúrbios podem induzir arritmias, contribuir para aumentar a pressão arterial, envelhecimento dos vasos e o risco para a ocorrência do infarto e do derrame.  Além disso, os problemas com o sono podem contribuir para o surgimento do diabetes, de alterações no colesterol e promover comprometimento na memória e no humor. 

“Dormir mal acaba ocasionando múltiplas consequências, principalmente a longo prazo”, enfatiza Drager.  

Entre os motivos pelos quais isto pode ocorrer estão o aumento da produção de hormônios de alerta e estresse, como a adrenalina e cortisol, e a alteração dos hormônios que controlam a fome e saciedade, contribuindo para o ganho de peso e alterações no açúcar. Outro agravante é o comprometimento dos vasos sanguíneos. 

Em relação ao que pode ser considerado hoje “saudável” do ponto de vista de sono não só olhando para o coração, mas de uma maneira geral,  não existe uma regra geral e sim de indivíduo para indivíduo. 

É preciso entender as necessidades pessoais com relação à quantidade de horas diárias de repouso para de fato sentir-se descansado. Adotar uma rotina de regularidade, estabelecendo horários para dormir sempre no mesmo horário, além de outras medidas, como a prática regular de atividade física, evitar o uso exagerado de substâncias estimulantes a exemplo da cafeína, refeições mais leves antes de dormir, também fazem parte das recomendações. Estar atento à incidência de roncos, por exemplo,  que podem indicar a da apneia do sono, e reduzir a exposição ao excesso de luz, incluindo a proveniente das telas dos celulares, em especial pelo uso de internet e interações com as redes sociais, são também pontos de atenção. 

“Temos que fazer o máximo possível para respeitar o número de horas do sono a manter esta regularidade. E, os pacientes que vivenciam uma qualidade de sono ruim podem começar a apresentar batedeiras no coração e aumentos da pressão arterial. Esses sinais vitais também precisam ser acompanhados. Valorizar estes quadros e procurar ajuda médica podem ser um ótimo início para a tentativa de recuperar este sono de má qualidade, finaliza Drager. 

 

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA



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