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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Ministério da Saúde começa a vacinar meninos contra HPV em 2017



Imunização a partir de 2017 vai reduzir a propagação do vírus no país. Adolescentes de 12 e 13 anos, de ambos os sexos, vão receber ainda vacina contra meningite C para garantir a proteção e queda do número de casos. Economia gerada pela gestão permitiu a inclusão desse público 


O Brasil será o primeiro país da América Latina e o sétimo do mundo a oferecer a vacina contra o HPV para meninos em programas nacionais de imunizações. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, nesta terça-feira (11), em Brasília (DF). A partir de janeiro do próximo ano, o Ministério da Saúde passa a disponibilizar a vacina contra o HPV para a população masculina de 12 a 13 anos na rotina do Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). A faixa-etária será ampliada, gradativamente, até 2020, quando serão incluídos os meninos com 9 anos até 13 anos.

“A inclusão dos adolescentes faz parte de um conjunto de ações integradas que o Ministério da Saúde tem realizado com o objetivo de conseguir mais resultados com os recursos financeiros já disponíveis. A ampliação da vacina é mais um avanço que conseguimos fazer, aproveitando essa redução de doses no grupo das meninas para ampliar a oferta também para os meninos. É muito importante a inclusão dessa faixa-etária. Precisamos estimular esta faixa a participar das mobilizações para vacinação”, destacou o ministro Ricardo Barros. 

A expectativa é imunizar mais de 3,6 milhões de meninos em 2017, além de 99,5 mil crianças e jovens de 9 a 26 anos vivendo com HIV/aids, que também passarão a receber as doses. Para isso, o Ministério da Saúde está adquirindo seis milhões de doses, ao custo de R$ 288,4 milhões. Não haverá custos extras para a pasta, já que neste ano, com a redução de três para duas doses no esquema vacinal das meninas, o quantitativo previsto foi mantido, possibilitando a vacinação dos meninos. Assim, o Ministério continua com a mesma determinação, que é de fazer mais com os mesmos recursos financeiros.

Para o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Adeilson Cavalcante, essa ação mostra a importância do Calendário Nacional de Vacinação para reduzir as doenças imunopreveníveis. "A ampliação do acesso à vacinação, que é uma ação da atenção básica, pode impactar na alta complexidade, com a redução dos casos de câncer. Além disso, essa estratégia vem ao encontro da decisão de tornar a gestão mais eficiente e fazer mais com os mesmos recursos", ressaltou. 

Já a ampliação da vacina contra meningite C para os adolescentes, de ambos os sexos, só foi possível a devido à economia de R$ 1 bilhão nos primeiros 100 dias do governo, a partir revisão de contratos e redução dos valores de alugueis e outros serviços. Parte desses recursos, R$ 227 milhões, está sendo investida na produção nacional da vacina pela Fundação Ezequiel Dias e, assim, na ampliação da oferta.

Foram adquiridas 15 milhões de doses, a um custo de R$ 656,5 milhões. O objetivo é reforçar a eficácia da vacina meningocócica C, uma vez que, com o passar dos anos, pode haver diminuição da proteção após a imunização, que acontece na infância. A vacinação será ampliada para adolescentes (sexo feminino e masculino) de 9 a 13 anos, gradativamente, entre 2017 e 2020. No próximo ano, serão incluídos adolescentes de 12 a 13 anos e, a cada ano, será acrescida nova faixa etária em ordem decrescente.

A meta é vacinar 80% do público-alvo, formado por 7,2 milhões de adolescentes. Além de proporcionar proteção aos adolescentes, a ampliação alcançará o efeito protetor da imunidade rebanho; ou seja, a proteção indireta das pessoas não vacinadas em decorrência da diminuição da circulação do vírus. O esquema vacinal para esse público será de um reforço ou uma dose única, conforme a situação vacinal.

“É muito importante que os pais tenham a consciência de que a vacinação começa na infância, mas deve continuada na adolescência. Pais e responsáveis devem ter, com os adolescentes, a mesma preocupação que têm com as crianças. A proteção vai ser muito maior se nós ampliarmos, cada vez mais, o calendário de vacinação da nossa população”, afirmou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, Carla Domingues.

Atualmente, essa vacina é ofertada no SUS para crianças, aos três, cinco e 12 meses. A média anual de cobertura é de 95%, tendo alcançado em 2015 o índice de 98,2%. A meningite, processo inflamatório das meninges - membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal - é uma doença considerada endêmica no Brasil. Em 2015, foram registrados 15,6 mil casos de diferentes tipos em todo o país.  A meningite C é o subtipo mais frequente da doença, e representa cerca de 60% a 70% dos casos de meningite. A doença é considerada grave e de rápida evolução. A vacina é a principal forma de proteção e é recomendada pelo Comitê Técnico Assessor de Imunizações e das Sociedades Brasileiras.

COMO SERÁ A OFERTA DA HPV - O esquema vacinal para os meninos contra HPV será de duas doses, com seis meses de intervalo entre elas. Para os que vivem com HIV, a faixa etária é mais ampla (9 a 26 anos) e o esquema vacinal é de três doses (intervalo de 0, 2 e 6 meses). No caso dos portadores de HIV, é necessário apresentar prescrição médica.

Atualmente, a vacina HPV para meninos é utilizada como estratégia de saúde pública em seis países (Estados Unidos, Austrália, Áustria, Israel, Porto Rico e Panamá). Portanto, o Brasil assegura a sétima posição e a vanguarda na América Latina. A vacina é totalmente segura e aprovada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A decisão de ampliar a vacinação para o sexo masculino está de acordo com as recomendações das Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunologia, Obstetrícia e Ginecologia, além de DST/AIDS e do mais importante órgão consultivo de imunização dos Estados Unidos (Advisory Committee on Imunization Practices). A estratégia tem como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão diretamente relacionadas ao HPV. A definição da faixa-etária para a vacinação visa proteger as crianças antes do início da vida sexual e, portanto, antes do contato com o vírus. 

A vacina disponibilizada para os meninos será a quadrivalente, que já é oferecida desde 2014 pelo SUS para as meninas. Confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia para quem segue corretamente o esquema vacinal. Vale ressaltar que os cânceres de garganta e de boca são o 6º tipo de câncer no mundo, com 400 mil casos ao ano e 230 mil mortes. Além disso, mais de 90% dos casos de câncer anal são atribuíveis à infecção pelo HPV.

MENINAS DE 14 ANOS – Também a partir de 2017, serão incluídas na vacinação do HPV as meninas que chegaram aos 14 anos sem tomar a vacina ou que não completaram as duas doses. A estimativa que 500 mil adolescentes estejam nessa situação. Atualmente, a faixa etária para o público feminino é de 9 a 13 anos. Desde a incorporação da vacina no Calendário Nacional de Vacinação, em 2014, já foram imunizadas 5,7 milhões de meninas com a segunda dose, completando o esquema vacinal. Este quantitativo corresponde a 46% do total de brasileiras nesta faixa etária.

Nas meninas, o principal foco da vacinação é proteger contra o câncer de colo do útero, vulva, vaginal e anal; lesões pré-cancerosas; verrugas genitais e infecções causadas pelo vírus. O HPV é transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto. 

Estimativas da OMS indicam que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras do vírus, sendo 32% infectadas pelos tipos 16 e 18.  Em relação ao câncer do colo do útero, estudos apontam que 265 mil mulheres morrem devido à doença em todo o mundo, anualmente. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima 16 mil novos casos.

Para a produção da vacina contra o HPV, o Ministério da Saúde promoveu Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o Butantan. A transferência está sendo feita de forma gradual e tem reduzido o preço ano a ano. Até 2018, a produção da vacina HPV deverá ser 100% nacional.



Camila Bogaz e Ana Cláudia Amorim
Agência Saúde


terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dia Mundial da Visão: prevenção desde a primeira infância à terceira idade




  • 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados
  • Para cada faixa etária, cuidados específicos devem ser tomados

Celebrado neste ano em 13 de outubro, o Dia Mundial da Visão tem como objetivo conscientizar o público sobre a prevenção e o tratamento dos diversos problemas que podem acometer os olhos e a necessidade de acompanhamento médico especializado desde o nascimento. Isso porque 80% dos casos de deficiência visual poderiam ser evitados ou tratados se as pessoas fossem com frequência ao oftalmologista.

Nossos olhos são responsáveis por cerca de 80% das informações que chegam a nós, possibilitando que a luz emitida pelos objetos seja transformada em uma imagem nítida na retina, para ser traduzida ao cérebro. Dessa forma, o cuidado com a visão deve ser observado desde cedo.

Recém-nascidos e primeira infância

Logo após o nascimento, é necessária a limpeza do bebê como um todo, inclusive a região externa dos olhos. Obrigatória por lei, a aplicação do nitrato de prata, na forma de colírio, acontece para exterminar quaisquer patógenos advindos do canal do parto e que possam infectar os olhos.

Outra medida importante é a realização do teste do reflexo vermelho (teste do olhinho), no qual o médico observará através de um oftalmoscópio o reflexo da luz emitida pelo aparelho na retina. Quando se observa um reflexo forte e similar, nos dois olhos, temos um exame normal, mas se algum dos olhos não emitir o reflexo da luz, provavelmente apresenta alguma alteração como, por exemplo, catarata ou problemas retinianos.

“Uma avaliação de rotina com um oftalmologista é recomendada dentro dos primeiros meses de vida, de preferência entre 4 e 8 meses, e a partir de então, a cada ano. Entretanto, nos primeiros dias, é importante que os responsáveis observem se o bebê apresenta lacrimejamento intenso e constante, fotofobia (sensibilidade intensa mesmo com luminosidade normal), olhos com pouco brilho ou com a córnea “embaçada/acinzentada”, e falta de interesse pelo ambiente que o rodeia. Estes sintomas podem ser resultado de glaucoma congênito e devem ser observados pelo menos até os dois anos de idade”, comenta o Dr. Fabio Pimenta de Moraes, especialista em oftalmopediatria e estrabismo do H.Olhos – Hospital de Olhos Paulista.

Ainda na primeira infância, entre os seis meses até os 5 anos, período de maior desenvolvimento visual, o alerta é para o estrabismo. A doença é caracterizada pelo desequilíbrio na função dos músculos oculares e causa um desalinhamento dos eixos visuais. O tratamento envolve corrigir algum grau de refração, o uso de tampão e deve acontecer logo que for percebido, às vezes logo nos primeiros meses. Além disso, em alguns casos, métodos cirúrgicos podem ser empregados após o primeiro ano de vida.

“Se não for corrigido, o estrabismo afetará o desenvolvimento correto da visão, privando a criança da capacidade de visão binocular (3D) e pode impedir seu desenvolvimento completo, gerando a ambliopia (olho preguiçoso). É essencial ressaltar que aos 7 anos o sistema visual estará completamente formado e perderemos a chance de proporcionar uma melhor visão à criança estrábica”, diz o Dr. Fabio.

Em fase de crescimento

Entre os 8 e os 14 anos, os erros de refração, como a miopia (dificuldade para enxergar objetos distantes) e a hipermetropia (embaçamento da visão) são os problemas oculares que normalmente acometem as crianças e pré-adolescentes. Os erros de refração devem ser corrigidos sempre que limitarem a capacidade visual dos indivíduos, pois podem levar a um desenvolvimento incompleto da visão, causar dificuldade para o aprendizado, trazer insegurança e propensão de se machucarem em quedas ou acidentes.

“É essencial uma consulta ao oftalmologista ainda na fase pré-escolar. Se constatado o erro de refração, as consultas devem realizadas a cada seis meses, pois pode haver uma tendência do grau da miopia e/ou da hipermetropia evoluir ao longo dos anos. A estabilização geralmente acontece por volta dos 21 anos, com o fim da etapa de crescimento”, destaca o médico.

À medida que a idade chega

A partir dos 40 anos, a pessoa pode desenvolver glaucoma, que, quando não tratado, pode levar à cegueira irreversível. A doença é caracterizada pelo aumento da pressão ocular, o que provoca lesão nas fibras do nervo óptico, levando ao comprometimento visual. Visitas anuais ao oftalmologista para controle da pressão ocular e da condição do nervo são essenciais para detectar precocemente qualquer alteração e iniciar o tratamento o quanto antes.

A partir dos 50 anos, os cuidados com os olhos devem ser redobrados. Nessa idade, as pessoas ficam sujeitas a doenças como a catarata – opacificação do cristalino (lente natural do olho), que resulta em uma diminuição progressiva da visão. Apesar de levar à cegueira, é uma situação reversível que pode ser corrigida por meio de cirurgia.

Outras doenças que podem ocorrer nessa fase da vida são a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e a Retinopatia Diabética (RD). A DMRI afeta a região principal da retina chamada mácula e é progressiva, podendo levar à perda da visão central. Entretanto, é importante ressaltar que o tratamento não visa a recuperação da visão, mas sim evitar a progressão da doença. Já a RD, trata-se da manifestação do diabetes nos vasos sanguíneos da retina e é uma das grandes causas de cegueira no mundo. Exames de retina como fundoscopia, retinoscopia indireta e retinografia, devem ser feitos regularmente por pacientes diabéticos para detectar precocemente a doença, e o tratamento inclui o controle da Diabetes e pode necessitar de fotocoagulação a laser, para controlar o sangramento dos vasos da retina, de vendo começar de imediato para evitar a progressão.

“A visita anual ao oftalmologista é fundamental, sejam crianças, adultos ou idosos. Esperamos que o Dia Mundial da Visão ajude a conscientizar cada vez mais as pessoas sobre a importância e os cuidados que devem ser adotados com os olhos. Grande parte das doenças oculares pode ser prevenida, controlada, curada e até mesmo evitada”, finaliza o Dr. Fabio.


Hospital de Olhos Paulista


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